Siga nas redes sociais

Search

Treinar a liderança é vital para o sucesso de programas de saúde mental

Tatiana Pimenta Vittude
Foto: Juliana Frug

Por Tatiana Pimenta, CEO da Vittude.

É hora dos times de gestão buscarem referências para se aprofundar no assunto sobre saúde emocional.

Sua empresa já entendeu a importância de cuidar do bem-estar dos colaboradores como pilar para seu crescimento sustentável e está iniciando os primeiros movimentos em direção a um programa mais estruturado de saúde mental.

Agora, é hora dos times de gestão buscarem referências para se aprofundar no assunto e embasar melhor a proposta. Começam a buscar formações no mercado ou conteúdo acadêmico e produção científica… e não encontram praticamente nada.

Quando a Vittude começou a atuar como parceira de grandes marcas em suas estratégias de saúde mental, entendemos que precisávamos fazer algo para suprir essa lacuna de mercado e atuar fortemente na disseminação de conhecimento compartilhado em saúde mental.

Se olharmos sob o ponto de vista da educação, algumas iniciativas, ainda mais técnicas e específicas em cursos de extensão, só começaram a surgir recentemente. Poderia apostar com quase 100% de certeza que a grande maioria dos líderes não teve nenhuma formação prática ou acadêmica no tema.

Fui gestora de grandes empresas na área de construção civil antes de empreender e, nem na minha graduação, nem no MBA, tive uma única disciplina que me preparou para entender como cuidar da saúde mental da minha equipe. O cenário não mudou muito desde então.

É de certa forma esperado. O movimento é relativamente recente nas empresas, embora o cenário já esteja pra lá de crítico.

Em 2023, mais de 288 mil pessoas receberam benefícios do INSS por afastamento devido a transtornos de saúde mental, um aumento de 38% em relação a 2022.

O índice médio de presenteísmo nas empresas chega a 30%. Se olharmos apenas sob o aspecto financeiro, imagine o que um aumento de produtividade de 30% não poderia fazer nos resultados do negócio?

Líderes são peça fundamental da equação

Nesse caminho, as lideranças exercem um papel crucial. Como diz o ditado popular: a palavra convence, mas o exemplo arrasta. Líderes preparados para falar abertamente sobre saúde mental e reconhecer os principais sinais de transtorno mental em suas equipes são os melhores agentes de transformação.

E esse é um efeito em cascata: o CEO dá o exemplo para a alta liderança e estes para seus liderados, assim sucessivamente até que todos os gestores estejam alinhados com a ideia. Eles se tornam multiplicadores e, mais do que isso, fazem com que o cuidado ao bem-estar chegue a todos os níveis da organização, inclusive os de entrada.

São os líderes que estão no dia a dia do negócio e são os maiores responsáveis pela segurança psicológica do ambiente de trabalho, um espaço onde as pessoas se sentem à vontade para falar o que pensam ou sentem, sem medo de retaliações.

Nos diagnósticos que fazemos nas empresas parceiras, os dados comprovam uma relação direta entre ambientes de alta segurança psicológica e baixos indicadores de sofrimento psíquico, propensão ao burnout, ideação suicida e presenteísmo.

Por isso, treinar as lideranças é parte das seis principais características de empresas que conseguem avançar mais rapidamente na jornada de cuidado de seus colaboradores. São elas:

  • Apoio do CEO e da alta liderança;
  • Consistência e intenção;
  • Inclusão do tema na cultura organizacional;
  • Time dedicado à saúde mental;
  • Mensuração e acompanhamento de KPIs, que norteiam as ações;
  • Treinamento da liderança.

Atualmente, existem duas principais formas de treinar as lideranças em saúde mental. A primeira é por meio de programas personalizados, conduzidos por empresas especializadas em saúde mental corporativa.

“Cuidando de quem cuida” é um de nossos workshops voltados para a liderança, que já capacitou milhares de líderes em grandes empresas de diversos setores, como Ambev, Grupo Boticário, Supergasbrás e Vivo, para citar apenas algumas.

A segunda é aprendendo com quem já saiu na frente e foi pioneiro no cuidado com a saúde mental de seus colaboradores. São empresas que começaram a traçar suas ações e já entenderam o que dá mais resultado, o que teve mais efetividade e o que não funcionou tão bem.

Essas empresas e profissionais podem contribuir muito para a divulgação de boas práticas, compartilhando o que deu mais resultado com quem ainda está começando.

Disseminando boas práticas

Compartilhar esses aprendizados com mais pessoas foi o que nos motivou a criar os dois grandes eventos anuais da Vittude. Nosso objetivo é ampliar o máximo possível a discussão sobre diversos aspectos que envolvem o bem-estar das pessoas nas organizações, criando um círculo virtuoso de crescimento e formando multiplicadores do tema nas empresas.

O Vittude Summit, que está em sua quinta edição, triplicou de tamanho em 2024: recebemos mais de 1.100 pessoas de todas as regiões do país, participantes ávidos para ouvir os aprendizados e boas práticas de mais de 40 palestrantes, entre especialistas e executivos de empresas de diversos segmentos, que participaram de nossos 24 painéis de conteúdo sobre variados temas.

De que forma iniciar a atuação em saúde mental quando ainda não há orçamento dedicado? Como engajar a alta liderança e transformá-los em multiplicadores na organização? Qual é o papel do CEO na redução dos estigmas em relação à saúde mental no ambiente de trabalho? Que estratégias posso adotar na minha empresa para justificar investimentos? Esses foram alguns dos conteúdos apresentados e discutidos no evento.

Nas mais de 16 horas diárias de conteúdo, víamos os participantes atentos, anotando insights em seus caderninhos e trocando contatos nos intervalos de networking, para ampliar as conversas após o encontro.

Já o Vittude Awards é um evento de celebração e reconhecimento. É a primeira premiação de saúde mental do Brasil, que foi idealizada para dar visibilidade às pessoas que estão fazendo a diferença na saúde mental corporativa. É um espaço de interação para colher referências, conhecer empresas que avançaram na agenda e que já têm retorno sobre o investimento nos programas de saúde mental.

O tema saúde mental é complexo e multifatorial: quanto mais pessoas se capacitarem no assunto, trocarem melhores práticas e somarem na busca de soluções, mais rápido poderemos avançar no tema.

E, principalmente, melhor será o desfecho de saúde para os colaboradores e maior eficiência operacional para as empresas. O treinamento das lideranças é o pilar essencial para garantir a sustentabilidade dessa estratégia.

Compartilhe

Leia também

Receba notícias no seu e-mail