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CEO do Bmg, única mulher à frente de um banco deste segmento, aposta na diversidade

Foto: Silvia Zamboni.

Diversidade é um tema cada vez mais em alta dentro das companhias, mas para que haja um movimento efetivo de transformação na sociedade é preciso ações assertivas e inclusivas. 

Na coluna dessa semana, falamos com Ana Karina Bortoni Dias, CEO do Banco Bmg, fundado há 90 anos e atualmente um dos maiores na concessão de crédito consignado no país. 

Ela tem um modelo de liderança inclusivo que reforça as discussões com diferentes opiniões e perspectivas, combinado com a clareza das responsabilidades dos líderes.

Sua intenção é servir de espelho e inspiração para as mulheres que sonham em crescer na profissão, seja qual ela for. Confira o nosso papo na íntegra:

Você é a única mulher a dirigir um banco de capital aberto no Brasil. Conta pra gente como tem sido essa experiência.

Ana: Ao assumir o cargo de CEO do Banco Bmg em 2020, o desafio que já era grande, ficou ainda maior com o cenário de isolamento social. Aceleramos muitas mudanças pensando na saúde dos nossos colaboradores, parceiros e clientes. Somos um banco em constante transformação e cuidamos para que essa mudança de cultura que reforça a inclusão social ocorra de dentro para fora da empresa. As instituições e seus tomadores de decisão devem mitigar vieses inconscientes sobre diferentes orientações sexuais e identidades de gênero, pessoas com deficiência, identidades étnico-raciais ou sistemas e crenças religiosas, reduzindo, inclusive, o preconceito na sociedade como um todo. 

Vi um depoimento recente em que você diz que o Bmg é uma “fintech de 90 anos”. Quais os principais diferenciais competitivos da empresa em relação aos bancos tradicionais?

Ana: Nos últimos dois anos, iniciamos um intenso processo de transformação da marca e a implementação de uma estratégia ousada de negócios focada no Figital, que une o melhor dos mundos digital e físico. Todo esse empenho e dedicação possibilitou que hoje nos posicionemos, como costumamos dizer, como uma Fintech de 90 anos, antenada nas novas tendências tecnológicas para atender melhor, não só os mais jovens, que já respiram diariamente o digital, mas também a nossa base de clientes da melhor idade, que são essenciais para o nosso crescimento e sustentabilidade, e que precisam ser incluídos nessa nova fase que o setor financeiro vive. O Bmg também automatizou os processos de digitalização em lojas e correspondentes bancários, agora, todas as transações, autorizações e formalizações podem ser realizadas de forma eletrônica ou digital. Ter mais controle sobre os processos bancários é parte importante da experiência do cliente, por conta disso, o Bmg investe em tecnologia e em ferramentas que tornem os nossos serviços ainda mais relevantes para o brasileiro. Para auxiliar no desenvolvimento de softwares e tecnologias que inovem, adquirimos 30% da participação da Raro Labs, no final de ano passado, com possibilidade de chegarmos até 75% em três anos, e lançamos a Raro Academy, para formar profissionais em tecnologia e programação para serem absorvidos, inclusive, pela nossa área de Tech Core. Diversificamos nosso leque de produtos e criamos soluções que vão além do tradicional, como, por exemplo, o Poupa Pra mim, para incentivar, na prática, que os clientes comecem a poupar, aos poucos, sem que isso ameace o orçamento familiar, de maneira fácil e direta pelo aplicativo, utilizando conceitos de microfinanças.

De que maneira o Bmg apoia projetos de diversidade e inclusão como da Programaria voltada a inclusão de mulheres e pessoas LGBT na tecnologia? É uma das prioridades do banco?

Ana: A área de tecnologia está em constante expansão, o que acentua a escassez de profissionais qualificados nesse mercado. O Banco Bmg, em parceria com a Raro Labs, criou a Raro Academy, a primeira escola técnica voltada ao setor, com imersão em projetos reais. É uma oportunidade para que estudantes em situação de vulnerabilidade social consigam se especializar na área e sejam inseridos nesse promissor mercado de trabalho. Uma das nossas preocupações, não foi apenas em capacitar novos profissionais para o mercado, mas também garantir que pessoas em situação de vulnerabilidade social fossem contempladas, sendo assim, 10% dos lugares serão destinados aos estudantes que se enquadrem nesse requisito, que receberão bolsas de estudo integrais. Os alunos que atingirem mais de 75% de aproveitamento em notas serão automaticamente contratados ou pela Raro Labs, ou pelo Bmg, ou por empresas parceiras da Raro Academy. Em paralelo ao crescimento acelerado do setor, Tech ainda emprega poucas mulheres e carece de ações para promoção da equidade de gênero. Logo, criamos no Bmg o “Juntas em Tech”, série de ações que incluem palestras abertas e gratuitas sobre o tema, que serão realizadas ao longo de agosto e setembro, assim como iniciativas internas para fomentar a equidade na organização. A parceria para esse projeto é com a PrograMaria, startup de impacto social com a missão de empoderar mulheres por meio da tecnologia e da programação. No banco, aos poucos também estamos batalhando para igualar essa balança e não aceitamos nenhum tipo de discriminação, temos uma política de tolerância zero nesse sentido, com canais bem estabelecidos de denúncias, com o objetivo de criar um ambiente igualitário e justo para todos. 

Para as mulheres que desejam chegar a um alto cargo em uma grande companhia, o que você diria a elas como recomendação?

Ana: Minha maior recomendação é que as pessoas façam o que gostam. Trabalhar com o que gosta, em uma empresa que está alinhada com seus objetivos e ideais pessoais, faz as pessoas terem vontade de aproveitar a chance de crescerem na empresa e realizarem inovações, trazerem ideias únicas. Isso não significa que cada um não vá ter sua própria trajetória, que pode incluir desafios e percalços que vão mudar a vida profissional e pessoal. O importante é ter um objetivo e seguir em frente! Agarrem seus sonhos e sejam protagonistas de suas próprias vidas.

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Jornalista do ecossistema de startups

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