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Empresários apostam em clube premium de investimentos focado além do cheque

Fábio Povoa e César Bertini. Foto: divulgação.
Fábio Povoa e César Bertini. Foto: divulgação.

Sócio e investidor da Smart Money Ventures, que lidera rodadas seed em startups em estágio inicial, nos nichos de educação, finanças, recursos humanos e software as a service (SaaS). Fundador do grupo Movile (iFood, Sympla, Playkids, Afterverse, Zoop) e professor visitante de Lean Startup & Empreendedorismo na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Hoje quem conversa com o Economia SP é Fábio Povoa, que junto com seu sócio César Bertini, apostou em um clube premium de investimentos focado além do cheque. Para entender melhor a metodologia proposta, confira a entrevista abaixo:

Como funciona a metodologia criada para o grupo K-pool e o que difere de outros?  

Fábio: O mercado possui muitas oportunidades de investimento em startups, desde grupos de investidores anjos até fundos de private equity listados nas plataformas de investimento mais famosas. No entanto, existe um grupo de investidores que busca, além de bons investimentos, oportunidades de aprimorar o seu conhecimento e vivenciar um ambiente de inovação, transformação digital e ecossistema de startups. Para isto, a Smart Money Ventures criou o K-Pool, um serviço oferecido a executivos e empresários que buscam maior proximidade ao ecossistema de startups e a um grupo que tenha como objetivo aprimorar seus conhecimentos e vivência em um ambiente de inovação e transformação digital acelerados. A adesão ao K-Pool também permite que os seus membros, tendo acesso a ótimas startups em captação, juntem-se para investir nestas empresas e ajudá-las a acelerar o seu crescimento com capital e todo o conhecimento que este grupo entrega. Além disso, montamos uma jornada para os membros que entrega um vasto leque de conteúdo, encontros, meetups, participação em podcasts e leituras de livros em grupo, entre outros, indo muito além da simples audição de pitches e entrada em rodadas. Um dos maiores valores entregues pelo K-Pool é a gestão do portfólio, que possibilita a agregação de valor por parte dos sócios Smart Money Ventures no acompanhamento e interação com as startups, e também, uma enorme fonte de conhecimento e experiências para os seus membros que queiram se engajar na prática e aprender usufruindodeste benefício.

Quantos assinantes o grupo tem e qual a meta para até o fim de 2022? Quais os critérios que o grupo considera para investir em uma startup? 

Fábio: Atualmente, em franca expansão, o K-Pool já tem 80 assinantes, com anuidades a partir de R$ 12 mil anuais. Além da anuidade, presta aos investidores o serviço de fechamento da rodada, que contempla todo o processo de atração dos melhores empreendedores, análise e validação da oportunidade, diligência e estruturação do round (documentos legais e fluxo financeiro), com um custo de cerca de 9% sobre o montante aportado por cada co-investidor. Por fim, ela também presta serviços de gestão do portfólio, ganhando um percentual de até  14,5% sobre o lucro do investidor que superar a rentabilidade mínima de IPCA+4% ao ano, apenas no cenário de venda da sua participação com lucro.

Quais foram os valores investidos até o momento e qual a projeção para o próximo ano? Como vê o potencial do Brasil no cenário mundial de startups? Temos algo diferente? O que ainda precisa ser melhorado? 

Fábio: O grupo já investiu, até agora, desde sua formação, cerca de R$ 21 milhões e pretende investir em 2022 cerca de R$ 10 milhões. Em relação ao cenário atual, segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), o montante de recursos direcionados em nove meses para startups brasileiras (entre elas as fintechs), por fundos e investidores de venture capital, atingiu um recorde até setembro deste ano de R$ 33,5 bilhões, o que supera em três vezes o valor aportado no mesmo período do ano passado. Ainda conforme a pesquisa, no terceiro trimestre de 2021, fundos de venture capital investiram em 85 empresas, ante 66 em igual intervalo do ano passado. Foram destinados para esses negócios R$ 11,1 bilhões, montante 109% maior do que o registrado no mesmo período de 2020. Em relação aos gargalos, se por um lado há abundância de capital, nichos de mercado a serem disruptados, tecnologias na crista da onda, um dos maiores limites ao crescimento do empreendedorismo segue sendo a escassez de cérebros. Isso mudou substancialmente neste ano, em várias frentes. Já temos founders seriais ou de segunda viagem, com mais de uma startup no currículo, vendidas com êxito ou, ainda melhor, que fracassaram e deixaram pedagógicas cicatrizes. Ademais, a jornada de sucesso de empreendedores que levaram suas empresas à abertura de capital (IPO) em Bolsas de Valores inspira cada vez mais outros empreendedores, provando que é possível construir uma grande empresa a partir de uma startup.

Quais setores mais demandam soluções inovadoras e tecnológicas? 

Fábio: No foco da Smart Money Ventures, lideranças de rodadas privadas de investimento de capital semente em startups têm atingido principalmente os segmentos de fintech, edtech, HRtech e SaaS B2B. Estes setores são muito demandados e é onde conjugamos recursos, conhecimento, experiência, melhores práticas, gestão de portfólio e networking para alavancar o crescimento exponencialde soluções inovadoras e tecnológicas.

Para quem quer empreender e começar com uma startup, quais são suas principais dicas? 

Fábio: Para o empreendedor iniciante, a principal dica é investir na sua própria capacitação para conhecer a jornada empreendedora. Há um longo processo que vai da ideação, à validação de fit com mercado, a protótipos e produtos mínimos viáveis, à monetização e validação de canais de tração. A metodologia Lean Startup permite que este empreendedor saia da ideia para uma oportunidade de investimento estruturada, quando só então faz sentido falar em captação. Os cheques chegam, mas o principal é que eles venham com valor agregado no portfólio. O foco real é que as startups têm que olhar sempre depois do cheque assinado. A jornada de captação é de três meses a um ano, mas a jornada com investidor pode ser de 5 a 10 anos. 

Como o mercado pode se beneficiar com startups e como esse segmento pode se fortalecer ainda mais nos próximos anos? 

Fábio: O mercado pode e já está se beneficiando com esta onda. Macroeconomicamente, podemos citar a questão da geração de novos empregos, economia do conhecimento, crescimento e renda, inovação. O Marco Legal da Startups já permite maior segurança jurídica para os investidores anjos, que não ficam expostos a eventuais dívidas trabalhistas e tributárias incorridas por startups mal sucedidas. A atividade de abertura de ações em Bolsa (IPOs) e a forte atividade de fusões e aquisições de empresas adquirindo startups (M&AS) também são marcos do avanço do ecossistema. O movimento empreendedor veio para ficar, com cada vez mais profissionais se dando conta da importância e da oportunidade de tomar as rédeas do seu próprio destino das mãos de um superior, um chefe, uma corporação, um “plano de carreira”. Esta nova mentalidade empreendedora encontra terreno fértil para que ideias se transformem em produtos e serviços escaláveis, que atendem dores de mercado reais e propiciam a construção de empresas de alto crescimento.

Quais são as principais funções de um investidor, para além do aporte financeiro?

Fábio: É importante “ter valor” para poder “entregar valor”. O investidor deve estar antenado em aspectos como validação da maturidade (do time, da oportunidade, da máquina de vendas, do business plan), na rede de contatos, na credibilidade, nos feedbacks críticos, na expertise de nicho, no follow on em rounds futuros, na atração de talentos e na visão prévia da expansão internacional da ideia.

Na SMV, vocês falam não só em investir, mas proporcionar um mundo de networking, educação e conhecimento. Qual a importância da informação de credibilidade para este setor?

Fábio: A Smart Money Ventures (SMV) é responsável por impulsionar e gerir ideias de startups inovadoras com potencial de crescimento exponencial, por meio de aplicação de recursos, networking e direcionamento estratégico. Aqui, informação, conhecimento, dados e o pensamento 360 em toda a jornada são as premissas. No final das contas, inovação não funciona sem educação e estratégia certa. O conhecimento orgânico da causa, com a noção da conjuntura econômica e um sério estudo mercadológico, é a credibilidade pela qual somos obcecados e temos conseguido passar para frente. Estamos sempre oferecendo aos membros, aos investidores e founders a noção do mercado e as reais possibilidades, baseadas em números, na nossa vivência e no feeling adquirido com os anos de empreendedorismo.

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Fundadora do Economia SC, 3 vezes TOP 10 Imprensa do Startup Awards e TOP 50 dos + Admirados da Imprensa em Economia, Negócios e Finanças.

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