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Em tempos de Burnout, momentos ociosos podem ser produtivos aos profissionais

Foto: divulgação.

Por Monica Machado, psicóloga pela Universidade de São Paulo (USP), fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.

O termo “ócio” é usado para se referir ao “não fazer nada”, não ter atividade nenhuma em alguma circunstância, especialmente do ponto de vista motor.

A rigor, não se aplica propriamente aos processos cerebrais, uma vez que o cérebro, tal como outros órgãos do organismo, nunca para de funcionar.

Se estamos pensando em algo especifico, raciocinando ou desenvolvendo alguma ideia ou atividade que demanda concentração, o cérebro está sempre ativo.

Quando deixamos de prestar atenção em algo e nos deixamos divagar (mind wandering, divagação ou devaneio da mente), algumas áreas cerebrais específicas são ativadas, constituindo a chamada rede de modo padrão (default mode network).

Grosseiramente falando, seria algo como o ponto morto no câmbio do carro: o motor está ligado, mas o carro está parado. Ou seja, não ficamos sem pensar em nada, mas os pensamentos fluem sem foco, sem uma direção especifica.

O cérebro é programado para funcionar um certo período de tempo, durante o qual estamos acordados. O descanso principal do cérebro ocorre quando dormimos. É quando ele se refaz, organiza e consolida memórias e se prepara para absorver novas informações.

No trabalho, estamos constantemente fazendo atividades que exigem muita atenção e concentração, o que resulta em um grande cansaço físico e mental.

Daí a importância de fazer pausas. Saia um pouco da frente do computador, dê uma volta, tome um café. Por definição, não é possível forçar o cérebro a entrar em devaneio, uma vez que este é algo espontâneo.

Mas, é fundamental distrair a mente no decorrer do expediente. Esses minutos ociosos darão fôlego ao seu cérebro, permitindo que você retome o trabalho com maior disposição. E mais: é possível que alguma ideia criativa surja nestes instantes em que você esteja mais ocioso, já que sua atenção se voltou para outras coisas. 

A possibilidade de deixar o cérebro divagar durante o expediente depende muito do tipo de trabalho que o funcionário desempenha.

Nem toda atividade demanda criatividade. Pode ser uma tarefa relativamente padronizada, em que não há campo para sair de uma certa direção (como numa linha de montagem, por exemplo).

Em geral, quando o foco do profissional consiste justamente na criação, o ideal é que a empresa flexibilize seu sistema de trabalho, dando liberdade ao funcionário para, por exemplo, trabalhar como quiser, desde que entregue o resultado esperado.

De qualquer modo, experimente mudar seus hábitos. Só a hora do almoço e os poucos instantes em que você se lembra de ir ao banheiro não contam como momentos vitais de ócio no trabalho.

Faça o teste. Tenha pequenas pausas ao longo do dia. Seja para respirar na varanda, esticar o corpo ou tomar uma água. O importante é levantar da cadeira e levar seus pensamentos para longe.

Permita que seu cérebro tenha minutos de ociosidade. Você perceberá a diferença ao final do expediente, sem ter a sensação de que carregou uma tonelada nas costas o dia inteiro!

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