Mesa de pingue-pongue. Dia da Pizza. Dia de levar o pet ao trabalho. Essas ações vêm se tornando cada vez mais comuns no mundo empresarial, visando trazer mais felicidade aos colaboradores. Mas será que essas atitudes são o suficiente? De acordo com Renata Rivetti, especialista em felicidade e diretora da Reconnect Happiness at Work, manter os funcionários realmente felizes é uma missão diária e muito mais profunda que “um dia do pijama”. Confira abaixo a entrevista no Economia SP Drops:
Como as empresas podem promover e assegurar a felicidade corporativa?
Renata: Importante também desmistificarmos o tema da felicidade corporativa. Felicidade no trabalho é como as pessoas se sentem. É sairmos da cultura do dar para fazer os colaboradores sentirem e deixá-los serem quem são. Não adianta acharmos que faremos os colaboradores felizes somente com o aumento de seus salários, bônus e benefícios. As pessoas são felizes no trabalho quando elas tem um trabalho significativo e desafiador e quando se sentem empoderadas, valorizadas, reconhecidas e têm relações positivas. Um ambiente legal, colorido, programas de bem-estar, festas, brindes, um kit de onboarding são ótimos, mas realmente são fatores que geram satisfação e não felicidade. Sem eles as pessoas reclamarão, mas somente tê-los não garante a felicidade. É preciso então focar no trabalho da pessoa e nas relações da empresa. São esses dois fatores que atuam na felicidade corporativa.
Qual a importância e benefícios em um ambiente corporativo feliz?
Renata: Primeiro, porque é correto e urgente priorizar o tema. Não dá para banalizarmos os altos índices da síndrome de burnout, depressão e ansiedade. E segundo, porque trabalhar a felicidade dos colaboradores gera resultados. Uma pesquisa da Harvard Business Review mostra que funcionários infelizes têm 18% menos produtividade, geram 16% menos lucro, provocam um aumento de 49% nos acidentes no trabalho e aumentam em 37% os índices de absenteísmo Portanto, investir na felicidade dos colaboradores gera a sustentabilidade do negócio a longo prazo.
Quais os desafios em implantar ações voltadas à felicidade corporativa? E na pandemia?
Renata: A felicidade no trabalho está relacionada a um propósito, ter relações positivas e gostar do que faz. Pessoas felizes produzem mais e melhor. O líder que entender essa relação vai conseguir alcançar melhores desempenhos com um ambiente de trabalho positivo. Muito além das competências e habilidades, o nível de satisfação e bem-estar dos seus colaboradores também é um indicador de desempenho importante. A pandemia trouxe vários desafios para as empresas e funcionários, dessa forma, o trabalho, que ocupa tamanha parte nas vidas das pessoas, precisa ser direcionado. A ideia não é ignorar sentimentos ruins e possíveis condições de saúde sérias, mas sim tentar uma mudança na perspectiva e, assim, estabelecer relações e rotinas mais saudáveis. É claro que não dá para tudo ser legal e divertimento em um trabalho. Mas é função do líder se preocupar com a saúde e a produtividade de seu colaborador. E isso envolve deixar o clima mais leve. Estudos recentes apontam que 60% dos colaboradores deixam a empresa por causa de ações do líder.
Mais do que iniciar ações voltadas a esse propósito, como manter o nível de felicidade na empresa?
Renata: Associar felicidade ao trabalho ainda parece distante para muitos de nós, como se a felicidade não fizesse parte dessa área da nossa vida. Mas se entendermos que felicidade no trabalho tem a ver com sentimento de realização, significado e com relações positivas, podemos criar ferramentas para apoiar esses aspectos. O primeiro passo é diagnosticar quais os desafios atuais, para que depois a empresa possa atuar. Certamente o RH é responsável pela estratégia do plano de felicidade, mas se não tivermos a liderança engajada construindo uma cultura positiva será impossível. Além disso, precisamos conscientizar também as pessoas de seu papel de autorresponsabilidade por sua felicidade. Não é fácil e não é do dia para a noite, mas é possível com conscientização e mudança de hábitos.
O que é a certificação de Chief Happiness Officer (CHO) e quais as funções desse profissional?
Renata: A certificação de CHO é uma formação intensiva de três dias, nos quais transmitimos conhecimentos profundos sobre a ciência da felicidade corporativa e suas ferramentas. No Brasil, a Reconnect Happiness at Work é parceira exclusiva da Happiness Business School, seguindo a metodologia que é aplicada em países como Portugal, Holanda, Suíça, Austrália, Angola entre outros. Entre as funções do Chief Happiness Officer (CHO), a pessoa responsável pela felicidade corporativa, estão: engajar a liderança, medir o cenário da felicidade na empresa através de uma série de pesquisas, planejar e implantar novas ações.