Por Claudio Dias, CEO da Pagolivre.
O mercado financeiro sempre foi um centro aquecido de inovação e notícias quentes. A transformação digital, protagonista no cenário financeiro, acelerou ainda mais o crescimento das fintechs.
De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o segmento é o segundo com maior número de startups, onde 5,96% das 13 mil existentes estão em operação no país.
Na América Latina, o tamanho do setor ocupa a 14ª posição no índice mundial, de acordo com a edição 2021 do relatório Global Fintech Rankings, estruturado pela Findexable.
Ainda na história recente do mercado financeiro, as grandes corporações e bancos concentravam o poder, mas nos últimos dez anos empresas pequenas assumiram a liderança entregando serviços de qualidade por um custo mais baixo e com atendimento personalizado. Os próprios consumidores exigiram mudanças.
Estou no mercado financeiro há 30 anos, vi e vivenciei vários movimentos inovadores e há exatamente 10 anos lancei no Brasil uma plataforma de pagamento que permitia transacionar cartão de crédito através de telefones celulares, de lá pra cá surgiram outras inovações que foram alavancadas principalmente pelos aplicativos, tudo ao alcance da mão com apenas um toque.
O Uber em 2014 fortaleceu esse movimento de uso acelerado do aplicativo, facilitando a vida das pessoas e tornando tudo mais rápido e prático. E assim, aconteceu a virada de chave dos bancos digitais no começo dos anos 2010.
Mas, não se engane, a digitalização bancária aconteceu bem antes, há pouco mais de 50 anos, em 1968 foi lançado o primeiro cartão de crédito e o primeiro caixa eletrônico em 1983 e, foi nesse momento, que um novo cenário começou a se desenhar no sentido de oferecer mais aos consumidores.
No começo dos anos 1990 surgiram os boletos bancários, mas só no principio dos anos 2000 com o surgimento das TEDs, que os bancos se tornaram de fato pioneiros na adoção de novas tecnologias.
Cada vez mais agressivos, os bancos experimentaram de tudo, desde cartão de crédito sem anuidade e conta corrente totalmente gratuita, até serviços financeiros e de investimentos cada vez mais acessíveis, mudando definitivamente o cenário financeiro.
Em 2010 ainda de forma tímida, começaram a surgir os primeiros bancos digitais no Brasil, pois a presença de Smartphones era restrita apenas a uma pequena parcela da população.
EXPERIÊNCIA DOS CLIENTES
O foco das fintechs se concentrou exatamente na experiência do consumidor, afinal perceberam que lançar soluções práticas para resolver a vida dos clientes no dia-a-dia de forma descomplicada era o sonho de consumo de muitas pessoas e os bancos digitais focaram nesse problema, encurtando os gargalos burocráticos dos grandes bancos, reduzindo as despesas e os custos dos bancos físicos.
Foi aí que surgiu então uma lacuna para as fintechs, que abriram canal direto com o consumidor. Acertaram em cheio e a pandemia acelerou mais ainda o movimento, tirando as pessoas da presença física nas agências bancárias. A Uberização chega no mercado financeiro com sucesso, do celular é possível resolver tudo e era isso que o cliente buscava.
O QUE VEM POR AÍ
As novidades não param nesse setor. O PIX, lançado em meados de 2020 revolucionou e veio para ficar. O pagamento instantâneo é inovador, mas o que mais pode acontecer nesse mercado?
Personalização do atendimento e experiência do usuário ainda estão na pauta para evoluírem, mas design e tecnologia serão de fato os grandes motivadores de desenvolvimento e crescimento de soluções financeiras nos próximos anos, afinal quem souber desvendar o mistério da relação dinheiro e consumidor para indicar bons investimentos, e aí entra a construção de algoritmos cada vez mais eficientes, terá na mão o segredo do sucesso e a possibilidade de ganhar muito, muito dinheiro.