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Como essa foodtech está fortalecendo pequenos agricultores e colocando comida orgânica na mesa do brasileiro

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

A principal mudança nos hábitos dos brasileiros durante a pandemia está ligada à alimentação, de acordo com um levantamento do EY Future Consumer Index 2022. 

Ao todo, 94% dos entrevistados afirmaram ter mudado a forma como se alimentam e 89% dizem ter passado a consumir mais ou a mesma quantidade de alimentos frescos. 

Com essa mudança de hábitos do consumidor, a Raízs, supermercado online de orgânicos e saudáveis, registrou crescimento de 200% no último ano. 

Para saber como esse crescimento da foodtech auxilia pequenos agricultores e toda a cadeia de produção, o Economia SP Drops conversou com Fernando Osório, diretor de growth marketing da startup. Confira abaixo:

Como a tecnologia pode ajudar o pequeno agricultor? Qual a importância desse auxílio? Como  funciona na Raízs?

Fernando: O modelo de negócios da Raízs construiu um ecossistema diferenciado de relacionamento com o pequeno produtor. Desenvolvemos um fluxo de trabalho de alta complexidade logística e tecnológica, eliminando três intermediários da cadeia (distribuidor rural, distribuidor urbano e supermercado), conseguindo vender 20% mais barato que supermercado e pagando 22% a mais para o produtor. Além de criar condições para que o produtor aumente suas margens, a Raízs possibilita o crescimento e fortalecimento do negócio dessa agricultura, uma vez que o conectamos a mais de 50 mil compradores ativos. 

O que ainda pode ser melhorado neste segmento? Qual o potencial do mercado? 

Fernando: A singularidade e protagonismo do nosso modelo de trabalho mostram a complexidade necessária de tecnologia e logística para fazer a cadeia funcionar em um modelo de negócios que valoriza o pequeno produtor. É importante lembrar que grande parte dos nossos mais de 3 mil SKUs são frutas, legumes e verduras. Isso demanda que nosso sistema se conecte às fazendas dos produtores para que tenhamos visibilidade em tempo real do que está sendo plantado. Muitas vezes, um produto que está sendo vendido no e-commerce ainda não foi colhido ou está em trânsito. E lembrando que estamos falando de uma rede de 927 produtores. O caminho é azeitar cada vez mais esse processo, ganhando celeridade e qualidade.

Como funciona a Raízs e de onde surgiu o insight para o modelo de negócio? 

Fernando: A Raízs nasceu há 8 anos e começa em um processo de consciência alimentar do CEO, Tomás Abrahão. Ele abriu uma consultoria e trabalhou em Bangladesh em negócios sociais. Quando voltou ao Brasil, teve oportunidades em empresas e em consultorias de novo, mas aquilo já não fazia mais sentido. Olhando para uma tendência da Europa e Estados Unidos em alimentação saudável, a sua vontade era de trabalhar em como juntar as pontas entre pequenos agricultores e a cidade. A Raízs se baseou bastante nessa ideia e a empresa começou na garagem da sua casa com um mini freezer e ele indo buscar os produtos dos agricultores para entregar para os clientes.

Em quais cidades atuam e quantos agricultores estão na rede da empresa? 

Fernando: A Raízs hoje opera em São Paulo, em aproximadamente 30 cidades. Mas realizamos estudos contínuos de análise de CEPs para aumentar nossa área de cobertura no estado. Sem mencionar, claro, a expansão geográfica para novas praças. Temos cerca de 930 produtores cadastrados com a gente, espalhados em vários lugares do Brasil, principalmente no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Todos eles são auditados pelo IBD (a maior certificadora de orgânicos da América Latina) fazem parte do Fundo do Pequeno Produtor da Raízs, onde em conjunto tomam decisões em conjunto sobre o que fazer com as arrecadações. 

Quais fatores impulsionaram o crescimento da busca por produtos orgânicos? Como vocês se viram nesse cenário? 

Fernando: Orgânicos no Brasil foi um mercado de R$ 6,3 bilhões no ano passado, com um crescimento de 63% no número de consumidores. Desde 2020, a Raízs só aumenta sua liderança de orgânicos online no estado de São Paulo, crescendo market share ano a ano. 

Para 2022, mesmo com um cenário macroeconômico mais complexo devido à inflação e à taxa de juros, as perspectivas de crescimento são extremamente positivas. O comportamento de consumo do brasileiro no varejo alimentar mudou durante a pandemia e isso não tem volta. Mesmo com o cenário macroeconômico mais inseguro, temos dados muito sólidos que mostram que 56% dos consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por produtos orgânicos e saudáveis. A previsão é que em 2030, 20% do total de alimentos embalados seja saudável ou orgânico. O nosso planejamento já contempla esse cenário e estamos prontos para continuar crescendo em ritmo acelerado. 

Quais os planos da Raízs para este ano? 

Fernando: Acabamos de anunciar a captação de R$ 20 milhões, em uma Série A liderada pela Solum Capital. Mais do que o dinheiro, estamos muito felizes em trazer novos sócios incríveis, liderados pelo Donato Ramos, que vão se juntar aos nossos primeiros investidores, que acreditaram no sonho da Raízs anos atrás, como o Pedro Navio e Antônia Brandão Teixeira. Os planos agora são de manter o nosso ritmo de crescimento de, pelo menos, 100% ao ano, aumentar o nosso portfólio e mix de produtos, levando a operação da Raízs para novos estados. A ideia é iniciar a expansão já no segundo semestre, começando pelo Rio de Janeiro, com um novo centro de distribuição, validação do processo de logística e go to market.

Leia outras entrevistas do Economia SP Drops clicando aqui.

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