Por Sofía Gancedo, co-fundadora e COO da Bricksave.
Algumas iniciativas que combinaram imóveis (“propriedades”) e tecnologia deram origem ao termo Proptech (property technology), ou seja, startups que atuam especificamente no setor imobiliário. Essas empresas atravessam a cadeia de valor de seu segmento e mostram a sua força no mercado. De acordo com um estudo do CB Insights, em 2016, as Proptechs receberam, em todo o mundo, US$ 2,69 bi em investimentos, em mais de 277 negócios concretizados. Com diversos projetos em andamento, o ponto de maturidade na América Latina pode ser marcado em 2019, quando o investimento de capital de risco na Latin Proptechs cresceu mais de 400% e acumulou US$ 603 mi, segundo o Pitchbook.
Em 2021, o segmento recebeu US$1,3 mi, segundo levantamento da Endeavor. O boom dos investimentos fez com que a modernização tecnológica do mercado imobiliário deixasse de ser uma aspiração para se tornar realidade. No entanto, a margem de crescimento continua alta para a América Latina, considerando que já existem 22 unicórnios proptech em todo o mundo, sendo doze da China e dez dos Estados Unidos. No Brasil há, atualmente, 840 players atuando como construtechs ou proptechs, de acordo com mapeamento da Terracotta Ventures.
É indiscutível que o mercado imobiliário é uma das classes de ativos mais lucrativas do mundo, respondendo por mais de 13% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Nesse contexto, as proptechs impactam uma ampla gama de produtos e negócios e prometem movimentar ainda mais o mercado ao revolucionar o setor de ponta a ponta para responder aos atuais padrões de consumo.
A inovação pode ser observada desde a criação de um projeto imobiliário com uso de inteligência artificial até a venda e compra do imóvel completamente online, passando por sistemas de financiamento com renda segura em dólares, por exemplo. Os serviços oferecidos se tornam mais acessíveis, menos burocráticos, igualmente seguros e, em muitos casos, mais baratos.
Para muitos dos que historicamente participam de setores permeados pelas Fintechs, Insurtechs e Proptechs, essas mudanças significam uma reinvenção de seu modelo de negócios. Para a maioria dos usuários, no entanto, esse modelo é algo inerente à sua realidade: se já arquivam todo o seu trabalho ou fotos em uma nuvem pela qual pagam alguns dólares ou reais, por que deveriam arquivar tantos papéis e pagar comissões excessivas pela transação de um imóvel? Por que não executar os procedimentos por meio de um telefone celular com conexão à internet?
Isso não significa, necessariamente, que os modelos tradicionais de negócios estão fadados ao fim, – muitas empresas do setor se adaptaram bem às mudanças – mas representa uma oportunidade de se concentrar novamente no fornecimento de serviços que simplificam a vida das pessoas. Um legado que, seguramente, irá muito além da digitalização, impulsionada pela pandemia de Covid-19, mas, sobretudo em um mercado que, historicamente, carecia de inovações tecnológicas e que agora se reinventa para oferecer soluções mais eficientes, flexíveis e transparentes, a fim de democratizar o acesso ao investimento imobiliário.