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O compromisso com a diversidade é durante o ano inteiro

Foto: Endora Freitas Barboza/divulgação.
Foto: Endora Freitas Barboza/divulgação.

Por William Callegaro, coordenador jurídico da Aliança Nacional LGBTI+.

É muito comum, no mês de junho, que organizações, empresas e pessoas se posicionem para falar sobre a pauta de sexualidade e identidade de gênero, mobilizando todo o cenário social para conhecer e discutir sobre a luta LGBTI+.

Contudo, quando olhamos para a inclusão da comunidade nas empresas, no legislativo e em cargos de gerência ou empreendedorismo, existe uma sub-representatividade destas pessoas em posições de liderança e poder de decisão.

Hoje, mais da metade das empresas não têm políticas de desenvolvimento de diversidade no ambiente de trabalho, segundo a pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC).

Ainda no mesmo estudo, apenas 34% das empresas afirmaram ter programas de contratação para mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTI+, mas 12% sequer sabem se existem iniciativas de diversidade dentro dos escritórios. 

Assim, mesmo com os avanços progressivos da comunidade, ao longo dos anos, as medidas e transformações estruturais ainda não foram implementadas e são escassas, impedindo que a maioria dos ambientes corporativos e políticos possam ser inclusivos e pertencentes a nós.

Como uma iniciativa que busca estimular as organizações públicas, privadas e da sociedade civil a promover temáticas sociais na gestão de recursos humanos, o programa Selo da Diversidade foi desenvolvido pelo Governo de São Paulo e é destinado às empresas e organizações que se comprometam ou já tenham projetos envolvendo as lutas sociais.

Algumas empresas como Danone, Avon e Natura foram reconhecidas com este selo e já são referências de boas práticas e projetos de Diversidade & Inclusão e socioambientais.

Neste mês, é cada vez mais necessário discutir sobre como é a vivência de uma pessoa LGBTI+ nos espaços de poder.

De acordo com a pesquisa Publicidade no Mês do Orgulho LGBTQIAP+:as empresas sustentam o que prometem?, feita pela SafeSpace em parceria com a MindMiners, 55% dos entrevistados que se assumiram membros da comunidade LGBTI+ dizem que já foram ou são vítimas de discriminação nos escritórios, nos quais trabalham ou trabalharam.

Ao mesmo tempo, 64% confirmaram já terem testemunhado uma experiência de discriminação com colegas, nestes espaços.

Logo, diante de ambientes corporativos que não impulsionam a diversidade, pessoas LGBTI+ muitas vezes sentem a necessidade de começar seu negócio empreendedor, promovendo mudanças a partir da sua própria vivência.

Porém, enquanto políticas já estão sendo pensadas para pressionar grandes e médias empresas a terem mais ações socialmente engajadas, planos e políticas públicas que fomentem o empreendedorismo da comunidade, ainda estão sendo deixados de lado.

Para o consumo consciente, espera-se que as empresas e organizações tragam consigo pautas de melhoria para pessoas LGBTI+ como verdadeiros aliados, pensando em serviços/produtos mais inclusivos e em estruturas mais representativas, como em empresas referenciadas pelo Selo da Diversidade, no próprio empreendedorismo do país.

Portanto, para além do debate público nas redes sociais e nas campanhas de marketing, é preciso acelerar discussões urgentes para a inclusão e melhorias públicas da comunidade.

É necessário buscar, efetivamente, melhores oportunidades e condições de vida para as pessoas LGBTI+, promovendo mudanças dentro dos espaços predominados pela heteronormatividade e a cisnormatividade.  Também é essencial falar sobre um compromisso com a diversidade sexual e de gênero, durante o ano inteiro.

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