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Especialistas explicam porque o smart money deve caminhar junto com o investimento em startups

Orlando Cintra. Foto: divulgação.
Orlando Cintra. Foto: divulgação.

O fim do primeiro semestre deixou evidente o período de vacas magras para as startups brasileiras. De acordo com estudo da plataforma de inovação Distrito, os investimentos no setor recuaram 44%, com um total de R$ 15,4 bilhões em 327 rodadas.

Para especialistas, essa desaceleração é explicada pela aversão ao risco no cenário econômico atual e pode ser amenizada com rodadas menores, além de incentivos diferenciados, como o smart money

“Estamos vivendo um período econômico volátil, com taxas de juros nas alturas, inflação, aproximação do período eleitoral, ou seja, são muitos os motivos para os investidores ficarem mais receosos em assumir o risco que um investimento em startup requer. Só que o retorno dessa aposta pode ser extremamente positivo, seja em termos financeiros ou de envolvimento no ecossistema de inovação, networking e crescimento profissional. Por isso, minha recomendação para ter mais segurança é procurar um dos vários grupos de investidores que atuam no país e ter em mente que, tanto quanto o capital financeiro, é preciso estar disposto a oferecer o capital intelectual, que chamamos de smart money”, destaca Orlando Cintra, fundador da BR Angels. 

O executivo ainda explica que o smart money é a aplicação da expertise dos investidores em diferentes áreas para o sucesso do negócio e, para funcionar de maneira efetiva, é preciso ser bem estruturado:

“Eu costumo dizer que é uma via de mão dupla. De um lado, os investidores dedicam tempo e conhecimento e, do outro, as startups precisam buscar e aproveitar essa oportunidade da melhor forma possível. Para auxiliar nesse processo, criamos nove grupos SMART no BR Angels, que englobam áreas como tecnologia, sales machine, legal e compliance, além de outras. Oferecer mentorias via os grupos SMART é uma das obrigações contratuais dos nossos mais de 250 associados, todos profissionais de companhias como Amazon, HP, Movida, Rappi, etc. Ou seja, é uma verdadeira imersão no universo dos negócios, assim como uma possibilidade de abertura de portas com clientes, fornecedores e parceiros”.

Um dos integrantes do SMART Gestão e Planejamento Estratégico é o associado Agrício Neto, CEO do LACann Group e com passagens pela SKY Brasil e Claro TV. Ele destaca que os grupos atuam on demand e priorizam uma abordagem de recomendação ao invés de consultoria, que indica precisamente o que deve ser feito:

“Cada associado dedica cerca de quatro horas mensais às 21 startups do portfólio do BR Angels, o que no final são mais de 1.000 horas de mentoria por mês. Nosso papel é entender o modelo de negócios da investida e identificar quais são as principais dores e onde podemos colaborar. Nós ainda incentivamos a troca entre as próprias startups que estão passando pelo grupo, pois uma não é concorrente da outra e isso gera uma interação em que todos saem ganhando”.

Carlos Pulici, COO da Simpress e líder do SMART Customer Success, comenta como a área deve estar no radar dos negócios, já que é crucial atender a expectativa de satisfação do cliente, e como o grupo auxilia nisso:

Ser ‘customer centric’ é fundamental para o crescimento de resultados que todos buscamos. Para isso, é preciso saber como medir e organizar as responsabilidades, além de incutir a satisfação plena dos clientes na cultura da empresa. Então, os pontos que o grupo trabalha junto às startups são como implantar uma área de CS com sucesso, principais KPI´s a serem observados, qual a expectativa do cliente moderno, cuidados para evitar insucesso desta jornada e muito mais. Saímos de quase todas as sessões com a sensação de que conseguimos agregar valor no processo da startup”.

OS FRUTOS DO SMART MONEY

Para ir além do discurso, a implementação do smart money deve ter resultados factíveis. Gabriel Cintra, sócio diretor de investimentos da Eleva Invest e líder do SMART Exit e Future Rounds, conta que os benefícios para as startups  vão desde a primeira interação com o grupo até a saída do empreendimento para uma jornada externa:

“O nosso SMART ajuda o empreendedor a se organizar e planejar passos que não faziam parte da sua rotina antes do nosso investimento e que se tornarão cada vez mais importantes. Uma nova rodada, uma fusão ou aquisição (M&A) podem ser importantes estratégias de crescimento e, por isso, nos conectamos com Corporate Ventures de relevância no mercado e oferecemos mentorias sobre como se preparar e gerenciar as expectativas para abordagens de fundos e estratégicos, metodologia de valuation e dicas de organização de data room para investidores, por exemplo”.

Ele acrescenta que os principais resultados foram a abertura de portas para fundos que analisaram e até efetivaram investimento na rodada da Vuxx, startup de transporte de cargas de médio peso em regiões metropolitanas, assim como apoio nas negociações de contrato de cláusula de aporte follow on na Home Agent, primeira empresa de call center a operar 100% em home office no Brasil.

“Várias sugestões têm sido aceitas pelas investidas. Nossa filosofia é a de contribuir sem interferir e, com base nisso, posso citar que uma startup do portfólio passou a traçar melhor o perfil de cada candidato desejado antes do recrutamento e outra decidiu contratar um profissional de RH para trabalhar com o fundador”, reforça César Souza, presidente do Grupo Empreenda e líder do SMART Talento & Gente.

O amadurecimento do ambiente de inovação do país também é um dos frutos de um smart money bem aplicado nos novos negócios.

Vanessa Domene, sócia diretora do Lima Junior, Domene & Advogados Associados e membro do SMART ESG, indica que a modalidade gera benefícios até quando os aportes financeiros não são consolidados pela associação e chega a impactar o público externo:

“Mesmo quando o BR Angels não segue com o investimento em uma startup, abre para ela a possibilidade de interagir com os associados e parceiros, devolvendo-a para o ecossistema. Ainda produzimos conteúdos gratuitos para fundadores e público em geral que tenha interesse em entender melhor os pontos-chave para um empreendimento promissor. Acreditamos que isso agrega valor aos negócios, e consequentemente, à sociedade”.

NA MIRA DOS EMPREENDEDORES

Ao buscar um aporte, os líderes de startups levam cada vez mais em conta a bagagem dos investidores e o comprometimento que eles terão para o negócio decolar. Por isso, a modalidade preferida de metade dos empreendedores brasileiros é o investimento-anjo, como indica o Report Investimento 2022 BR Angels/Abstartups, realizado com 257 startups de todo o Brasil. A pesquisa também mostra que a interação das startups com os investidores-anjo é positiva para mais de 70% delas. 

Outros pontos reforçam o papel do smart money na relação entre investidores-anjo e startup, já que a expectativa de 31,7% delas é que eles ajudem no contato com potenciais clientes e no uso da rede de relacionamentos, enquanto 24,9% esperam que auxiliem no aconselhamento em áreas específicas, como tecnologia, RH e vendas.

Por isso, para Jose Bosco, CEO do Terphane Group e líder do SMART Finance & Backoffice, o aporte intelectual pode ser proveitoso para startups de diferentes estágios:

“O trabalho do nosso SMART sempre busca focar nas necessidades e no momento da startup. Algumas delas estão ainda em fase embrionária, então não precisam de grandes sofisticações financeiras, porém temas básicos como entendimento de um balanço e a correta estruturação de um KPI podem trazer muito valor para a gestão. Outras já se encontram em patamares mais avançados de operação, então podem demandar suporte em temas mais sofisticados, como sistema tributário ou mesmo funding. Entender o momento da startup ajuda a pensar nos temas que podem gerar mais valor ao momento do negócio”.

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