Por Djone Kochanski, diretor outsourcing de TI para gestão de negócios da Datainfo.
Quando pensamos na aplicação de tecnologia ao agronegócio, imaginamos várias coisas: desde máquinas agrícolas autônomas, até equipamentos de conectividade, sensores, drones, manipulação genética de sementes e embriões e tantas outras inovações.
Não são muitas as pessoas que pensam em processos e fluxos da informação de uma fazenda ou empresa agrícola. Por isso, destaco aqui alguns pontos importantes de como softwares de gestão empresarial podem apoiar o setor, pois é semelhante a qualquer outro negócio e pode colher inúmeros benefícios de uma transformação digital.
Os softwares de gestão empresarial se atualizam a cada dia, permitindo ao agronegócio soluções mais eficientes, de modo a melhorar fatores como: processos de produção, controle de estoque, redução do retrabalho, novas estratégia para a produtividade e tecnologias industriais mais avançadas.
Um exemplo de ganhos de produtividade e agilidade em processos veio da empresa Marubeni Grãos. Esta, após adoção de um software contábil e fiscal, automatizou a emissão de notas fiscais para exportação.
O que antes levava 30 minutos para emissão de cada documento (feita de forma manual) passou a ser gerado de forma automatizada. Ou seja, atualmente leva-se 30 minutos para emissão de todas as notas de um mês.
Não estamos falando de adoção apenas de sistemas globais de gestão empresarial ou de mudanças gigantescas na infraestrutura tecnológica. Muitas vezes, a solução é bastante simples. É como mudar de ferramenta para acelerar respostas.
No caso da Marubeni, o negócio cresceu e precisou ser administrado com maior profissionalização. E não se trata de apenas migrar das planilhas de Excel para controle financeiro, mas de passar a usar a tecnologia a favor do negócio – a fim de embasar novos projetos e a tomada de decisão.
Apropriar-se da tecnologia dá acesso ao mundo de dados informativos que giram em cada negócio do campo e permitem uma base mais segura para a definição de estratégias de negócio e planos futuros.
A gestão da lavoura, por exemplo, é uma atividade que demanda etapas diferentes da gestão empresarial. Nesse sentido, os softwares de gestão devem ser flexíveis e atender as demandas específicas do agronegócio. Muitas vezes, é necessária uma ferramenta personalizada, focada nas necessidades de cada produtor rural, para que ele possa gerir seu negócio com menos trabalho manual e com maior segurança.
Um outro exemplo do setor: a China Brasil Tabacos, que faz uso de um aplicativo para o georreferenciamento dos fornecedores em atendimento a uma demanda financeira. A partir do uso desse aplicativo tem em mãos dados que podem orientar o trabalho de assistência técnica junto aos produtores rurais.
Ainda, para o futuro, poderá desenhar uma melhor distribuição de rotas para as visitas e o planejamento do uso de insumos agrícolas para uma nova safra. As possibilidades após a aplicação de tecnologia são praticamente ilimitadas.
Entendo que promover a transformação digital do negócio é utilizar a tecnologia como um facilitador do acesso à informação e um gerador de ganhos de eficiência e produtividade. Nesse sentido, vejo como alternativa viável não apenas investir em máquinas e equipamentos (hardware), mas buscar sistemas de informação eficazes (software), bem como tecnologias de automatização de processos.
Em 2050, o mundo terá quase 10 bilhões de pessoas. Será um grande desafio alimentar a todos sem exacerbar a pobreza, acelerar o desmatamento e aumentar as emissões tóxicas, a menos que comecemos a fazer mudanças substanciais em nosso sistema alimentar e a investir em melhorias de eficiência no campo e na inovação do agronegócio.
Esta questão é abordada em um relatório, Creating a Sustainable Food Future, na série Relatório de Recursos Mundiais. Com isso, é importante refletirmos sobre a relevância que o agronegócio exerce para o futuro das pessoas. Adoção de tecnologia é a resposta? Talvez não seja a única, mas com certeza o sucesso do homem no campo passa por ela.
