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Como o Brasil nos inspira a ser criativos?

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Vanessa Kotters, diretora de produto da Authen.

Falar sobre a criatividade e o Brasil para mim é quase um pleonasmo. A criatividade é inerente ao brasileiro e a todos que se achegam por aqui, e por mais clichê que possa parecer, é fato: o que esperar de um cenário multicultural e multiracial como o nosso? 

O Brasil é um caldeirão onde naturalmente vai se misturando referências e ideias, num movimento intenso e eterno de antropofagia.

Eu, por algum tempo, trabalhei na ânsia de imprimir “a” identidade brasileira nos produtos que criamos e desenvolvemos, até entender dois pontos extremamente importantes.

Primeiro, somos tão lindamente diversos e múltiplos que é impossível definir  “a” identidade ou “o” Brasil. Temos a rica oportunidade de trabalhar sobre “uma” identidade ou “um” Brasil. Temos um leque infinito de possibilidades a serem exploradas.

Segundo, nós, brasileiras/os temos um olhar criativo e uma força antropofágica tão grande que é absolutamente desnecessário nos esforçamos para garantir a impressão de nossa estética única nos nossos trabalhos. Isso acontece naturalmente. 

A interpretação estética que damos aos movimentos e às tendências é singular e completamente diferente, por exemplo, da interpretação que um time tecnicamente igual, da Europa ou da Ásia, simplesmente porque as informações que absorvemos passam pelos nossos olhares carregados de referências visuais, experiências, sons, cheiros, cores e sabores. Então, como disse, o esforço é desnecessário e o processo é totalmente natural.

Eu, com uma formação baseada no design, sempre me questionei porque a estética do design italiano, por exemplo, é reconhecida no mundo inteiro, enquanto raramente se ouve sobre o design brasileiro, e só depois de compreender esses dois pontos citados acima pude enxergar que jamais seria possível “encaixar” ou “amarrar” tamanha potência criativa em “o” design brasileiro. Na minha visão, esse confinamento criativo e arraigado é, no mínimo, caricato. 

Eu, brasileira devota da nossa cultura e da Antropofagia, hoje consigo colocar em prática o real conceito deste movimento que nos torna tão originais: absorver, deglutir, misturar e devolver pro mundo. 

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