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Open finance: quais os principais desafios do setor e o que esperar em 2023

Foto: divulgação.

Por Marcelo Bentivoglio, economista e sócio estrategista da QI Tech.

O open finance, ou sistema bancário aberto, foi criado para integrar não apenas todo o sistema bancário, mas englobar todo o sistema financeiro nacional. Bancos, seguradoras, operadoras de crédito e fintechs podem ter acesso a dados dos clientes mediante autorização de uso e finalidade por determinado tempo e com isso os clientes recebem ofertas de crédito e serviços mais atrativos a cada perfil.

Iniciadas as primeiras etapas do processo de implementação, surgem os principais desafios do setor para utilizar essas informações de maneira a oferecer esses serviços. Com cerca de 6,7 milhões de consentimentos de clientes para compartilharem suas informações e participação de aproximadamente 800 instituições, os desafios iniciais enfrentados foram a inconsistência de dados, o que pode ter sido ocasionado pelo curto prazo em que as instituições tiveram para se adequarem. 

No entanto, como cada nova tecnologia tem seu período de adaptação, é preciso levar aos consumidores a segurança de que seus dados serão utilizados apenas aos serviços em que autorizarem e que as empresas estejam adequadas a LGPD. Além disso, é preciso garantir que os  dados identificáveis e sensíveis estão protegidos e serão utilizados apenas para os fins autorizados previamente por cada pessoa.

Para que mais setores da sociedade possam aderir e passar a integrar o open finance, é preciso que o setor debata essas informações, elucidando as principais dúvidas dos consumidores. O processo precisa ser educativo, mostrando que do início ao fim há padronização no processamento desses dados e as vantagens em integrar e utilizar as próprias informações bancárias da maneira que melhor convier ao cliente.

Mostrar seriedade e total implementação das diretrizes da LGPD mostra o comprometimento das empresas em estarem aptas para a gestão dos dados confiados pelos clientes.

Outro ponto importante é que esses serviços cheguem a distintas camadas sociais da sociedade, promovendo com isso a inclusão bancária de pessoas que não acessam a esses serviços ou sequer fazem parte do sistema financeiro. Os consumidores podem ganhar com  mais instituições participando, mais possibilidades de inclusão, crédito pensado para a sua situação e ainda fluidez na experiência com a gestão do dinheiro e integração sistematizada que o sistema open finance proporciona entre as instituições financeiras supervisionadas pelo Banco Central (BACEN).

No Reino Unido, mercado já mais maduro, 82% dos consumidores que já utilizam aplicativos integrados à estrutura do open banking afirmaram que a prática ajudou a melhorar a gestão do próprio dinheiro, em 2020, de acordo com pesquisa da Nesta Challenge. Além de possibilitar a visualização das finanças pessoais de distintas contas do cliente em um único lugar, o open finance promete facilitar a portabilidade do histórico financeiro do cliente, o que abre espaço para maior concorrência entre as instituições para oferecer a melhor oferta aos clientes.

O projeto brasileiro é ambicioso ao iniciar o processo do que seria “o maior open finance do mundo” de acordo com declaração de Roberto Campos Neto, presidente do BACEN. O país de dimensões continentais enfrenta ainda desafios comuns a todo projeto em período de implementação e adaptação, porém a nova tecnologia promete muitas oportunidades tanto para o mercado como para os clientes.

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