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Autoconhecimento é pré-requisito para uma liderança eficaz

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Foto: divulgação.

Por Felipe Leonard, CEO e presidente da S.I.N. Implant System.

Do Templo de Apolo, em Delfos, só ficaram as ruínas. Mas uma frase grafada no monumento se espalhou pelo mundo e resiste há 2500 anos: “conhece a ti mesmo”. Dizem, aliás, que a inscrição marcou um jovem visitante, Sócrates, antes de transformar para sempre o pensamento ocidental.

Na verdade, muito além da Filosofia, o autoconhecimento aparece como chave para diferentes questões humanas. Fácil deduzir, então, que algumas delas podem fazer toda a diferença na eficácia da sua liderança e no sucesso dos negócios, em geral.  

O próprio Fórum Econômico Mundial alerta sobre isso, cravando que até 2025 a lista de maiores talentos profissionais incluirá racionalidade, resiliência, flexibilidade e influência social, características normalmente relacionadas ao processo de autoconhecimento. Já a Mckinsey calcula que, no máximo em oito anos, capacidades como essas devem se tornar tão necessárias quanto fatores cognitivos em si.

A verdade é que nenhuma dessas habilidades surge da noite para o dia. Isto é, sem uma reflexão sobre o que move, impede, motiva ou assusta a nós mesmos. Ainda assim, o autoconhecimento é um processo que, embora seja urgente para todos, é menos complicado do que aparenta. Veja como começar – e os benefícios de seguir esta jornada.     

Seu comportamento afeta desempenhos – O trajeto rumo ao autoconhecimento não precisa ser solitário. Ao contrário, parcerias certeiras são algumas das melhores guias para este movimento ter êxito. Tudo depende, claro, do que é mais adequado para você. Terapia, meditação, cursos imersivos, consultorias especializadas, coaching, mentoring ou simplesmente uma boa leitura…cada personalidade ou meta pede uma ferramenta diferente.

Daniel Goleman, o pai da Inteligência Emocional, diz que autoconhecimento é mais importante do que o seu QI. Para o psicólogo, jornalista científico e palestrante, aliás, uma das grandes competências do líder eficaz é entender suas percepções ou ações e como elas afetam o workplace.

Nesse sentido, inclusive, estudo publicado pela Harvard Business Review aponta que pessoas sem self-awareness podem reduzir pela metade as chances de sucesso em uma empresa.

Autoconhecimento é uma meta-habilidade – Uma paráfrase do neuropsiquiatra austríaco Viktor Frankl vem a calhar aqui: “tudo aquilo que emana luz deve suportar o calor da queima”. Não se trata de romantizar o sofrimento, mas de uma verdadeira ode à força que todo desafio impõe.

E todos que são gestores entendem bem disso. Afinal, sabem que liderar equipes de alta performance, alcançar plena eficiência nos negócios e fidelizar stakeholders é missão árdua. E ela exige a compreensão de nuances que vão desde propósitos e talentos até sobre limites pessoais ou profissionais.  

Por esse motivo, especialistas como Tasha Eurich já chamam o autoconhecimento de “meta-habilidade do século XXI”. Segundo ela, quem se desconhece internamente tende à inconsistência quanto aos próprios objetivos e à autossabotagem em projetos ou relações. Com certeza, este não haverá de ser o perfil de liderança que você quer construir. Portanto, é mais que o momento de partir para a ação e compreender melhor a si mesmo.

Quem conhece a si entende o outro – Uma metáfora recorrente nos debates sobre gestão é a da “roupa nova do rei”. No conto de Hans Christian Andersen, um monarca vaidoso e autoritário cai no golpe de um alfaiate charlatão, desfilando entre os súditos com um “traje invisível que só os inteligentes conseguem ver”. Na verdade, ele está nu, mas a sua necessidade não reconhecida de impressionar os outros com a sua inteligência, gerar admiração e atrair elogios, o levou a cair na armadilha do alfaiate e simular que conseguia ver o traje. Até que uma criança começou a gritar “O Rei está nu, o Rei está nu”, e tudo acabou em uma grande vergonha. Ou seja, aceitar a limitação de sua inteligência o teria levado a evitar a cegueira intelectual, reconhecendo que não conseguia ver as roupas mágicas e buscar ajuda, além de concluir que estava na frente de um simples ladrão. O exercício da boa escuta evitaria o constrangimento.

A lição vale para toda liderança. As salas dos C-Level não são bunkers à prova de erros. E de fato podem criar a ideia de uma falsa muralha, o que é um equívoco enorme, ao se acreditar de que está livre das opiniões alheias.

Um temor sem propósito porque, na verdade, quem conhece suas forças, fraquezas, certezas e dúvidas não teme feedbacks. Ao contrário, compreende todos eles como peças importantes no quebra-cabeças pessoal, profissional e, ainda, de insights transformadores.

Suas decisões se tornam mais assertivas – Numa conferência da Apple em 1997, Steve Jobs compartilhou um de seus pensamentos mais emblemáticos: “Eu me orgulho do que fiz e deixei de fazer na mesma proporção. Inovar é dizer ‘não’ a mil coisas. Mas é preciso escolher a quais delas com cuidado”.

Só quem aposta no autoconhecimento é capaz de medir seus impactos e decidir sobre suas ações e atitudes com equilíbrio e resiliência. Isto é, o líder que reconhece quais virtudes embasam suas escolhas aceita as vulnerabilidades que podem afetá-las e, portanto, confia no que ponderam seus pares, colaboradores e todos os stakeholders, nivelando com sabedoria todo o seu entorno.

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