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Quando a travessia da incerteza vira a travessia do aprender

Foto: Babuska Fotografia

Por Mariana Achutti, fundadora e CEO da SPUTNiK.

Estamos quase no fim de 2022, um ano que começou da mesma forma que vai terminar: desafiador. Podemos sintetizá-lo em vários adjetivos, mas proponho que o entendamos como desafio – uma abordagem que traz a perspectiva de novas possibilidades, aprimoramento e superação.

Enfrentamos turbulências sem precedentes na história recente, pandemia, crises econômicas, guerra, polarizações políticas em diversos países, e todos os impactos em cauda longa.

No recorte do mundo corporativo, sabemos o quão intenso tem sido manejar tantas transformações. Nesse contexto, inevitavelmente, emerge a incerteza, um sentimento que vem aparecendo com frequência em estudos, análises, discursos, e também na esfera informal, cotidiana. Alguém que você conheça está 100% confiante sobre tudo? Quem assim estiver, está em desconexão.

Mas é possível encarar essa “travessia da incerteza” com otimismo. Distante da positividade tóxica, tão nociva quanto a insegurança gerada pelo incerto, proponho olharmos para os novos horizontes possíveis, que nos trazem um respiro. E fôlego para seguir. 

No livro “Factfulness: O hábito libertador de só ter opiniões baseadas em fatos”, Hans Rosling traz uma crítica ao exagero negativo e à dramaticidade com que tendemos a julgar a evolução da humanidade. E defende, com revisão de fatos e dados, que o mundo está, sim, cada vez melhor.

O conceito de Rosling repensa, por exemplo, o medo e a urgência. Foram ferramentas essenciais à sobrevivência dos nossos antepassados, mas, hoje, não deveríamos estar tão suscetíveis a essas duas sensações. Evoluímos e alcançamos habilidades e tecnologias que aprimoraram qualidade de vida, agilizaram processos, reduziram ameaças, escalaram soluções.

Em oito anos de Sputnik, mostrando a complexidade contemporânea e o quanto ela afeta o mundo dos negócios, muitos alunos nos perguntam se é possível encarar o futuro sem medo. Sim e não. Aqueles que estiverem abertos à reinvenção de processos, times e lideranças, certamente irão navegar  para um mundo mais próspero, diferente dos comportamentos fixos calcados no formato de industrial, que já não cabe mais. Sabemos que para essa transformação de fato acontecer, a aprendizagem dentro das empresas precisa ser protagonista e estratégica, ferramentando a força de trabalho para esse novo momento organizacional.

Nesse sentido, destaco 3 lições que observamos:

1. Comunidade de aprendizagem: as trocas potencializam a aprendizagem;

2. Aprendizagem intencional: o aprender só acontece quando há intenção, é ela que, de fato, potencializa absorção de conhecimento, e, por isso, precisamos repensar formatos educacionais top-down;

3. Aprendizagem como estratégia: não é só dar treinamento, é impulsionar resultados.

Períodos como o atual sempre impõem retração. É inerente uma atitude de permanência em lugares seguros e tradicionais quando estamos em rotas incertas.

Mas não podemos ancorar em mares instáveis. É justamente neles em que não podemos parar. Isso seria permanecer em modelos que não funcionam e emperrar avanços ricos como os que temos tido – em formatos de aprendizagem disruptivos, modelos de trabalho híbridos, mais diversidade e intraempreendedorismo, para citar alguns dos principais que vivenciamos este ano, nos mais de 60 projetos realizados com mais de 18 mil alunos em dezenas de grandes empresas no país.

Para esse último trimestre, que invariavelmente vem carregado de fechamentos reflexivos, trazemos uma proposta: encarar o cenário de incerteza como uma travessia do aprender.

Precisamos – e podemos! – aprender a navegar esse momento, os desafios, as mudanças. E com agilidade e construção conjunta das ferramentas, para decifrarmos os mapas certos. 

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