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Os desafios de crédito para o setor agropecuário

Foto: divulgação.

Por Luís Lapo, diretor de risco da Traive.

É comum que todo início de ano o produtor rural reavalie oportunidades de safra para os meses seguintes.

Essa dinâmica traz reflexos para toda a cadeia de fornecimento, o que, invariavelmente, torna-se um ponto de atenção na gestão das esteiras de crédito. 

O mercado brasileiro, em razão principalmente do tamanho da sua produção agropecuária, conta com algumas particularidades em relação a outros países no aspecto de crédito rural.

No Estados Unidos, por exemplo, o crédito vem do sistema bancário, em redes muito mais regionalizadas e espalhadas por todo o território nacional.

Já no Brasil, as opções de financiamento via Bancos são insuficientes, e nem todos estão interessados ou dispostos a fornecer crédito a todos os produtores.

Historicamente, os recursos oriundos do sistema financeiro para financiamento da agropecuária no Brasil sempre foram insuficientes, o que proporcionou o surgimento do crédito mercantil, ou seja, as próprias indústrias e revendas de insumos agrícolas financiando a agropecuária através da venda de insumos a prazo.   

Considerando-se o crescimento constante da produção agropecuária brasileira, intensificação de tecnologias e grande aumento dos custos de produção nos últimos anos, observa-se um aumento significativo na necessidade de recursos para custear a produção agropecuária.

Os limites de crédito atuais oriundos do sistema financeiro ou do crédito mercantil não crescem no mesmo ritmo do aumento dos custos, principalmente por questões técnicas relacionadas à metodologia de análise de crédito e pelo apetite de risco dos emprestadores. 

Para driblar esses desafios, as indústrias e revendas de insumos agrícolas acabam assumindo o papel cada vez mais protagonista de financiadoras do produtor rural.

Mas essa é uma atividade que pode ser muito onerosa e arriscada, pois por vezes a análise e o monitoramento dos recebíveis não são realizadas de forma adequada, acarretando em perdas que podem ser desastrosas. 

Não é demais dizer que tamanha responsabilidade quando associada a um bom nível de profissionalização e entendimento de princípios de gestão de riscos, pode garantir um diferencial competitivo importante para indústrias, cooperativas e revendas de insumos agrícolas, uma vez que o crédito passa a ser um catalisador de vendas.

As empresas  que estão encarando a profissionalização e digitalização de forma séria, conseguirão obter resultados e crescimento potencial maiores, mesmo sendo o ano mais desafiador que anos anteriores, vis a vis aumentos dos custos e redução das margens de lucro de uma forma geral.  

Além disso, essa profissionalização ajuda tanto as empresas que desejam realizar operações de fusões e aquisições em 2023, quanto aquelas que desejam manter-se independentes porém sustentáveis.

Isso porque, em média, 80% das vendas dessas empresas são à prazo, e em tecnologia e profissionais capacitados, não estarão aptas a analisar tão rápida e minuciosamente o risco desse crédito.

Para este ano, um dos grandes desafios de qualquer empresa que venda insumos para a agropecuária  é tornar a esteira de crédito o ponto central na estratégia de negócio, que não necessariamente instituições financeiras, que assumem o importante papel de financiadores da produção agrícola nacional. 

O crédito passa a ser cada vez mais protagonista na estratégia dessas empresas. E quem atua em tecnologia para crédito no agro tem bastante orgulho de promover a transformação digital nessas empresas.

Capacitá-las para assumirem, de fato, papel estratégico no segmento e sustentar o crescimento de forma saudável para todo o setor. 

A área de crédito já não é mais aquela área antiga que está ali pra dizer não. O que a tecnologia de gestão de risco no crédito promove é a viabilização de mais vendas, para mais gente, com um crescimento acelerado dessas empresas, expansão geográfica da rede e das vendas… Com mais segurança, mais velocidade e menos burocracia. 

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