De acordo com o levantamento da plataforma SlingHub, o volume de investimentos nas startups brasileiras caiu pela metade no ano passado, saindo do patamar de US$ 10,5 bilhões para US$ 5,2 bilhões. Um acúmulo de fatores, como inflação e cortes de custos, levou ao resultado abaixo do esperado. Com isso, surge a pergunta: o que podemos esperar do cenário das startups em 2023?
Para responder essa pergunta e conhecer o modelo de negócios da Inovenow, especializada em educação empreendedora que já capacitou quase 2 mil startups, o Economia SP Drops conversou com Vanessa Pessoa, CEO da edtech. Confira abaixo:
Como está o cenário para startups em 2023? Quais as perspectivas?
Vanessa: Acredito que é um momento que demanda mais preparo dos empreendedores para fazer os negócios gerarem receita e terem certo equilíbrio financeiro para não depender tanto do dinheiro de investidores. Em um cenário mais conservador no contexto de investimento é preciso ter bastante consistência para crescer.
Como surgiu o modelo de negócio da InoveNow?
Vanessa: Antes de ser plataforma, a Inovenow cresceu como consultoria especializada na execução de programas de educação empreendedora e aceleração de startups, contexto que trouxe muita maturidade ao time para desenvolver um produto capaz de escalar jornadas educacionais complexas, envolvendo mentorias, workshops, conteúdos em diversos formatos e eventos sincronos e assincronos. Toda a receita gerada foi investida na evolução e crescimento do negócio, que agora tem segue um modelo de platform-as-a-service (PaaS), pois além do produto que escala jornadas educacionais, a Inovenow conta com mais de 400 empreendedores e experts do ecossistema nacional de startups, que atuam como mentores e instrutores sob demanda.
Como o Inovenow ajuda as startups? Quais os diferenciais?
Vanessa: Um dos pontos mais fortes é base de pessoas mentoras, é uma das maiores do país, com mais de 400 empreendedores e experts do ecossistema nacional de startups que atuam sob demanda nos projetos executados pela empresa e nas acelerações UpNow e GrowthNow, disponíveis para contratação no site. Empreender é complexo e cheio de desafios, por isso fazer mentorias constantes com pessoas mais experientes ajuda bastante nas tomadas de decisões e pode garantir que menos erros sejam cometidos.
Quais as principais orientações para quem vai começar um negócio neste ano? Quais os maiores pontos de atenção?
Vanessa: Decidir empreender muda tudo na vida de uma pessoa, não é só sobre ganhar dinheiro ou trabalho. No começo de qualquer negócio há muitos desafios para fazer funcionar, por isso é importante pensar bem e se planejar financeiramente, há muitos riscos envolvidos e a dedicação é o ponto-chave para sucesso ou fracasso. Importante sempre ter em vista que é um processo de aprendizado contínuo, que se pode começar pequeno, sem altos investimentos e na medida em que se vai conquistando mais clientes, você não precisa fazer tudo sozinho e assim pode ir formando sua equipe, trazendo sócios complementares, além de ir criando parcerias estratégicas.
Para quem quer tirar uma ideia do papel, qual o passo-a-passo?
Vanessa: O ponto de partida mais importante, ao meu ver, é a vontade, pois sem dedicação não tem como dar certo. A pessoa empreendedora deve conhecer muito bem o problema e o perfil dos potenciais clientes, isso é determinante para que a solução (produto ou serviço) chegue aos primeiros clientes. Na Inovenow, por exemplo, no primeiro ano tivemos apenas quatro clientes, que se tornaram cases super interessantes para vendas no ano seguinte e assim fomos crescendo de forma consistente a ano.
Quais setores devem ganhar mais força este ano?
Vanessa: Temos visto nos últimos anos muitas discussões em função do capitalismo consciente, ESG, ODS e acredito fortemente que em 2023 devem nascer muitos negócios de impacto social e ambiental. Há muita oportunidade em mercados mais tradicionais como saúde, educação, logística, pois há uma quantidade absurda de problemas que podem ser solucionados de maneira inovadora com tecnologia.
Quais as estratégias para alcançar os mercados menos favorecidos com o ecossistema de inovação (ou seja, fora do eixo sul-sudeste) e quais as metas para essa democratização?
Vanessa: No contexto do modelo de negócio da Inovenow, sempre foi importante ter conexões e relacionamento constantes com as comunidades de startups e inovação espalhadas pelo país, bem como participar de grandes eventos nacionais e regionais. Esses movimentos foram fundamentais para que conseguissem formar a nossa rede de pessoas mentoras com bastante diversidade regional. Além disso, foi preciso estar em contato com as instituições de fomento mais atuantes com educação empreendedora, entender bem seus modelos de trabalho, realizar credenciamento, participar de editais e licitações para captar os projetos que faziam sentido para a operação. Assim, ganhamos reconhecimento por impulsionar cerca de 2 mil startups, conectando empreendedores de todo o Brasil em mais de 50 projetos.