Por Ana Paula Prado, CEO do Infojobs.
Um novo ano se inicia e com ele podemos observar novas tendências surgindo para o setor de Recursos Humanos. Ainda são muitos os desafios que a área enfrenta dentro das companhias, mas com um olhar atento podemos identificar as mudanças que chegaram para transformar e melhorar o setor.
De acordo com a “Pesquisa Global de Riscos 2022”, realizada pela PwC, 89% das empresas brasileiras relataram que acompanhar a velocidade das transformações digitais e de outras mudanças está entre os principais desafios quando pensam em gestão de riscos. O levantamento revela, ainda, que, para muitas companhias, é difícil acompanhar o ritmo dessas mudanças.
Acredito que a primeira grande adaptação do mercado de trabalho seja a alternância do modelo presencial para híbrido ou home office. Isso porque, o modelo a distância, que antes da pandemia era pouco adotado pelas empresas, agora tornou-se uma realidade, sendo até a preferência dos colaboradores. Já é possível, inclusive, observar este cenário em algumas pesquisas de mercado.
É o caso do levantamento divulgado pelo Datafolha, em dezembro do ano passado, ao qual apontou que mais da metade dos brasileiros não querem mais voltar ao modelo tradicional de trabalho – aquele que era necessário trabalhar presencialmente. Além disso, 24% das pessoas escolhem o trabalho remoto e outros 28% preferem o sistema híbrido.
Com essa preferência cada vez mais forte entre os colaboradores, muitas empresas estão perdendo talentos por não se adaptarem, não atenderem aos requisitos dos profissionais – ou, até mesmo, por não entenderem os novos comportamentos que nos permeiam desde a pandemia – e, ainda, não terem uma escuta ativa voltada ao time, de modo a compreender que estamos lidando com perfis que, de alguma forma, precisam de autonomia e flexibilidade no ambiente de trabalho.
Quando olhamos para o mercado internacional, uma pesquisa realizada pela Husky, fintech de transferências internacionais, apontou que o número de brasileiros que trabalham em home office para empresas estrangeiras cresceu 491%, entre 2020 e 2022. Na prática, as companhias no Brasil estão disputando bons talentos com as empresas no exterior. É justamente por este motivo que reforço essa “escuta ativa” para que possamos trabalhar nesta tendência, que é o trabalho remoto, de forma que possamos oferecer aos colaboradores uma liberdade para trabalhar de onde quiserem.
Outro tópico que o setor de RH deve se atentar é o employee experience (em português, a experiência do candidato). Em meio a um cenário de grandes layoffs – demissões em empresas de tecnologia –, vemos que, no momento, o mercado encontra-se com muitos profissionais à procura de uma nova oportunidade. Com tantos bons talentos à disposição, as companhias têm o desafio de mostrar aos candidatos os seus diferenciais para reter e engajar os colaboradores.
A experiência do candidato passa a ser cada vez mais importante e estratégico para o RH e aqui temos mais um tópico para ficar de olho. O RH precisa, mais do que nunca, ser estratégico. Falo isso porque os dados ajudam a orientar as decisões deste departamento, permitindo saber o real retorno que se tem sobre as pessoas – e com o principal objetivo de ajudar os recrutadores a entenderem melhor seus colaboradores. Desta forma, as informações ajudam o setor a analisar o desempenho do time, avaliar o perfil dos funcionários, entender os padrões de comportamento e planejar ações baseadas no capital humano, por exemplo.
Por fim, ao longo deste ano, devemos observar a digitalização do RH, que ajuda o departamento a ser mais ágil e preciso, contribuindo também para ser estratégico. Segundo um levantamento, realizado pelo Infojobs, 86% dos recrutadores afirmam que com uso da tecnologia houve uma redução do tempo gasto com fechamento de vagas. Isso evidencia a forma que a tecnologia pode ser uma aliada nos processos e contribuir, ainda, para a rapidez e precisão das decisões.
Todos os anos vemos novidades chegando para o setor de RH e mudanças de anos anteriores se consolidando. Por isso, as companhias devem ficar atentas ao mercado e se adaptarem para não ficarem para trás. Vamos juntos?