Por Marcelo Bissuh, CTO do TC.
Com a chegada de um novo ano, o mercado se movimenta em análises e projeções a fim de desenhar prováveis cenários e movimentações. Em 2023, a expectativa é retomar a discussão sobre o potencial das energias renováveis, graças ao aumento do número startups focadas na criação de novos projetos para tornar o mundo mais eficiente e sustentável.
Outro provável debate deve se dar no universo da Inteligência Artificial (IA), que fomentou o avanço de diversos segmentos em 2022. As aplicações que se destacaram no ano passado, como as interfaces de redes generativas (ou Inteligência Artificial Generativa – IAG), que transformam textos em imagem ou em vídeo, vão se manter em alta; assim como o ChatGPT, modelo de linguagem treinado para gerar textos escritos de forma natural, assim como um ser humano escreveria. Como exemplo, foi lançado neste mês o Canva Docs, cuja ferramenta “texto mágico” produz sozinha os textos.
No entanto, acredito que não devemos gerar expectativas em torno de algum descobrimento disruptivo em Inteligência Artificial. Isso porque não vimos no ano passado quebras disruptivas de fato, mas, sim, grandes e significativas melhorias nos custos relacionados a essas tecnologias.
Essas ações foram fundamentais, pois abriram oportunidades para que as tecnologias se democratizassem e se tornassem muito mais acessíveis. As interfaces de interação possibilitaram que as pessoas, mesmo aquelas sem nenhuma familiaridade com IA, conseguissem trocar ideias – como no ChatGPT – e usassem textos para gerar imagens, fazendo parecer que “tudo é novo”, embora nada seja necessariamente uma novidade.
Entretanto, isso não significa que esse segmento não será protagonista de muitas mudanças. Pelo contrário! Espera-se que, em 2023, algumas coisas importantes aconteçam no campo das invenções e de criações.
Uma delas é a participação ativa da IA no processo de investigação. Cientistas, professores e pesquisadores poderão receber assessoria de máquinas de IA, que irão ajudá-los a chegar a lugares que nunca sonharam em uma velocidade de tempo incrível.
Na área da saúde, novos medicamentos, novos diagnósticos e novas formas de tratamento e prevenção devem nascer da colaboração entre a IA e o reconhecimento de imagem. Também veremos o uso da tecnologia nas descobertas relacionadas à genética humana, análise de padrões de pacientes hospitalizados, entre outros.
Diante disso, tudo leva a crer que este ano será um ponto de inflexão para 2024, no que diz respeito ao direcionamento dos investimentos relacionados a essa área. Ainda no finalzinho de 2022, a corrida de investimentos voltados às criptos parece que foi direcionada para o segmento da Inteligência Artificial, com várias startups do mundo inteiro recebendo aportes nesse campo. Porém, essas startups que receberam investimento não necessariamente estão criando novas tendências, e sim aplicando a IA na solução para o segmento em que atuam.
Seja por meio de investimento ou pela própria evolução dessa tecnologia, 2023 será o momento para consumirmos aquilo que inventamos nos últimos anos e aproveitarmos os custos menores relacionados ao uso dessas inovações. Aí, quem sabe, em 2024 estaremos mais bem direcionados para saber o que vamos precisar quebrar ou disruptar no que diz respeito à Inteligência Artificial.