Por Constanza Hummel, CEO e sócia-fundadora da Building 8.
Nos últimos anos as empresas passaram a enxergar a educação corporativa como parte importante da estratégia de crescimento e expansão de seus negócios. Segundo o último relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM), 55,4% dos empregadores entrevistados dizem encontrar lacunas de competências nos profissionais em seus respectivos mercados, o que é uma grande barreira no investimento em novas tecnologias que podem trazer inovações para os produtos e serviços de uma marca.
Eu sempre digo que aprender é o elixir da juventude e se formos fazer um paralelo para as organizações, para que uma empresa seja perpétua, cresça e conquiste seu propósito e ambição, precisa aprender a toda hora, em qualquer momento. Mais do que investir em treinamento e desenvolvimento, empresas, colaboradores e líderes devem abraçar uma cultura de aprendizagem corporativa e introduzir metodologias eficazes, que ofereçam alto poder de transformação para o próprio colaborador e, consequentemente, para a companhia. Neste contexto, é primordial estar atento às novas formas de aprender, que acelerem a aquisição das soft e das hard skills e se adequem à realidade da cada empresa.
Um exemplo disso, que dá força ao argumento central da nossa discussão, é a meteórica ascensão do ChatGPT. A ferramenta levantou discussões sobre o futuro do trabalho, das escolas e de suas infinitas possibilidades de uso. O que quero dizer é que a tecnologia, além de estar se desenvolvendo rapidamente, está a um dedo de distância de ser acessada por qualquer pessoa que tenha internet. Dessa maneira, estar conectado com as tendências e facilidades que os recursos tecnológicos nos proporcionam pode ser uma enorme oportunidade de cobrir esses gaps, que separa uma organização entre onde ela está hoje e o lugar que merece estar.
Algumas dessas soluções já se tornaram verdadeiras tendências para o mercado de T&D (Treinamento e Desenvolvimento) e prometem ser cada vez mais comentadas no ecossistema corporativo este ano. As principais delas são:
1- Microlearning e nanolearning
Com duração rápida, normalmente de 1 a 5 minutos, o método reúne informações relevantes, com linguagem simples e direta que, em muitos casos, oferecem uma solução imediata para um desafio pontual, on time. O investimento na metodologia vem ganhando popularidade não só por promover o desenvolvimento dos colaboradores, mas também por garantir um custo otimizado para produção e manutenção. Ou seja, é um direcionamento prático, rápido e barato, que traz um suporte alinhado às atividades do dia a dia de uma empresa, dispensando teorias que não serão úteis para as funções dos times. Assim, as companhias conseguem fidelizar seus aprendizes por meio da percepção de valor das ações propostas, o que, em um período de constantes atualizações de mercado como o atual, tende a ser essencial para o crescimento dos negócios.
2- Aprendizagem phygital
Fusão entre a palavra “físico”, em inglês, com “digital”, a aprendizagem phygital é muito mais do que um termo bonito. Com a digitalização de processos na imensa maioria das empresas, muitas estão entendendo o seu potencial de oferecer soluções que expandem a experiência de compra e de interação entre marcas e clientes. Por essa razão, uma educação corporativa omnichannel, que leve em consideração diversos canais, facilitando acessos e aumentando o engajamento, tem ganhado espaço justamente por compreender que os colaboradores também são consumidores e fazem parte dessa jornada. Portanto, é um formato excelente para iniciativas imersivas, como experiências virtuais e games, por exemplo. A transparência e a comunicação, também são pontos-chave dessa estratégia, afinal, são estruturas baseadas em um profundo conhecimento sobre o público – no caso, os aprendizes -, suas reais necessidades, dificuldades e anseios.
3- Aprendizagem autodirigida e social
Na aprendizagem autodirigida, como seu nome já nos diz, você é capaz de organizar e desenhar a sua própria jornada de aprendizagem, isto é, você é o protagonista do seu conhecimento. Logo, para impulsionar mais esse aprendizado, o profissional pode procurar por soluções que o auxiliem nesse processo. Já a aprendizagem social significa aprender a partir de um conjunto de relações sociais do indivíduo, através da manifestação grupal e social a que pertence. Somos seres sociais, portanto, essa metodologia é caracterizada pela troca de experiências, interações e relações da vida coletiva.
4- Learning in the Flow of Work
O LIFOW, tem se destacado pela utilização eficiente de recursos digitais, ancorada na rotina dos colaboradores. Como o próprio nome diz, ela envolve a aprendizagem feita no fluxo de trabalho; não é necessário parar e, literalmente, dizer como os times devem agir, uma vez que, muito provavelmente, precisarão ouvir mais uma vez novas orientações no momento da prática. Logo, com tecnologias de realidade aumentada ou virtual, plataformas inteligentes, chatbots ou mesmo de inteligência artificial, entre outros recursos otimiza o aprendizado aumentando a capacidade de atuação dos indivíduos e equipes, mesmo que tenham sido formadas recentemente ou por profissionais menos experientes. Em suma, é um método que acelera a adaptação pessoal dos entrantes e potencializa a sua relação com o trabalho.
5- Reskilling
Essa metodologia significa aprender novas habilidades, a fim de que o profissional possa se requalificar para o mercado de trabalho e adquirir novas competências através de treinamentos. Com as constantes mudanças que acontecem no meio corporativo, é preciso estar sempre se atualizando e acompanhando essas demandas que surgem para que o trabalhador possa estar bem capacitado. Desse modo, é uma modalidade recorrente, que fomenta uma aprendizagem contínua, impulsiona o engajamento e possibilita a retenção de talentos.