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ESG não é gasto, é investimento que gera lucro

Fábrica de Graffiti. Foto: Utrópica4

Por Paula Mesquita Lage, idealizadora e produtora executiva da Fábrica de Graffiti.

A perspectiva de futuro de um negócio, hoje, está diretamente relacionada ao seu comprometimento com ESG. Essa é a régua usada por consumidores, investidores e também pela natureza, que clama por sustentabilidade. Mas, ao contrário dos que pensam  que investir em ESG é um gasto apenas para conquistar a opinião pública, aderir ao ESG é lucrativo.

De acordo com a pesquisa global da Infosys, Radar ESG 2023, o investimento das empresas em ESG deve alcançar US$ 53 trilhões até 2025 – isso significa um terço dos ativos globais. Dos mais de 2.500 executivos e gerentes de negócios entrevistados, 90% reconhecem que as iniciativas ESG trazem retorno financeiro positivo, sendo 61% para retorno moderado e 29% para retorno significativo. Para 66%, o prazo para esse retorno é de até três anos.

A pesquisa também aponta que as empresas têm focado mais no acompanhamento das métricas “E” da sigla, isto é, Ambiental, do que das métricas “S”, Social, e “G”, Governança, e que isso é muito prejudicial, já que o ESG só funciona como um todo. As iniciativas não podem, nem devem servir de maquiagem para esconder uma conduta que não é completamente sustentável.

Para alcançar totalmente suas metas ESG nas três áreas, o estudo recomenda que as empresas procurem a ajuda de agentes externos especializados. Entre os negócios que participaram da pesquisa, aqueles que buscam assistência ESG por meio de organizações sem fins lucrativos são os que têm os melhores resultados financeiros, mas isso corresponde a apenas 26% deles. Muitas empresas estão perdendo a chance de fazer dinheiro.

A ArcelorMittal, a Belgo Bekaert Arames e a Tigre, por exemplo, são algumas das corporações que encontraram em parceiros algumas soluções para as demandas ESG. Com a Fábrica de Graffiti, elas estão levando arte para as comunidades dos distritos industriais onde atuam, regiões onde a população tem menor acesso à fruição e formação artística.

Até hoje, a Fábrica de Graffiti captou mais de R$ 3 milhões e pintou mais de 32.300 m², ou seja, transformou mais de 32,3 Km de painéis e empenas em obras de arte, deixando um legado para comunidades em cidades do interior de vários estados brasileiros.

A arte de rua é a expressão artística mais democrática que existe, porque ela nasceu de manifestações do povo e se encontra em locais públicos. As cidades que recebem a Fábrica de Graffiti, pintadas por um time diverso de artistas, são transformadas em verdadeiras galerias de arte a céu aberto. E em cada edição, adolescentes da rede pública de educação têm a oportunidade de fazer um curso profissionalizante de graffiti.

A Fábrica de Graffiti também atua com responsabilidade ambiental. Todos os resíduos gerados pelos projetos, seja em plástico, papelão ou metal, são recolhidos e encaminhados para cooperativas locais de reciclagem, e a água contaminada por tinta é coletada e tratada antes de voltar para a natureza. A iniciativa promove, ainda, diversidade e inclusão dentro de sua equipe. Dos mais de 200 artistas que já passaram pelo projeto, mais de 50% são mulheres e há forte representatividade negra, indígena e LGBTQIAP+. Todos e todas recebem cachês iguais, proporcionalmente à área pintada.

Segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), Quais são as evidências sobre o papel das artes na melhoria da saúde e bem-estar?, que reúne mais de 900 estudos, o contato com a arte fortalece os vínculos sociais, especialmente entre pessoas que vivem em regiões desfavorecidas; desenvolve habilidades cognitivas e emocionais, auxiliando na resolução de conflitos; reduz o preconceito e a discriminação ao promover uma compreensão cultural; e entre crianças em vulnerabilidade social, pode reduzir a ansiedade, a depressão, a evasão escolar e a agressividade.

Ou seja, a Fábrica de Graffiti fortalece o eixo “S” das metas ESG de negócios que têm um compromisso com o desenvolvimento social de suas comunidades vizinhas. E no setor onde você atua, qual é a organização que pode fortalecer a sustentabilidade da sua empresa?

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