Atualmente, o aumento do volume de dados gerenciados por equipes financeiras é um dos principais limitadores para a produtividade das equipes deste setor.
De acordo com o estudo The Future of the Finance, ao menos 59% dos recursos do departamento de finanças são gastos em processos manuais, e profissionais gastam até 800 horas por ano em planilhas e retrabalho.
Ao mesmo tempo, a transformação digital deve causar impactos significativos na área já no curto prazo: segundo a consultoria Gartner, até 2025 mais de 40% das funções financeiras serão significativamente reformuladas devido à tecnologia.
Porém, para o CEO da Dattos, Guilherme Pessoa, além da adoção de soluções tecnológicas, o sucesso da transformação digital depende da construção de ambientes de trabalho dinâmicos.
Com 13 anos de experiência no desenvolvimento de soluções de automação para análises financeiras, Pessoa relaciona essa mudança cultural das empresas com o conceito de contabilidade contínua, uma abordagem que propõe a distribuição uniforme da carga de trabalho ao longo do período contábil.
A metodologia se apresenta como uma alternativa ao método tradicional da contabilidade, em que os maiores volumes de trabalho são realizados em um período específico (fim do mês, trimestre ou ano, por exemplo).
“A contabilidade contínua é um bom exemplo da necessidade de mudanças culturais pois um de seus primeiros princípios é o uso de tecnologia para automatizar procedimentos contábeis repetitivos e mecânicos. Porém, a automação sozinha não contempla toda a mudança necessária para a consolidação da metodologia. As equipes precisam estar inseridas em um ambiente dinâmico, em que o objetivo principal seja a melhoria contínua. A introdução de uma nova cultura é necessária, inclusive, para garantir processos menos burocráticos e engessados”.
Segundo o executivo, esse tipo de mudança demanda uma alteração na própria maneira como as equipes de contabilidade são percebidas dentro das empresas:
“Hoje em dia, não existe área que não seja estratégica dentro das empresas, todos os profissionais devem estar capacitados para contribuir com insights e melhorias. Para alcançar uma maturidade na transformação digital, é preciso haver uma mudança de mentalidade nas empresas sobre o papel da contabilidade para o sucesso de um negócio com sustentabilidade financeira”, complementa.
A metodologia se baseia no uso de novas tecnologias que permitem maior eficiência operacional no dia a dia das equipes contábeis.
Por isso, um dos primeiros princípios do continuous accounting é o uso de tecnologia para automatizar procedimentos repetitivos e mecânicos, com o objetivo de auxiliar na otimização gerencial de dados contábeis, eliminando os problemas de falta de padronização e qualidade informacional.
Outro princípio importante da metodologia é a distribuição de tarefas, a proposta é que a inserção de tecnologias no meio contábil diminua as cargas de trabalho dos times, para que estes possam dedicar mais tempo às atividades estratégicas, ao invés de demandas manuais, como o preenchimento de planilhas.
“Quando explicamos o conceito da abordagem contínua, pode parecer que sua implementação pode acontecer rapidamente ou ainda que é um conceito simples. Porém, costumo dizer que uma metodologia que altera a rotina dos funcionários e os coloca como pilares da eficiência da empresa causa uma mudança quase filosófica no modo de trabalhar. Executivos que unirem a adoção tecnológica com avaliação do modo de fazer dentro de suas empresas estarão em vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes”, conclui.
