O modelo de outsourcing não é, necessariamente, uma novidade, massim, um formato em construção e renovação constante.
Nesse modelo de contratação, empresas terceirizam demandas sem a necessidade de contratar equipes inteiras para um projeto específico.
A BossaBox, empresa especializada em terceirização de squads de TI, trabalha com um modelo diferenciado, lançando ao mercado os prolancers, profissionais que buscam construir uma carreira como freelancers.
O Economia SP Drops conversou com o Head de Produto e cofundador da Bossabox, João Zanocelo, para entender mais dessa atuação e seus benefícios, tanto para empresas quanto para profissionais de TI. Confira abaixo:
O que é o modelo de outsourcing para profissionais de TI
João: Tecnologia obviamente está se tornando cada vez mais importante para empresas de todos os tamanhos em diversos setores. Segundo a McKinsey, mais de 84% dos CEOs concordam que a inovação em tecnologia é importante para o crescimento. Porém, uma vez que a importância e a demanda por software cresce, a capacidade das empresas de atrair talento só diminui. Vemos vários motivos aqui, desde a incapacidade de formarmos pessoas desenvolvedoras à tempo como a competição global com empresas mais favorecidas cambialmente falando. O fato é que está mais difícil contratar e é nesse contexto que o outsourcing de TI vem se popularizando. Outsourcing de TI é quando uma companhia decide delegar parte do desenvolvimento de software para uma empresa ou pessoa terceira, ou seja, que não faz parte da sua equipe internalizada. Existem diversas formas e modelos de negócio que uma empresa pode optar para “terceirizar” desenvolvimento de software. As mais comuns são:
- Body shops: Fornecedores especializados em vender o tempo de pessoas especializadas em alguma habilidade que a contratante precisa suprir naquele momento. Muitas vezes, o modelo de negócios desse tipo de fornecedor é baseado em time and material (hora-homem).
- Consultorias de TI e Software Houses: Fornecedores que atuam como especialistas em toda cadeia de desenvolvimento de software, desde o planejamento até a implementação do projeto. O modelo de negócios desse tipo de fornecedor é muitas vezes baseado em um preço fixo por escopo do projeto.
E quais os benefícios para clientes trabalharem nesse formato?
João: Esses modelos vêm se tornando alternativas relevantes para empresas que buscam desenvolver software ou se transformarem digitalmente. O mercado de outsourcing global aumentou de US$45 bi em 2000 para US$85 bilhões em 2018. Apesar de existirem alguns riscos associados aos modelos que citei, esse crescimento pode ser explicado por 3 principais vantagens para empresas que buscam terceirizar desenvolvimento de software:
- Custo inferior a internalização de força de trabalho;
- Maior flexibilidade sem ter que arcar com burocracias externas ou internas da empresa;
- Alavancagem rápida de know-how que a empresa não possui ou não tem tempo/recurso para adquirir.
E para o profissional?
João: Pessoas querem vínculos profissionais cada vez mais flexíveis com as empresas que as contratam. Ao lado, alguns números apontam isso com uma clareza absurda. Os profissionais dessa nova geração buscam mais autonomia para escolher onde, quando, com quem e nos projetos que vão trabalhar. O modelo de freelancing tem total fit com essa crescente busca por autonomia e flexibilidade no trabalho. Por mais que as pessoas freelancers estejam muito mal servidas de soluções realmente boas e justas no mercado, o principal benefício que elas buscam é a flexibilidade absoluta, a capacidade de escolher sua especialização, em quais projetos vai trabalhar, para/com quem, no horário e no local que for mais conveniente para ele.
Como a BossaBox atua nesse sentido?
João: Somos uma solução digital para times de tecnologia de alta performance sob demanda. Nós alocamos e gerimos squads compostos por freelancers profissionais para empresas que buscam uma solução rápida, flexível e que gere resultado de negócio de fato. Nós somos diferentes de todos os modelos de outsourcing que citei nesse artigo. Quando olhamos para as soluções disponíveis no mercado, entendemos que existem riscos muito sérios relacionados a contratação desses modelos mais tradicionais:
- Custo Transferido: Custos fixos internos do fornecedor são repassados para o contratante, gerando preços desnecessariamente altos.
- Falsa Segurança: Contratos rígidos com objetivo de garantir previsibilidade não contabilizam mudanças imprevistas que alteram custos e prazos.
- Incentivo Oposto: Contratos baseados em horas ou escopo não garantem o resultado certo e afastam a execução do que é de fato sucesso.
- Risco Operacional: Emprego de processos inadequados de gestão, comunicação e execução afetam negativamente os resultados.
- Risco de Capacidade: Incapacidade para atender às demandas prometidas, seja por dificuldades em atrair ou reter talentos.
Por meio do nosso modelo de negócios, endereçamos todos esses riscos pois (1) trabalhamos com força de trabalho prolancer, (2) descobrimos e entregamos software com muita frequência, reduzindo o risco de fazer o produto errado, (3) temos um modelo baseado em garantia de performance, não de horas gastas ou escopo entregue, (4) temos uma metodologia de gestão testada em mais de 100 times e (3) temos a capacidade de contratar em menos de 10 dias prolancers qualificados em qualquer lugar do mundo. Além disso, é muito doído para o lado dos profissionais que buscam trabalhar como freelancer também. Essas pessoas muitas vezes dependem de marketplaces tradicionais como fonte de renda extra. Porém, nós acreditamos que esse modelo não funciona para quem quer ter uma carreira como freelancer.
Alguns dos problemas que essa pessoa enfrenta:
- Insegurança e pouca previsibilidade financeira;
- Ter que realizar tarefas burocráticas que fogem da sua paixão, como encontrar clientes, gerir o relacionamento, planejar o projeto etc.
- Baixa remuneração pelo fato de que a maioria dos marketplaces trabalham com leilão, o que faz com que o principal diferencial seja preço, reduzindo a média geral;
- Trabalho solitário e problemas com saúde mental,
Na BossaBox, nós resolvemos isso porque (1) o profissional trabalha em projetos com escopo maior e recebe por quinzena, (2) fazemos o trabalho chato pelo prolancer, (3) oferecemos remuneração superior à média CLT e (3) profissionais trabalham em time, não sozinhos.
Como surgiu o insight para esse modelo de negócio?
João: A empresa nasceu como Bossa iNova. Éramos uma consultoria padrão de desenvolvimento de software. Depois de um ano rodando nesse formato, percebemos que mais estávamos fazendo parte do problema do que da solução e, além disso, não tínhamos uma empresa escalável. Depois de participar de um programa de aceleração, encontramos um modelo que endereça os riscos que mencionei e que seja muito mais escalável que nossos competidores. Depois disso, passamos por diversas mudanças tanto no mercado que atendemos como também na solução que oferecemos a ele.
E como tem sido os resultados desse formato?
João: Iniciamos o ano projetando crescimento de 150% em 2023. Em 2022, iniciamos o ano com cerca de 21 mil prolancers e cerca de 2.400 profissionais seniores, neste ano, começamos com crescimento de 95% na base de profissionais. O número de mulheres nos cargos de tecnologia e produto também cresceu cerca de 67%. Ainda no ano passado, recebemos o investimento de US$ 1,5 milhão em rodada bridge, ou seja, uma extensão do investimento anterior recebido em 2020, no valor de R$8 milhões. Ambos aportes foram liderados pela Astella Investimentos, com a participação da Redpoint eventures. Esta última já havia aportado também R$1,6 milhão na companhia em 2019.
Quais os próximos passos e perspectivas da BossaBox?
João: Nosso foco principal agora é alcançar lucratividade esse ano. Nós já somos uma empresa que queima muito pouco mensalmente, queremos ser uma empresa que não só é eficiente financeiramente como também que cresce de forma sustentável. Para isso, vamos focar em 2 frentes principalmente: máquina de atração e refinar nosso modelo de gestão, trazendo mais dados e IA para nosso trabalho.