Por Carolina Gilberti, CEO da Mubius WomenTech Ventures.
Mesmo representando mais de 60% da força de trabalho no Brasil, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ainda estão em desvantagem em cargos de liderança.
Segundo o relatório Women in Business 2022, da Grant Thornton, apenas 38% dos cargos de liderança no país são ocupados por mulheres.
As empresas precisam pensar em medidas que gerem mudanças reais para esse cenário, como a criação de redes de apoio, mentoria e desenvolvimento para as trabalhadoras, garantir equidade salarial e comitês de defesa às mulheres e políticas de diversidade.
Veja 5 dicas que podem ajudar na criação e manutenção de lideranças femininas dentro das organizações:
Entenda o contexto
Muitas das mulheres no mercado de trabalho têm filhos ou cuidam de crianças e familiares. É preciso que a empresa se preocupe com a qualidade de vida da trabalhadora. A empresa auxilia a mulher quando oferece creches e locais adequados de recreação para o filho dela, e também possibilitando que elas tenham uma carga horária de trabalho flexível, com regime híbrido ou remoto.
Outro ponto crucial é transferir a pauta da maternidade para a parentalidade. A criança não é responsabilidade exclusiva da mulher, ela é parte de um todo que consiste em uma estrutura que deve ser mantida por várias esferas, desde a familiar até pública e privada.
Incentive programas de mentoria
Dentro do universo feminino de liderança no Brasil existe um fenômeno interessante que as empresas devem apoiar, é de “uma sobe e puxa outra”. Executivas que atingiram o auge de suas carreiras trazem outras mulheres. Gerar valor e abrir espaço para esse tipo de movimento é um primeiro passo que a corporação pode dar para que mais mulheres alcancem cargos de liderança.
Um exemplo de iniciativa inspiradora é da startup, AngelUs Network, empresa parte do portfólio da Mubius WomenTech Ventures, que tem o propósito de aumentar a representatividade feminina na liderança das empresas. A jornada pode ser percorrida de forma independente e empreendedora ou mesmo financiada por empresas que investem em suas colaboradoras por meio de um programa customizado.
Esteja aberto à diversidade
Não adianta abraçar as pautas femininas apenas no mês de março. Quando as empresas se mostram abertas e conectadas a essas pautas, cria-se um caminho de diálogo e de escuta que gera uma série de soluções.
O relatório Women in Business and Management: The Business Case for Change, em tradução livre, “Mulheres nos negócios e na gerência: por que mudar é importante para os negócios”, divulgado recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão pertencente à ONU, concluiu que empresas que investem em políticas de igualdade de gênero e diversidade apresentam melhores resultados.
Em relação à rentabilidade, a maioria das empresas que adotaram a diversidade relatou crescimento de 10% a 15% em sua receita.
Crie políticas de fomento
Para chegar aos cargos de liderança é necessário investir em educação, ter curso superior, pós-graduação e dominar mais de um idioma. As empresas podem criar incentivo para que as colaboradoras possam continuar os estudos, oferecendo bolsas de estudo em universidades, além de descontos em livros, cursos de reciclagem profissional e de idiomas.
Em contrapartida, o setor de recursos humanos deve acompanhar o desenvolvimento das futuras líderes, realizando reuniões e divulgando os programas de benefícios para incentivar outras mulheres.
Identifique e coíba preconceito
O mais indicado é que as empresas invistam em projetos de reeducação dos colaboradores, com enfoque, principalmente, nos homens. Manter canais de comunicação abertos para trocas de experiência e boas práticas ou até mesmo para denúncias.
Além de tudo, depois da apuração, é fundamental que a punição mais adequada seja aplicada ao funcionário que infringir regras, o que pode ser desde a demissão até instauração de inquérito judicial.