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Demissão humanizada não existe

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Foto: divulgação

Por Deives Rezende Filho, CEO e fundador da Condurú Consultoria.

Muito tem se falado nos últimos tempos sobre a demissão humanizada, especialmente nas redes sociais voltadas ao mercado de trabalho, como é o caso do LinkedIn, uma das principais hoje em dia.

Todavia, é importante que as pessoas saibam que demissão humanizada não existe, o que há é no máximo uma demissão respeitosa, visto que todo processo de demissão causa ruptura entre o empregador e o empregado. A demissão é oriunda de uma das partes, seja por insatisfação salarial, problemas pessoais ou questões de saúde, para citar as principais. 

Um processo de demissão sempre causa dor ou desconforto para quem é demitido ou para quem demite, exceto se o líder for um “psicopata corporativo” que não tem apreço às pessoas, emoções ou empatia. Frisando, mais uma vez, que o termo mais correto nesta situação é demissão respeitosa e não humanizada. Não há quem seja demitido e se sinta feliz, ainda mais quando a pessoa colaboradora possui anos na empresa. Ou, ainda, quando tida como uma das melhores da empresa, pede demissão e frustra os planos da gestão, por exemplo.

Todo processo de demissão acarreta mudanças significativas na vida da pessoa colaboradora dispensado, sendo as mais comuns: medo por ter perdido a renda e não poder pagar os boletos que continuam chegando, baixa autoestima, por mais que às vezes seja um layoff, não tem jeito, estar numa posição de desemprego quase sempre nos afeta negativamente, insegurança para conseguir uma nova oportunidade, medo da rejeição, receio do que a família vai pensar ou dizer a respeito, medo do futuro, que passa a ser muito incerto e imprevisível, tristeza por não estar mais perto de alguns colegas que se tornaram amigos e pavor de pensar em mudanças de rotina e corte de despesas.

Para citar um dos casos de maior repercussão sobre demissão nada humanizada, em outubro de 2022 o empresário Elon Musk, dono do Twitter, demitiu cerca de 6.500 funcionários sem aviso prévio, pegando muitos de surpresa com o bloqueio de sua conta de e-mail e acesso aos computadores corporativos. A grande maioria replicou nas redes sociais a sua insatisfação com a demissão e falta de respeito da empresa, visto que muitos eram colaboradores antigos. Na época, o empresário disse que as demissões ocorreram dessa forma, pois era muita gente para falar “cara a cara”.

Segundo um estudo do Employee Experience 2022, elaborado pelo Great Place to Work, 72,2% das corporações não treinam ou capacitam suas lideranças sobre demissão, dado esse que o relatório considera “alarmante”.

Além disso, em 45,1% das empresas não há critérios bem definidos para dispensar uma pessoa. A grande maioria (84,2%) faz uma reunião individual para comunicar o desligamento do funcionário e outra para dar a notícia ao resto da equipe (57,4%).

Outro ponto importante a se considerar sobre demissão humanizada é quando as empresas dispensam mulheres que recém tiveram bebê no seu retorno da licença-maternidade. Após 4 ou 6 meses vivenciando sua nova jornada como mãe e se preparando para o retorno ao trabalho, muitas são demitidas ficando totalmente abaladas e sem apoio nenhum por parte da empresa. Todas as situações apresentadas reforçam os dados da pesquisa acima, comprovando que a demissão não é humanizada e no máximo respeitosa e, em alguns casos apenas.

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