Por Felipe Bernardi Capistrano Diniz.
Após uma década de inovação, novos modelos podem mudar o mundo da mesma forma que a internet fez.
A inteligência artificial gerou um valor tremendo em várias aplicações ao longo da última década, incluindo busca, direcionamento de anúncios e recomendações. No entanto, quase todos esses ganhos foram para gigantes de tecnologia como o Google e o Facebook.
Apesar do alvoroço e da atividade relacionada às startups, a IA não trouxe uma transformação de mercado semelhante à internet ou aos dispositivos móveis, onde uma nova classe inteira de empresas emergem e se tornam conhecidas pelo público. Isso pode mudar em breve.
Apesar das enormes capacidades da IA, as realidades econômicas para seu uso não têm sido favoráveis para as startups.
Frequentemente, o valor que uma empresa obtém da IA diminui rapidamente ao longo do tempo e, portanto, exige investimentos contínuos e significativos.
Embora os benefícios sejam tangíveis, é difícil para as startups manterem o crescimento e se destacarem das abordagens mais convencionais.
Como resultado, o valor principal da IA tem sido melhorar as operações existentes para empresas estabelecidas que têm os recursos para investir nos níveis necessários.
Os primeiros investidores tendem a se concentrar mais no crescimento do que nas margens. Para levantar capital e manter o conselho satisfeito, a empresa continua contratando pessoas em vez de investir na automação, o que de qualquer forma se mostra complexo devido às complicações mencionadas anteriormente.
Quando a empresa está pronta para receber investimentos em nível de crescimento, ela já construiu uma organização inteira baseada na contratação de humanos, e é difícil desfazer isso.
O resultado é um negócio que mostra um crescimento inicial relativamente alto, mas mantém uma margem baixa e, ao longo do tempo, torna-se difícil de escalar.
Felizmente, esse não parece ser o caso com a atual onda de aplicações de IA generativa, como o ChatGPT, e os modelos de fundação, como o GPT-4, que os impulsionam.
Embora ainda esteja em estágio inicial, já estamos vendo casos de uso em mercados existentes com melhorias em termos de tempo, custo e desempenho.
Isso tem levado a uma das mais rápidas adoções de tecnologia e produtos na história da indústria de software. Podemos estar vivenciando o início de um novo superciclo, comparável ao advento do microchip ou da internet.
Isso tudo significa oportunidade para a nova classe de startups de IA generativa evoluir junto com os usuários, enquanto os incumbentes se concentram em aplicar a tecnologia em suas linhas de negócio existentes e mais rentáveis.
A IA generativa pode trazer benefícios econômicos reais para grandes indústrias com cargas de trabalho estabelecidas e caras.
Modelos de linguagem de grande escala podem economizar custos ao realizar tarefas como resumir documentos sem substituir advogados, para citar um exemplo.
E há muitos empregos semelhantes espalhados por áreas como medicina, programação de computadores, design e entretenimento.
Considere a tarefa de criar uma imagem para uso em conteúdo de marketing ou em um pôster de filme. Para empresas que utilizam sua própria versão de um modelo de código aberto como Stable Diffusion, custa aproximadamente 0,1 centavo e leva cerca de um segundo para gerar uma imagem.
Contratar um designer gráfico ou um fotógrafo custaria centenas de dólares e levaria horas ou dias. Mesmo que, para simplificar, subestimemos o custo em US$100 e o tempo em uma hora, a IA generativa é 1/100.000 do custo e 3.600 vezes mais rápida que a alternativa humana.
Para que a IA generativa reformule nossas economias e vidas na mesma medida, é preciso assumir um ritmo ininterrupto de inovação, mas muitos especialistas acreditam que veremos progresso contínuo.
Pode haver dificuldades ao longo do caminho, como as greves de Hollywood, mas o resultado final será mais empregos, maior expansão econômica e melhores produtos para os consumidores. Isso foi o caso com o microchip e a internet, e será também com a IA generativa.
