Por Ronaldo Bias Ferreira Jr., sócio-diretor da u.ma.
São muitos os desafios que uma empresa tem para conseguir colocar pessoas diversas, que representam não só os colaboradores e colaboradoras, como também todos os clientes e parceiros comerciais, no centro do negócio.
Estas pessoas se transformam todos os dias e, assim, vão impondo uma nova cultura a um tempo que parece passar cada vez mais rápido.
Ambientes corporativos diversos e inclusivos, oportunidades mais equânimes, práticas de ESG e até mesmo índices mais complicados de se mensurar, como a Felicidade Interna Bruta (FIB) dos colaboradores.
Pesquisas mostram que as empresas que lideram as transformações são aquelas que conseguem mudar sua cultura a partir do entendimento das necessidades e dos desejos humanos.
Mudanças positivas sempre motivam outras transformações, pois as coisas passam a fluir de forma orgânica e abundante, justificando uma explosão de ideias e soluções.
Por isso, no mundo corporativo atual, empresas conectadas verdadeiramente às pessoas estão cada vez mais conscientes do seu papel, além do mero objetivo de gerar lucro: elas sabem que têm uma grande influência na sociedade e em diversos aspectos da vida.
Uma das formas mais efetivas de exercer esta responsabilidade está em se posicionar explicitamente perante questões que se apresentam no dia-a-dia.
Por isso, investem e apoiam o letramento e a educação, valorizam relações de respeito e têm tolerância zero com preconceito. Estas empresas criam ambientes seguros para que as pessoas possam ser quem são e implementam políticas afirmativas de inclusão.
Quando as organizações se posicionam para promover essas práticas, demonstram comprometimento com a justiça social e respeito pela individualidade de cada um do time. Os benefícios destas ações são amplos e impactam tanto as pessoas quanto a própria companhia.
A inovação é um exemplo, pois as diferentes perspectivas e experiências trazidas por colaboradores de origens diversas, levam a um ambiente propício para a descoberta de novos caminhos e soluções. A troca de ideias pode levar a soluções mais criativas, seguras e a novas abordagens para os desafios.
Outra vantagem é a atração de profissionais talentosos, que procuram empresas que compartilham os seus valores. Além disso, a exposição a diferentes culturas e perspectivas enriquece o desenvolvimento pessoal e profissional, tornando colaboradores mais adaptáveis e empáticos.
Aqui na um.a Diversidade Criativa, com muito foco e determinação, nos tornamos um espaço seguro e atrativo para diferentes pessoas e, assim, conseguimos incluir diferentes profissionais em nosso time.
Com isso, melhoramos o clima organizacional e os resultados da agência. Aprendemos a alinhar os nossos “sim” e “não” com os “valores” que de fato acreditamos. Encontramos um ritmo mais humano para nosso negócio, pois paramos para entender e ressignificar processos que não faziam mais sentido.
Hoje, temos 27 anos de mercado e sabemos que não somos uma ilha, e que as coisas não funcionam de maneira isolada no mercado. Temos consciência de que para garantir nossos resultados de forma sustentável, o mercado precisa evoluir junto.
Por isso, sempre compartilhamos avanços. Seja a partir das nossas contribuições na associação que reúne as principais agências de Live Marketing do Brasil (AMPRO), ou programas de estágio, ou ainda criando programas de capacitação como o Mestre Diversidade Inclusiva (MDI).
Também periodicamente lançamos campanhas e ações que buscam ampliar para os clientes e ao mercado nossas vivências e boas práticas.
Queremos incluir mais gente nos bons papos que travamos aqui dentro da agência. Como aliados da Diversidade e Inclusão que nos tornamos, estamos sempre tentando furar a bolha que nos tornamos.
Uma campanha com posicionamento
Fernando Teixeira, head de planejamento na agência, lançou a campanha “Vem dar Match com a um.a”. Ele conta que a campanha fala sobre relações de respeito que merecemos e que temos que praticar com outras pessoas, no corporativo e fora dele.
“O objetivo é mostrar a nossa clara posição sobre inclusão, a partir do letramento e da educação. Mostrar a tolerância zero que temos em relação a qualquer tipo de preconceito, mostrar a crueldade dos processos predatórios e enaltecer a liberdade, a responsabilidade e os resultados do trabalho profissional”.
Claro que uma campanha assim, direta e conectada à realidade das pessoas, ainda pode parecer irreal ou romântica para alguns, mas estamos falando de business.
E nestes tempos em que vivemos, empresas que abraçam as diferenças e que são vistas como defensoras explícitas das boas práticas de ESG.
Entretanto, se posicionar no mercado como uma empresa que valoriza e prioriza princípios também tem seus riscos: o primeiro deles é a inconsistência. Se a empresa não colocar em prática os valores que defende, pode ser vista como oportunista e ter sua reputação e credibilidade abaladas.
Os desafios da inclusão
Os desafios de implementação ou a não promoção ou prática de letramento, educação e vivências no dia a dia, podem gerar conflitos internos entre os colaboradores, especialmente em organizações que ainda possuem uma cultura conservadora ou resistente a mudanças.
Samanta Lopes, responsável pelas iniciativas de diversidade e Inclusão na um.a, afirma que toda empresa que hoje fala de boas práticas de ESG precisa trazer o “S” bem definido, porque ele começa dentro de casa.
“Nenhuma proposta de inovar ou de fazer diferente será compatível com a realidade que estamos vivendo se estiver conectada com as identidades das quais pretende fazer negócios, gerar relacionamentos ou até mesmo apoiar”.
Ela acredita que a empresa que não trouxer em sua estrutura, na sua cadeia de parcerias e de fornecimento a conexão com as pessoas, poderá no médio ou longo prazo sofrer com o cancelamento das marcas.
“Hoje aumenta a cobrança dos grupos de investimento, entre outros, sobre ações reais. Dados são pedidos para validar o que cada empresa está fazendo de diferente; se está colaborando de alguma forma para reduzir os impactos ambientais; para gerar valores com verdadeiros impactos sociais e ter governanças que prezam pela transparência e pelas relações éticas”.
O posicionamento requer um comprometimento genuíno com a causa e ações efetivas para que dê certo e gere resultados.