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Na volta a gente NÃO compra. E eu vou te explicar por quê

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Thiago Godoy, educador financeiro da Rico.

O Dia das Crianças está chegando e você só consegue pensar em como gerenciar as expectativas dos seus filhos sobre presentes e passeios?

Quem já teve que navegar pelas águas turbulentas das birras infantis em frente a vitrines de brinquedos ou dentro de lanchonetes sabe o quão desafiador pode ser manter o equilíbrio entre atender às necessidades dos pequenos e garantir que eles compreendam o verdadeiro valor do dinheiro.

Nossas crianças, em sua inocência, nos colocam diante de perguntas que muitas vezes não temos respostas prontas. “Mãe, compra?” “Mas como assim caro, pai?” “É só passar o cartão!”.

Como ensinar finanças às crianças? Como fazê-las entender que o dinheiro não brota eternamente das árvores? Ou que o cartão de crédito não é uma entidade provedora de compras infinitas? Como lidar com as incessantes demandas financeiras de seus filhos?

O que talvez funcionasse antes está longe de dar certo no mundo super conectado de hoje.

Dizer apenas “na volta a gente compra” ou “isso é muito caro” são ações que podem segurar temporariamente o que a criança quer – mas que dificilmente serão soluções duradouras. Mais do que isso, não trarão uma educação financeira real para elas.

Então, como preparar nossos filhos para um futuro financeiramente saudável? As respostas a essas perguntas são cruciais e, felizmente, pesquisas recentes estão nos fornecendo informações valiosas.

O ciclo das demandas infantis: um desafio para os pais

Você, pai ou mãe, já enfrentou essa situação: seu filho implora por um brinquedo ou lanche sempre que vocês passam por uma loja ou lanchonete? Se você se identifica com essa cena, saiba que não está sozinho.

Lidar com essas situações pode ser um verdadeiro teste de paciência, levando a decisões impulsivas ou até mesmo a discussões familiares. Contudo, essas experiências cotidianas podem ser mais do que apenas momentos estressantes: elas representam uma oportunidade preciosa para introduzir a educação financeira na vida dos seus filhos.

Uma janela para a realidade financeira em família

A inédita pesquisa “Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?”, realizada pela Serasa em parceria com a Opinion Box, revelou dados que lançam luz sobre a forma como lidamos com o tema financeiro dentro de nossos lares.

Um dos resultados indica que, atualmente, 8 em cada 10 pais já conversam sobre finanças com seus filhos. Isso representa um avanço significativo em relação ao passado, quando o dinheiro era frequentemente um tabu nas conversas familiares.

Porém, ainda observamos que falta orientação aos pais em como falar sobre dinheiro com seus filhos. A grande maioria fala de dinheiro apenas para dizer quando algo é caro, ou que não é possível comprar. Dos que falam de dinheiro, apenas 40% mostram a importância de guardar para o futuro e apenas 20% mostram como organizar as finanças.

Esses números mostram a importância de um desenvolvimento estruturado na educação financeira de pais para filhos.

A importância da mesada na educação financeira

Em meio aos dados da pesquisa, um ponto curioso se destaca: 61% dos pais relatam não fornecer mesada aos filhos. No entanto, quando analisamos esses números levando em consideração a idade das crianças, surge uma percepção interessante.

Pais de crianças mais jovens, especialmente na faixa dos 6 a 11 anos, são mais propensos a dar mesada, seguidos pelos pais de adolescentes de 15 a 18 anos.

Mas o que a cultura da mesada tem a ver com a educação financeira?

A mesada desempenha um papel fundamental na educação financeira das crianças e adolescentes. E o aspecto mais importante é que ela oferece uma oportunidade real para as crianças aprenderem a administrar dinheiro. Elas podem praticar a tomada de decisões financeiras, como economizar, gastar e doar, sob a supervisão dos pais. Principalmente, elas podem errar e aprender com os seus erros.

A mesada ensina responsabilidade financeira desde cedo. As crianças aprendem que o dinheiro é limitado e que precisam fazer escolhas inteligentes para atender às suas necessidades e desejos.

Com a mesada, as crianças começam a entender as consequências de suas escolhas financeiras. Se gastarem todo o dinheiro rapidamente, ficarão sem recursos até a próxima mesada.

Assim, juntos à educação financeira, a mesada incentiva as crianças a definirem metas financeiras e ajuda a construir hábitos financeiros saudáveis. As crianças aprendem que, com o tempo, podem alcançar objetivos financeiros se economizarem e gastarem com sabedoria.

A mesada também abre espaço para o diálogo aberto sobre dinheiro entre pais e filhos. Os pais podem aproveitar esse momento para ensinar princípios financeiros e responder às perguntas das crianças.

No entanto, é importante que os pais estabeleçam regras claras e orientem seus filhos na gestão da mesada. Além disso, adaptar o valor da mesada à idade e ao nível de maturidade financeira da criança é essencial. A mesada é uma ferramenta valiosa para construir uma base sólida de educação financeira que beneficiará as crianças ao longo de suas vidas. Mas, como o próprio nome diz, é uma ferramenta e para ser bem utilizada precisa estar associada à orientação financeira.

Como e quando são formados os hábitos financeiros nas crianças?

Uma pergunta que sempre recebo é sobre quando é ideal começar a ensinar uma criança sobre dinheiro. Eu sempre respondo que a criança, antes de aprender a falar, vai observar o que os pais fazem e normalizar essas atitudes. Ou seja, se você adulto lida de forma caótica e conturbada com o dinheiro, provavelmente seus filhos vão imitar você.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan pelo Professor Scott Rick investigou a formação de hábitos financeiros em crianças, revelando resultados surpreendentes.

Descobriu-se que crianças com apenas cinco anos de idade já exibem reações emocionais distintas em relação a gastar e economizar dinheiro, e essas atitudes emocionais influenciam diretamente seus comportamentos financeiros.

Essa pesquisa nos lembra que a educação financeira não se trata apenas de números, mas também da relação emocional das crianças com o dinheiro.

Investindo no futuro financeiro de nossos filhos

O Dia das Crianças é uma oportunidade para refletir sobre a importância da educação financeira desde cedo. As incessantes demandas financeiras das crianças podem ser um desafio, mas também representam uma oportunidade valiosa para ensinar lições sobre dinheiro e responsabilidade.

Educar as crianças sobre finanças pessoais é investir no futuro financeiro delas e na construção de uma sociedade mais consciente financeiramente. Portanto, estejamos abertos ao diálogo e sejamos exemplos de boas práticas financeiras. Nossos filhos agradecerão no futuro!

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