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A linha tênue entre fábula e realidade que invadiu o ESG

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Augusto Neves, diretor de gente e gestão da Serede – Rede Conecta.

Em tradução direta para nossa língua, o ESG representa três pilares de enorme relevância contemporânea: Meio Ambiente, Social e Governança. Não por acaso, a sigla tem levado debates à exaustão sobre como as empresas precisam se movimentar para atender a demandas impostergáveis. De fato, priorizar políticas sustentáveis, uma relação de responsabilidade civil com a sociedade e uma governança corporativa ancorada por princípios e valores essenciais, é um objetivo que deve pautar gestores conscientes. Porém, junto à urgência do tema, um novo fenômeno tem colocado a integridade de organizações em dúvida, trazendo um alerta genuíno sobre como o ESG também pode sofrer com uma redoma de superficialidade prejudicial. 

Discursos vazios, falta de iniciativas efetivas e uma espécie de embelezamento do negócio que não encontra aderência com a realidade. A “fábula” por trás do ESG tem oferecido exemplos contundentes no noticiário, na medida em que evidenciamos problemas gravíssimos de Compliance e outros acontecimentos que deslegitimam a manifestação de uma causa tão importante. Neste momento, entendo ser imperativo que nós não subestimemos o impacto negativo de se designar ao ESG um estigma de diferencial publicitário, sob o risco de banalizarmos uma discussão emergente a nível global. 

Se você está familiarizado (a) com a definição de Greenwashing, sabe como o assunto é delicado. Na prática, o termo se refere a empresas que vendem uma imagem de companhia compromissada com o meio ambiente, mas que não contribuem de forma significativa para pautas sustentáveis. Seja por autopromoção ou para criar campanhas publicitárias que explorem o ESG, esse tipo de postura tem motivado questionamentos profundos sobre ações verdes desenvolvidas por companhias. O Bluewashing é outro exemplo, representando o descaso com direitos sociais, contradizendo propagandas as quais, em termos práticos, mostram-se enganosas.  

Para o consumidor, cada vez mais engajado com causas do tipo, o interesse é de realmente ir a fundo no grau de veracidade e comprometimento de empresas que sinalizam um vínculo com preceitos de ESG. Ir além do discurso, portanto, pode e deve ser prioridade entre lideranças envolvidas neste contexto. Se, por um lado, a linha pode parecer tênue, acredito no potencial de se contar com profissionais dedicados a nutrir o ESG com eficiência e inventividade, sempre observando tendências promissoras e tendo um respaldo concreto da alta gestão.  

Uma abordagem cultural como antídoto para transcender superfícies  

Os desafios existem, indubitavelmente, mas o primeiro passo para dar significância e, principalmente, provocar um efeito real por meio de ações de ESG é compreender que não se trata de uma novidade passageira, ou até mesmo uma necessidade seletiva, a missão de se posicionar com tópicos caros à sociedade é de todos, e precisa ocupar um espaço de obrigatoriedade no âmbito empresarial.  

Isso não quer dizer, vale mencionar, que processos serão readequados da noite para o dia, com todos os problemas solucionados e enquadrados nos requisitos citados. O ESG precisa ser trabalhado a nível cultural, disseminado entre profissionais e encabeçado por projetos fiéis à realidade do negócio. Nas três frentes – ambiental, social e corporativa, cabe um diagnóstico robusto sobre como e onde há abertura para se aprimorar etapas. Desta vez, respeitando uma ótica humanitária.  

Para encerrar minha contribuição ao tema, toda empresa, cada qual com suas particularidades, portes e circunstâncias, deve construir sua própria jornada com o ESG. Antes de qualquer coisa, é determinante que projetos direcionados à área sejam conduzidos com uma seriedade ilibada, fazendo jus a um compromisso inegociável. Caso contrário, corre-se o risco de que a balança penda para um aspecto perigoso, colocando a integridade da empresa em um estado generalizado de incerteza e desconfiança. 

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