Por Natália Santos, coordenadora de comunicação corporativa da Adistec.
Quando se fala em Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML), a primeira coisa que vem à cabeça é o temor da humanidade em ser subjugada a máquinas poderosas, culminando na eliminação da nossa espécie quando perceberem que não somos mais úteis.
A inovação faz parte do desenvolvimento tecnológico e estamos vivenciando a disrupção que soluções baseadas em IA generativa, como o ChatGPT da OpenAI, o Bard do Google e outras, estão impactando a sociedade e mercados como um todo devido sua aplicação em uma infinidade de ações no nosso dia a dia, provando ser muito útil e eficiente.
Então, vamos aproveitar e utilizá-las como uma aliada e não como uma ameaça.
Destacando o ChatGPT, que tem sido a solução de maior visibilidade, a ferramenta pode ser integrada a diversas plataformas, suas aplicações são infinitas e essas vantagens têm alavancado muito a sua utilização por empresas e profissionais.
O mercado corporativo, sobretudo nos segmentos de comunicação e marketing de conteúdo, tem feito muito uso do ChatGPT como um aliado para a geração de demandas em áreas de vendas e automação de marketing digital.
De acordo com estimativa do Gartner, até 2025, 30% das mensagens de marketing enviadas por organizações de grande porte serão geradas sinteticamente. Em 2022, esse número era inferior a 2%.
Os setores de vendas e atendimento ao cliente também se beneficiam com os usos da IA, uma vez que a plataforma tem a capacidade de criar textos simples sobre diversos assuntos, e dessa forma consegue agilizar e simplificar a criação de conteúdos, geração, qualificação, retenção e nutrição de leads, atendimento ao cliente, desenvolvimento de propostas e contratos.
Está comprovado que a IA generativa apresenta oportunidades reais para os negócios, mas vale lembrar que ela possui uma série de limitações e as ameaças também são reais, incluindo o potencial para “deepfakes”, questões de direitos autorais e outros usos maliciosos da tecnologia de IA generativa direcionados contra a sua organização.
No caso específico do trabalho jornalístico, que requer investigação, entrevista, análise e interpretação dos dados ou informações, continua sendo uma tarefa que exige habilidades humanas.
O ChatGPT pode ser útil na redação de um conteúdo básico e na coleta de informações, porém não tem a capacidade analítica aprofundada, exigida de um profissional e nem a capacidade de avaliar a veracidade dos dados fornecidos.
Por ser uma tecnologia ainda em desenvolvimento, muitas respostas podem ser imprecisas e até falsas, fato que vem corroborar que ela não substitui a produção humana, entregue por um especialista.
Avaliando pelo lado positivo, acredito, entretanto, que a tecnologia possui uma série de atrativos que garantem sua aderência no mercado, e que com o passar do tempo, tende a melhorar com o uso em massa. O ChatGPT fornece respostas rápidas, quase instantâneas, em qualquer idioma, sendo útil para obter informações ou soluções para problemas simples.
Além disso, sua disponibilidade 24×7 e sua acessibilidade, independentemente do horário ou localização geográfica, permitem que os usuários acessem informações de qualquer dispositivo móvel ou obtenham suporte a qualquer hora do dia, reduzindo custos operacionais para as empresas.
Nada substitui a criatividade humana
“Uma máquina consegue fazer o trabalho de 50 homens ordinários. Nenhuma máquina consegue fazer o trabalho de um homem extraordinário”
A frase do escritor e filósofo americano Elbert Hubbard (1856-1915) nunca fez tanto sentido como nessa era da Inteligência Artificial. Os inputs humanos são essenciais. Uma boa ferramenta sem alguém para ‘fazer as perguntas certas’ é como um navio sem capitão. É preciso ter alguém para comandar.
Voltando ao setor de automação em Marketing, embora haja empresas que anunciaram demissões de redatores para adotar apenas ferramentas de AI como o ChatGPT na produção de conteúdo, o aconselhável é que o uso da tecnologia seja feito por um profissional da área como um complemento das tarefas, para receber insights, extrair dados de diferentes fontes, ter argumentos, automatizar tarefas, e assim ter mais tempo para se dedicar a atividades estratégicas e mais relevantes para a empresa e o negócio.
Finalizo aqui com uma reflexão sobre as questões éticas e sociais relacionadas à inteligência artificial:
Embora as máquinas possam ser programadas para executar tarefas complexas e até mesmo imitar certos aspectos do pensamento humano, a responsabilidade final sobre elas e suas ações ainda é parte do propósito dos seres humanos.
Caberá a nós utilizarmos seu potencial a nosso favor.