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“Estamos determinadas a reescrever essa história”, afirma Ludmila Pontremolez sobre lideranças femininas

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Foto: Divulgação

Ao lembrar sua trajetória profissional, desde a graduação em Engenharia da Computação pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica e Ciência de Dados pela Stanford University), Ludmila Pontremolez conta que, apesar de notar aumento de mulheres no mercado, considera os avanços lentos.

Com passagens pela NASA, Microsoft e Square, Ludmila cofundou a Zippi, fintech que oferece capital de giro semanal para micro e pequenos empreendedores, onde é CTO atualmente.

A startup criou um meio de pagamento de crédito instantâneo para microempreendedores brasileiros, focando na agilidade, relevância e eficiência, ajudando a atingir todo o potencial do negócio.

O Economia SP Drops, na série especial de Empreendedorismo Feminino, conversou com Ludmila para saber mais sobre sua jornada e visão atual para outras mulheres que buscam espaço no empreendedorismo tecnológico. Confira:

Como você decidiu se tornar empreendedora e qual foi a motivação por trás disso?

Ludmila: Empreender nunca foi um objetivo para mim. A decisão de me aventurar no mundo do empreendedorismo surgiu após cinco anos de trabalho e vivência no Vale do Silício, quando senti um desejo profundo de retornar ao Brasil e criar uma cultura tecnológica semelhante à do Vale do Silício. Minha formação como Engenheira da Computação me permitiu acumular experiência na construção de software nos Estados Unidos, trabalhando em empresas como a NASA, Microsoft e Square. Durante esse período, percebi uma grande discrepância na abordagem à criação de software entre o Brasil e os Estados Unidos. A mudança para o empreendedorismo tomou forma quando tive a oportunidade de conhecer meus atuais sócios, André e Bruno. Eles compartilhavam minha paixão pela missão de criar produtos para microempreendedores no Brasil e demonstravam uma competência excepcional. Além disso, a ideia de servir como um modelo de referência para mulheres interessadas em seguir carreiras na área de tecnologia era outra motivação, considerando especialmente a baixa representatividade feminina nesse universo.

Como você vê o papel das mulheres no mundo dos negócios e como isso evoluiu ao longo do tempo?

Ludmila: No meu universo de empreendedorismo tecnológico, a representatividade feminina ainda é baixa, infelizmente. Ao longo dos últimos 10 anos desde a minha formação, percebo que houve um aumento gradual na presença de mulheres nesse campo, mas os avanços continuam sendo lentos. Acredito que é fundamental investir em mentorias e participar de eventos para conectar-se com outras mulheres empreendedoras. Isso nos permite ser fontes de apoio e inspiração mútua, fortalecendo nossa presença e influência no mundo dos negócios. Nosso compromisso em capacitar umas às outras é essencial para que nós sejamos pontos de apoio e inspiração!

Qual é a importância do networking e do apoio entre empreendedoras para o sucesso nos negócios?

Ludmila: Para mim, sempre foi muito importante. As mulheres ainda representam uma minoria no mundo do empreendedorismo tecnológico, e a escassez de referências é evidente. Na minha jornada acadêmica e profissional, eu sempre estive em ambientes predominantemente masculinos, desde a busca por minha formação em Engenharia até minha passagem pelo ITA que, inclusive, até o ano 2000 não aceitava mulheres e hoje ainda somos uma minoria. Essa experiência se estendeu à minha carreira em Engenharia de Software e, mais recentemente, como fundadora e CTO. Em todas as fases, o apoio de algumas mulheres foi muito importante para mim, seja como fonte de inspiração ou como um lembrete de que eu pertencia àquele espaço. 

Quais são os principais obstáculos que as mulheres empreendedoras ainda enfrentam atualmente?

Ludmila: Na minha perspectiva, um dos maiores desafios é a construção da credibilidade. Quando observamos o cenário empreendedor no Brasil, é notável que a representatividade das mulheres em tecnologia ainda é relativamente baixa. Apenas o fato de ocupar posições de liderança em um setor predominantemente masculino é uma quebra de paradigma, já que muitas pessoas com quem interagimos nunca tiveram a oportunidade de ver uma mulher desempenhando esse papel.

Como você vê a representatividade das mulheres em posições de liderança e como isso influencia o empreendedorismo feminino?

Ludmila: A representatividade das mulheres em posições de liderança ainda é lamentavelmente baixa, infelizmente. Na Zippi, estamos determinadas a reescrever essa história, e é gratificante observar que a maioria dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. O sucesso e crescimento dessas líderes servem como uma fonte significativa de inspiração não apenas para as mulheres do time, mas para todo o ecossistema empreendedor.

Quais são suas fontes de inspiração no mundo dos negócios?

Ludmila: Uma mulher que sempre me inspirou é a astrofísica Duilia de Mello. Tive a honra de trabalhar com ela na NASA, especificamente no Instituto do Telescópio Hubble. Duilia é uma profissional extremamente competente, generosa com seu tempo e uma verdadeira referência em um ambiente que muitas vezes é predominantemente masculino. O fato de termos uma brasileira com tanto prestígio na NASA é algo verdadeiramente especial.

Durante meu tempo no Square, também tive o privilégio de estar em contato com executivas excepcionais, como a ex-CFO Sarah Friar, que agora é CEO da Nextdoor, e Jackie Reeses, atual CEO do Lead Bank. Embora nossa interação não tenha sido próxima, as oportunidades que tive para aprender com elas e observá-las liderando unidades de negócios de grande relevância foram experiências marcantes que me inspiraram profundamente.

A Cláudia Massei, ex-colega do ITA e ex-CEO da Siemens, também é grande fonte de inspiração. Presenciar uma mulher da mesma escola alcançando posições de tanta responsabilidade em uma empresa global foi algo muito empoderador para mim!

Quais são seus próximos planos e objetivos? 

Ludmila: Estamos vivenciando um momento extremamente positivo na Zippi, com metas ambiciosas em mente! Nossa visão abrange tanto o crescimento de nossa oferta quanto o aprimoramento de nossa cultura. Um aspecto notável é a representatividade feminina em cargos de liderança. Além disso, temos uma cultura de tecnologia que valoriza profissionais empoderados com voz ativa, e estamos comprometidos em oferecer um serviço cada vez melhor aos nossos clientes. No ano de 2023, registramos um crescimento excepcional, expandindo nossa operação em 3 vezes o tamanho anterior. Essa trajetória de sucesso nos impulsiona a estabelecer metas ainda mais ambiciosas para 2024. Estamos entusiasmados com o que o futuro reserva para a Zippi e ansiosos para enfrentar os desafios e oportunidades que virão!

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