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“Falta de aporte de recursos é bem gritante”, diz CEO da STANDOUT

Foto: Luciano-Alves/divulgação.

Andrea Miranda é CEO e uma das co-fundadoras da STANDOUT, empresa referência em inteligência em trade marketing digital, que auxilia marcas a falarem diretamente com os seus públicos nas páginas de produtos dos e-commerces. 

A executiva é reconhecida como Winning Women’21 pela EY. É também TOP 3 no empreendedorismo feminino pela 100 Open Startups, participa de eventos e sessões de mentoria para incentivar e empoderar mulheres nos negócios e preza pela contratação de mulheres. 

Ela lidera a martech no planejamento de estratégias para aquisição de parcerias, na criação e implementação da solução STANDOUT, que permite a criação, edição e publicação de vitrines digitais e pode resultar em um aumento médio de 60% na conversão em vendas.

Além disso, faz a distribuição automática e em tempo real em mais de 300 e-commerces parceiros, bem como a coleta e fornecimento de uma série de informações do que está acontecendo com a vitrine dentro dos varejos digitais para as marcas, o que é decisivo para futuras estratégias.

Em mais um Economia SP Drops da série especial empreendedorismo feminino, conversamos com ela sobre o mercado e como ela vê as oportunidades para mulheres empreenderem.

Como você decidiu se tornar empreendedora e qual foi a motivação por trás disso?

Andrea: Eu, na verdade, não planejei ser empresária. Eu tinha uma ideia, que resolvia um problema, e queria criar um sistema que fizesse essa implementação. Daí em diante uma coisa foi puxando a outra, vieram os colaboradores, investidores, clientes e parceiros.

Como você vê o papel das mulheres no mundo dos negócios e como isso evoluiu ao longo do tempo?

Andrea: Apesar das mulheres estarem em maior número no Brasil, e a despeito de serem maioria nos bancos escolares, a falta de educação de qualidade e de incentivo para que essas garotas sejam desenvolvedoras ou empresarias é aterrorizante. Em populações de menor renda, frequentemente perdemos meninas para tudo aquilo que o poder público como parte de seu dever e nós como sociedade falhamos em fornecer. A falta de informação de qualidade e de perspectiva muitas vezes empurram essas meninas na direção de uma maternidade muito precoce, a falta de uma estrutura social equânime leva muitas delas na direção dos cuidados com irmãos menores, por exemplo. E para aquelas que podem continuar estudando, a falta de incentivo para que gostem e aprendam habilidades empresariais é seu elo com as meninas vindas de famílias mais abastadas. A partir desse prisma, e recordando por exemplo o fato de que no Brasil o direito ao voto pelas mulheres foi garantido há apenas 91 anos, o dito mundo dos negócios sempre foi quase o “clube do bolinha”.  Esta situação vem mudando sim, mas muito lentamente ainda. Veja esta diferença abissal: segundo pesquisa recente, das cerca de 13 mil startups brasileiras, apenas 4,7% delas possuem somente mulheres fundadoras versus mais de 90% que possuem somente homens, estes receberam quase 98% do volume total de investimentos realizados nestas startups entanto o grupo feminino recebeu apenas 0,04% do volume total. Uma vergonha, né?

Qual é a importância do networking e do apoio entre empreendedoras para o sucesso nos negócios?

Andrea: Fundamental. Tendo em vista o cenário que eu descrevi anteriormente, precisamos nos apoiar mutuamente, incentivar quem está chegando agora, para que elas ganhem musculatura empresarial o mais rápido possível. 

Quais são os principais obstáculos que as mulheres empreendedoras ainda enfrentam atualmente?

Andrea: Falta de aporte de recursos como eu mencionei, é bem gritante. Das mais de 15 verticais pesquisadas, comparando a média do volume investido nas startups versus a média do volume investido naquelas que possuem apenas mulheres fundadoras, a única categoria que média de investimento feminino equipara-se com a média geral é na categoria de moda. Em todas as outras, o volume para empresas femininas é menor, chega ao absurdo de ser mais de 200 vezes menor! Sabe o que isso traduz? Que nossos investidores entendem que a única categoria na qual uma mulher tem validação de empreender é em Moda. Isso reflete que existem conceitos pré-existentes que permeiam nossa sociedade sobre o lugar ao qual nós mulheres pertencemos, o que entendemos e aonde podemos chegar. 

Como você vê a representatividade das mulheres em posições de liderança e como isso influencia o empreendedorismo feminino?

Andrea: Fundamental novamente. Quando eu era criança, a falta de líderes mulheres não me permitia nem imaginar que eu poderia chegar lá. Hoje você encontra mulheres líderes, mas pense que a própria construção desta frase faz perceber o quanto ainda estamos longe da proporcionalidade. Quando eu digo “encontra” é porque precisei procurar…

Quais são suas fontes de inspiração no mundo dos negócios?

Andrea: Muitas, da Sheryl Sandberg à Viola Davis! 

Quais são seus próximos planos e objetivos? Andrea: Puxa isso dá um livro, mas um objetivo meu pessoal é conseguir hoje ser melhor do que eu fui ontem, minimamente que seja: mantendo o pace certo, dá pra realizar muita coisa!

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