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Como a KIWI, empresa fundada por três amigas, está se tornando referência em consultoria estratégica

Foto: Jade Scarlato

Amigas de infância, que estudaram na mesma escola na zona sul de SP, no Capão Redondo, Pam Stracke, Fernanda Caruso e Carol Martins são as fundadoras da  KIWI, uma empresa de consultoria e treinamento humanizado com soluções em educação corporativa, inclusão, equidade, diversidade que auxilia outras companhias a avançarem em pautas ESG.

Há apenas um ano no mercado, a empresa transforma negócios ao resolver problemas complexos e, para isso, já criou mais de 30 projetos customizados, respeitando o tempo e o processo de cada cliente. Além disso, atuou com mais de 10 organizações, entre elas a Wavin, em que criou o programa “Lidere como uma mulher”, uma trilha de desenvolvimento de liderança feminina; e a Wickbold, a JBS, a TNC e outras.

Nesse Economia SP Drops, conversamos com Pam Stracke, atual CEO da empresa, para saber os próximos passos da KIWI. 

Pam é empreendedora e advogada, Mestre em empreendedorismo social pela University of Southern California e Certificada em Inovação Exponencial pela Singularity University e Design Thinking pela IDEO. Além disso, ela também atua como consultora de inovação e solução para problemas complexos com foco em humanização, diversidade e sustentabilidade na The Nature Conservancy e já fez projetos em mais de 80 organizações, como: Google, Magazine Luiza e Natura.

Confira:

Como você decidiu se tornar empreendedora e qual foi a motivação por trás disso?

Pam: Eu sinceramente, desde que eu me conheço por gente, eu queria ter meu próprio negócio. Ao longo dos anos, o formato ele teria, o que ele seria, foi mudando e foram vários negócios que tive durante o caminho, mas é interessante porque eu sempre, sempre, sempre, sempre quis empreender. Se eu pudesse dizer um momento que isso se concretizou um pouco mais assim como um plano, quando eu tinha uns doze, treze, quatorze, talvez eu estava no colégio, enfim, estava ali entrando na adolescência, eu li o livro “Pai Rico, Pai Pobre” e eu na minha casa nunca tive uma educação financeira super forte acho que assim como maioria estrutural, né dos dos brasileiros então tinha aquele plano de estudar tirar boas notas é fazer faculdade e ter um bom emprego. Essa é uma conta que nunca fechou na minha cabeça. Eu tinha algum incômodo interior, não sei. Que não, não, não parecia que não fechava essa conta na minha cabeça. E quando eu li esse livro“Pai Rico, Pai Pobre”, ele me abriu a cabeça para uma liberdade financeira, para uma estruturação de plano, do que que eu queria fazer, do porque que se trabalha de fato, o que que a gente conquista com aquilo que a gente ganha, o que a gente quer construir e também acho que é uma disponibilidade de recursos no mundo, que ali ficou muito claro pra mim que eu queria empreender. Que pra eu atingir qualquer ambições ou os planos que eu tivesse, até então e para eu alcançar essa liberdade financeira, ia ser através do empreendedorismo. Então, esse talvez foi o momento que concretiza tudo isso. Mas desde muito pequena eu sempre brincava na minha casa eu brincava de ter lojinha e tal. Sempre foi uma coisa muito minha, muito visceral minha. E eu acredito que a motivação, é uma coisa, é um empreendedorismo mesmo, que está na veia. Esse nasceu comigo e eu fui desenvolvendo ao longo dos anos.

Como você vê o papel das mulheres no mundo dos negócios e como isso evoluiu ao longo do tempo?

Pam: Bom, primeiramente, como eu vejo o papel das mulheres no mundo dos negócios, é um papel essencial. Muito importante e eu acho que ele se divide pelo menos de duas formas diferentes. Então, a mulher tem um papel no mundo dos negócios indireto e ela tem um papel direto. Durante muito tempo ela pôde exercer só o papel indireto. Esse papel indireto, vem dentro de um contexto em que ela fazia tarefas essenciais e que serviam de alicerce para o mundo dos negócios. Então, geralmente essa mulher era filha de alguém, ela era esposa de alguém e ela tinha que cuidar de tudo aquilo que era atividade base para que o restante das coisas funcionassem. Então alimentação, educação dos filhos, criação de filhos, cuidar e administrar as coisas da casa e tudo isso é essencial para que a outra pessoa ou as outras pessoas ali naquela relação conseguissem exercer o papel que deveriam exercer o mundo dos negócios. Essa atividade que por muito tempo foi invisível agora está começando a deixar de ser invisível e continua sendo uma atividade indireta no mundo dos negócios. Quando a gente fala da mulher no mundo dos negócios de uma maneira mais direta, então aqui a gente está falando dela estar trazendo uma renda ativamente para casa, dela estar abrindo o seu próprio negócio dela estar enfrentando ambientes ali que por muito foram majoritariamente masculinos ela agrega muito valor ao negócio. Porque ela traz um olhar que antigamente não estava ali. Ela não estava presente. Então ela enxerga coisas que antigamente estavam em pontos cegos. Ela descobre novas oportunidades. Seja de negócios, seja novas oportunidades de fazer um negócio que já  existia de uma outra forma e aí ela coloca um novo elemento dentro do mercado que é o olhar dela, que não existia antes, então, isso pra mim é uma coisa muito importante que a mulher traz pro mercado e que o mercado entrega de volta na vida da mulher

Qual é a importância do networking e do apoio entre empreendedoras para o sucesso nos negócios?

Pam: Nossa, para mim, tem uma das coisas que, assim, a mais importante que se baseia esse apoio entre empreendedoras, que é as experiências que nós temos são muito parecidas. Então a gente enfrenta problemas que a gente pode compartilhar umas com as outras, a gente descobre soluções que são de interesse uma das outras também, então descubro uma coisa hoje, um caminho aqui que alguém ia demorar um pouquinho mais de tempo pra descobrir se eu compartilho a outra empreendedora, já consegue aproveitar dessa minha história, da minha jornada que vai acelerar a história dela e eu também consigo. Então, é um compartilhamento que pra mim exponencializa nossos negócios, isso é muito importante por conta das nossas experiências que são parecidas e, também, especialmente porque não é só no sucesso nos negócios. Tudo aquilo que a gente faz, ele está dentro de uma coisa que é mais completa do que só uma parte da nossa vida. Então, quando a gente fala negócios aqui no fundo, no fundo tem todo uma parte também pessoal, emocional e as nossas experiências geralmente também são parecidas quando a gente tem esses outros olhares, quando a gente coloca essas outras lentes. Então, o apoio, a troca entre umas e outras e essa essa exponencialização através do compartilhamento de jornada umas com as outras é uma coisa que é essencial pros nossos negócios

Quais são os principais obstáculos que as mulheres empreendedoras ainda enfrentam atualmente?

Pam: A mulher, durante muito tempo, teve um papel que era muito invisível de atividades essenciais para o bom funcionamento ali, da casa e as atividades de alicerce, né. E hoje esse papel que era invisível, hoje em dia, está trazendo um pouquinho mais de visibilidade. Quando a gente fala da mulher diretamente nos negócios isso está começando a se dar de uns anos pra cá. Então não tem tanto tempo assim. Então ainda tem muitos obstáculos super estruturais, de muitos vieses que a gente tem, e a principal forma com que eu vejo isso acontecendo no meu dia a dia, são referências. Então, a gente tem referências de homens no trabalho, de dados sobre homens no trabalho, de comportamento de homens no trabalho, muito mais latentes, e com muito mais intensidade na nossa cabeça, no nosso imaginário, nos livros, nos cases, nas histórias, a gente tem isso muito maior. Cases de sucesso quando a gente lê sobre alguém, quando a gente lê sobre alguma empresa, foto em revistas, quando a gente vê ali, tipo, tal pessoa sucesso, tal pessoa é com tantos números atingindo não sei quanto, conseguindo, não sei quanto de investimento para sua empresa. Então, a gente tem essas referências muito fortes sobre outras pessoas, mas sobre mulheres, não tanto. Então, quando a gente vai ter o nosso trabalho, ter os nossos empreendimentos no nosso dia a dia, a gente ainda tá construindo todas essas referências. A gente ainda tá fazendo parte de números, de coisas que ainda serão. Então, quando a gente faz parte dessa construção e não tem uma referência, a gente enfrenta uma série de desafios, que vem junto com isso, e isso é um dos principais obstáculos que a gente encontra no dia a dia.

Como você vê a representatividade das mulheres em posições de liderança e como isso influencia o empreendedorismo feminino?

Pam: É super, extremamente importante e essencial a representatividade. Acho que se conecta muito com a com a resposta anterior que é quando a gente consegue alguém com quem a gente se identifica, com quem a gente se imagina ali, você consegue enxergar em outra pessoa alguma coisa que você pode ser, você começa a desenhar caminhos na sua cabeça, você começa a ter perguntas… quando você não tem o caminho, você pensa, “puxa, mas eu posso perguntar, porque se aquela pessoa conseguiu, eu posso conversar com ela e como ela conseguiu”. Quando você tem a representatividade isso tá esclarecido, você consegue enxergar isso na tevê, na revista, nos livros, nos cases e aí você vai conectando, você vai fazendo esses caminhos mesmo, para que você alcance essas coisas. Então, a representatividade é muito importante. Muitas de nós, hoje, nós temos as nossas próprias referências, sejam elas masculinas ou femininas mas a gente vai encontrando e criando os nossos caminhos e uma coisa que acontece também e vem junto, muito junto com isso aqui, a gente sabe muitas vezes e querendo ou não querendo a gente acaba sendo essa referência pra alguém também. A gente acaba representando o sucesso de alguém amanhã, porque essa pessoa vai olhar pra gente e vai falar, “puxa, olha ali, eu tenho uma história parecida com ela, eu tô encontrando, eu vou até ali”. Então, a representatividade, está muito ligada a possibilidades. Ela traz possibilidades, ela germina, ela coloca, ela planta na cabeça de outras pessoas que se identificam com você. E isso tem uma influência enorme no empreendedorismo feminino. Especialmente porque, daí quanto mais tem representatividade, mais influência a gente vai ter. Mais a gente vai fortalecendo tudo isso e criando novas histórias, novos cases, novas inclusões de pessoas nos universos de empreendedorismo. Então essa essa influência, a representatividade ela tem uma influência direta no crescimento do empreendedorismo feminino e nós empreendedoras a gente se inspira muito em mulheres que vieram antes da gente e a gente tem plena noção total certeza não é uma escolha mas com certeza eh a gente influencia as mulheres que vão vir depois da gente

Quais são suas fontes de inspiração no mundo dos negócios?

Pam: Eu sou muito movida a experiências. Aquilo que eu experiencio que eu vivo, geralmente, eu consigo transformar em alguma coisa mais tangível eu consigo trazer aquilo para minha vida. Então, as inspirações que moldaram a minha carreira, que moldaram a empreendedora que eu sou hoje, elas geralmente estão ligadas a pessoas que eu conheci. Tem uma pessoa que eu conheci que ela é Rachel Maia. Eu a conheci quando eu tinha vinte e poucos anos e ela era CEO da Pandora na época, e uma coisa que eu me lembro muito que eu levo até hoje, assim como, inspiração foi que eu tive a oportunidade na época, um alinhamento dos astros, não sei, ganhei na loteria… eu tive a oportunidade de ter uma reunião com ela, falando só eu e ela, e eu fui ali apresentar o produto que eu vendi, que eu apresentava na época, né que era a câmara de americana, e eu tive uma reunião com ela, ela estava ali mais ou menos no no começo ela tinha virado o CEO da Pandora há pouco tempo e ela falou olha eu sei que eu inspiro muito as pessoas pela posição que eu estou hoje, pela minha história, pelas coisas que eu conquistei e aqui na no Pandora na época tinha um X lojas abertas e ela tinha a expectativa de abrir, enfim, dois X, três X. Era um outro número muito maior. E aí ela falou as as revistas, jornais, muitas vezes vem me procurando pra dar entrevista e tudo, mas eu só vou fazer essas entrevistas quando eu entregar tudo aquilo que eu tenho pra entregar que era esse número X de lojas na época e eu lembro muito dela passando assim, ó, ela queria construir aquilo então ela ela falava assim “eu tenho muita coisa construída e antes de eu começar a falar disso deixa eu construir deixa eu entregar aqui primeiro” e aquilo ficou comigo e até hoje pra mim é uma inspiração quando a gente pensa em mundo dos negócios. Porque, puxa tem tanta informação hoje em dia, e fora e tal, navegando a gente pode se apegar a tanta coisa e pra mim inspiração daquilo que a gente concretiza, daquilo que é sólido é uma coisa que me move muito. Então, ela com certeza é uma fonte de inspiração pra mim no mundo dos negócios e eu me inspiro muito também quando a gente fala de modelos de negócios que eles questionam o modus operandi, como as coisas acontecem, hoje quando a gente fala de modelos de negócio assim adaptativos, por exemplo, isso vai muito para um lugar que me inspira. Então, não é uma fonte de inspiração, não é uma pessoa, mas é um novo modelo de negócio. Então, o modelo de negócios adaptativos hoje são coisas que me inspiram. E eu vou construindo assim as minhas inspirações. Às vezes vai ser uma pessoa, às vezes vai ser um modelo, às vezes vai ser uma experiência, mas isso é o que me move muito pra construir coisas novas e trazer uma proposta de valor para o mercado que eu estou atuando, que realmente vai ser bem acolhida e vai ser vista com excelência.

Quais são seus próximos planos e objetivos? 

Pam: Aqui pensando em três níveis ou três camadas, né? Primeiro pensando na KIWI como empresa e consultoria, ser uma consultoria estratégica referência e reconhecida no mercado, especialmente, ser uma consultoria estratégica e referência no mercado criada por mulheres porque nós somos três sócias aqui. Aí tem um segundo nível que pra mim é um nível que não é da empresa pra fora, é da empresa pra dentro, uma empresa se constrói com muitas pessoas e pessoas que estão diretamente ligadas a KIWI aqui dentro e pessoas também que estão fora nas nossas redes de apoio nas nossas vidas pessoais então um objetivo muito importante que eu tenho aqui é que a gente consiga encontrar o equilíbrio ou que a gente consiga encontrar a forma de navegar os desequilíbrios da vida da maneira mais humanizada possível. E aí, o terceiro, e aí trazendo um pouquinho mais pra dentro ainda, um objetivo pessoal é conseguir encontrar ou atingir uma liberdade financeira e uma liberdade de escolhas. Então, hoje em dia a gente ainda tem alguns tem “ques” como eu costumo dizer, na vida, eu costumo dizer “que ninguém tem que nada, mas às vezes a gente tem que sim uma coisinha ou outra” e um objetivo muito importante pessoal ir para a KIWI é conseguir uma liberdade financeira porque pra mim a liberdade financeira ela está muito ligada à liberdade de escolhas quando a gente tem uma liberdade financeira a gente consegue escolher com muito clareza e a gente tem uma liberdade para traçar, trilhar, desbravar os caminhos que a gente realmente quer. 

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