Por Jordano Rischter, sócio da Wide.
Se antes, contratar profissionais de outras cidades, estados ou países não era algo tão frequente de ser observado, hoje, se tornou extremamente comum em diversas empresas. Expandir esse leque de opções é completamente vantajoso para a atração de talentos qualificados que alavanquem o negócio em seu segmento – mas, não é um processo tão simples de ser feito, o qual precisa ser conduzido levando em consideração certos cuidados fundamentais, principalmente, em cargos de extrema responsabilidade, como os executivos.
Em um processo significativamente acelerado devido à pandemia, um dos maiores fatores positivo justificado pelas empresas que adotaram este modelo de contratação foi o acesso a um banco de talentos em escala global para seu negócio, expandindo a possibilidade de contratarem profissionais renomados e preparados para comporem o time e trabalharem a favor do destaque corporativo.
Além da maior flexibilidade para empregadores e funcionários em termos de horário de trabalho e a possibilidade de operarem em qualquer lugar, a redução de custos também é uma das vantagens mais nítidas e valorizadas – principalmente, por parte da contratante, com a dispensa de arcar com os gastos de uma sede empresarial, já que ela pode ter uma sede com menos “espaço/postos/mesas”, e por não precisar arcar com os custos de deslocamento dos profissionais ao local.
Porém, não são todas as posições que conseguem se adaptar a este modelo. Existem estruturas que são mais aplicáveis a essa realidade como áreas comerciais, de tecnologia e marketing, que têm um espaço mais dinâmico para isso. É preciso levar diversos critérios em consideração antes de adotar esta opção de contratação, tais como o segmento do negócio, suas necessidades e, claro, os cargos nos quais esse modelo será aplicado.
No caso dos executivos, especificamente, a possibilidade de trabalharem à distância pode se tornar uma realidade cabível e, inclusive, classificada como satisfatória por 70% destes profissionais, de acordo com uma pesquisa conduzida pela FEA-USP. Contudo, é importante ter em mente que essa é uma posição que, dificilmente, conseguirá permanecer 100% do tempo afastado fisicamente da empresa, uma vez que precisa manter um contato próximo com as equipes para que se mantenha um engajamento entre todos.
Muitos profissionais que operam remotamente relatam se sentirem isolados de seus times, o que pode impactar em sua satisfação na empresa e, ainda, experimentar uma redução em sua produtividade. Esse é um ponto preocupante que precisa ser combatido logo no recrutamento, avaliando se o executivo tem um histórico prévio de atuação no formato remoto ou híbrido, assim como foi sua adaptação nesta rotina, quanto ele se identifica com o modelo, como foram os resultados etc.
É indispensável que as habilidades deste executivo sejam muito bem avaliadas durante o processo seletivo, identificando se possui os conhecimento e comportamentos ideais para assumir este posto e trabalhar remotamente. No geral, eles incluem uma forte disciplina, boa comunicação e ganho de capacidade de gestão de tempo.
Por parte da contratante, ela deve assegurar que, caso adote este modelo, ela disponha de tudo que é preciso para que seus times consigam operar devidamente à distância, desde o suporte tecnológico e infraestrutura adequados para essa rotina, até a manutenção de uma comunicação constante e clara com todos, e a promoção de ações de integração entre as equipes com certa frequência, tais como festas de final de ano ou eventos específicos, como exemplo.
Assim como muitas outras posições, é possível sim que um executivo consiga trabalhar remotamente, desde que a contratante se atente a adotar estratégias que os mantenham integrados e próximos ao resto das equipes e sempre mantenha metas claras e expectativas bem definidas desde o início. Essa é uma cadeira extremamente importante para o sucesso empresarial, que precisa ser bem cuidada constantemente em sus rotinas, independentemente do local onde este talento esteja operando.