Por Samir Iásbeck, CEO e fundador do Qranio.
Em uma sociedade que se transforma de forma constante e veloz, é natural que as profissões e suas responsabilidades também se modifiquem significativamente com o passar do tempo. E um dos setores que mais passou por mudanças nos últimos anos foi o RH, que precisou rapidamente se adaptar à uma pandemia que dificultava o trabalho presencial, e às demandas dos colaboradores por mais flexibilidade, cuidados com a saúde mental e ambientes diversos.
Ao traçarmos uma linha do tempo que acompanhe o surgimento da área de recursos humanos, vemos que sua história é relativamente recente: ela se iniciou no começo do século 20, sob o título de “Relações Industriais”, graças à Revolução Industrial, que estava intensificando os debates envolvendo a relação entre empregador e empregado. As tarefas dos profissionais da época estavam muito ligadas aos ocorridos dentro das fábricas, tendo caráter mais administrativo e burocrático.
Já hoje em dia, quem atua nesse setor realiza diversas outras funções que vão muito além do que era feito cem anos atrás. A rotina de um bom profissional de RH inclui buscar novos candidatos, entrevistá-los, realizar o onboarding na empresa, preparar treinamentos corporativos, idealizar e realizar ações de engajamento, motivação e integração entre os colaboradores, além de entender quais precisam de mais qualificação e procurar formas de oferecer isso internamente.
E com a entrada das novas gerações, como os millennials ou geração Z, no mercado de trabalho com suas diferentes demandas, perspectivas e comportamentos, surgem outros desafios a serem enfrentados pela área – e isso está levando a uma redefinição fundamental do perfil e das prioridades do RH.
Cada vez mais, esse profissional é visto como um facilitador da experiência do funcionário, o que significa que sua função se estende para a criação de um ambiente de trabalho que atenda às necessidades e expectativas tanto das novas quanto das “velhas” gerações.
Uma das mudanças mais notáveis é a adoção de novas ferramentas e tecnologias. Como os millennials e a gen Z cresceram cercados por aparelhos tecnológicos, eles esperam que as companhias incorporem soluções inovadoras em sua cultura de trabalho. Isso inclui a implementação de aplicativos móveis para acesso rápido a informações e recursos e plataformas de educação corporativa – e se tudo isso puder ser gamificado, melhor ainda!
Nesse sentido, a personalização também se tornou uma prioridade. Os colaboradores mais jovens valorizam experiências únicas que atendam às suas necessidades e aspirações individuais, e o RH está respondendo a isso adotando uma abordagem mais personalizada em áreas como recrutamento, treinamento e desenvolvimento de carreira. Nesse cenário, o uso de análises de dados desempenha um papel fundamental na compreensão das necessidades e preferências individuais dos funcionários.
Por fim, o RH está se transformando em um parceiro estratégico na condução e sucesso dos objetivos organizacionais. De acordo com o levantamento “Perfil do CHRO brasileiro”, feito em conjunto pela Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional São Paulo (ABRH-SP) e Saint Paul Escola de Negócios, 53% dos entrevistados afirmaram conhecer bem o negócio em que atuam e participar de 80% das decisões estratégicas das organizações.
Isso requer uma compreensão profunda do negócio e a capacidade de alinhar estratégias de RH com as metas corporativas, posicionando o setor cada vez mais como vital para o crescimento das empresas.