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Venture capital e startups: uma relação além do dinheiro

pedro signorelli
Foto: divulgação

Por Pedro Signorelli, especialista em gestão com ênfase em OKRs.

O Brasil é um excelente local com oportunidades para startups, tanto as novas quanto as já existentes. Temos um mercado consumidor enorme, uma grande quantidade de empresas que empregam muitas pessoas, uma economia diversificada com perfis variados de clientes e possibilidades/necessidades de melhoria em produtos que já são vendidos, assim como dos processos em organizações que podem ter mais eficiência e, consequentemente, aumento das margens de lucros.

Podemos considerar que todos os elementos citados acima são um prato cheio para quem tem ideias para atender estas necessidades, no caso, as startups.

Neste contexto, os VCs (Venture Capitals) enxergam este cenário como uma forma de investir, com o objetivo de resolver diversos tipos de problemas para um grande mercado e com retornos melhores do que aplicar o capital no mercado financeiro, especialmente em renda fixa.

No entanto, a nossa alta taxa de juros desestimula um pouco este movimento, pois haverá investidores que se contentarão com uma parte de seu portfólio aplicado “sem risco”, ou com risco baixo.

Se a taxa fosse mais baixa, com certeza mais pessoas buscariam retornos melhores e o investimento em startups seria um excelente caminho, com uma probabilidade de ganhos maiores.

Felizmente, dispomos de profissionais muito capacitados em ambos os lados. De um lado, temos pessoas com conhecimento dos problemas que já existem e com a capacidade de transformar em oportunidades. Do outro lado, temos pessoas com disponibilidade de capital, relação com empresas de grande porte e também relação com uma grande quantidade de empresas que ficariam muito felizes com esta ponte.

Do ponto de vista de gestão, ainda temos um caminho bastante longo a percorrer. Temos muitos especialistas em gestão que conhecem ferramentas que ajudaram as empresas a chegarem onde estão, mas desconhecem outras ferramentas fundamentais para o contexto em que estamos vivendo e que é bem diferente de 50 anos atrás, quando surgiram as ferramentas que estes especialistas dominam.

Para as startups, vemos muitas que não deram certo. Sim, isso é comum e esperado, como quando não encontram o product market fit, por exemplo, assim como outros fatores que podem surgir no meio do caminho, uma hora ou outra. Porém, muitas que não deram certo falharam justamente por causa da gestão e isso poderia acontecer em um nível muito menor do que acontece hoje.

Sabemos que o dinheiro é caro, e justamente por isso, ao considerar gastar só no essencial, não se pode deixar o investimento em gestão de fora. Acreditem se quiser, mas essa atitude é capaz de enterrar o investimento por completo e quando não, faz com que se leve muito mais tempo para conseguir encontrar caminho certo, custando mais caro do que poderia ter custado. É aquele famoso ditado “o barato sai caro”.

Do ponto de vista dos investidores, estes deveriam apostar em ferramentas melhores para apoiar as startups e assim reduzir o risco do seu próprio investimento. É como um hedge do investimento. Se paga um prêmio para reduzir o risco de perda, não só do capital, mas do tempo e esforço investido na empreitada. E seu prêmio é o uso correto das melhores ferramentas de gestão disponíveis no mercado.

Uma delas são os OKRs, Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves), que ajudam a trazer mais clareza, não importa a etapa em que a startup esteja, para o time que está trabalhando no desenvolvimento, posicionamento do produto, entre outras tarefas. Trabalhar com metas de negócio de curto prazo é vital para se evoluir na velocidade certa e aumentar a probabilidade de o empreendimento ser bem sucedido, e essa é uma das premissas do OKR.

Também é preciso ter em mente que trabalhar pensando no curto prazo não é suficiente, é necessário trabalhar por resultado, outra premissa do OKR, e isso não é algo que os profissionais estejam acostumados a fazer, vejo isso em todos os segmentos de atuação. Sabemos trabalhar por tarefas, não por resultados. Mudar essa chave traria resultados muito mais rapidamente e com menor gasto ou menor desperdício de investimento.

Trabalhar por resultados nos ajuda a estarmos mais focados, a priorizarmos melhor nossas ações, onde colocamos o tempo e esforço da equipe e, claro, o dinheiro. Essa é a postura ideal para que o venture capital consiga ajudar as startups a prosperarem no Brasil, criando um cenário mais propício para o investimento, com maior probabilidade de gerar lucros mais significativos para todas as partes envolvidas em menos tempo.

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