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Startup curitibana recebe aporte pré-seed com valuation de 10 milhões

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A Beorange, uma startup de Curitiba (PR) de inteligência administrativa fundada por Myle Pontes, recebeu recentemente um investimento pré-seed significativo da rede de fomento WIM Angels (Women Investment Movement).

O aporte, feito a partir de um valuation de R$ 10 milhões, tem como objetivo acelerar o desenvolvimento de novas versões da inteligência artificial (IA) da empresa, que serão disponibilizadas no mercado nos próximos 6 meses. A rodada foi encerrada com outros investidores que não poderão ser divulgados.

Foi extremamente desafiador provar para os investidores que, de fato, estamos criando algo inovador”, declarou Myle Pontes. “Ser single founder³, acredito que foi uma barreira inicial”, complementa.

A startup é a segunda iniciativa empreendedora de Myle, contadora de formação, com sete especializações, incluindo uma na área de tecnologia.

Antes de empreender, ela atuou no mercado multinacional, como especialista em normas internacionais, assim como, trabalhou com investigação em fraudes corporativas.

A Beorange veio com a ideia de revolucionar o mercado administrativo trazendo de fato automação e não sendo apenas mais um software de gestão ou um software que dependa de pessoas para que possa ser alimentado”, afirma.

A jornada para fechar a rodada de investimento foi intensa, durando seis meses desde o primeiro pitch até o fechamento da negociação. A persistência e a qualidade da proposta da Beorange foram fundamentais para conquistar o apoio das investidoras da WIM Angels.

Investimento em negócios de mulheres

O investimento é especialmente relevante considerando o cenário atual, no qual startups lideradas por mulheres enfrentam desafios significativos para obter investimentos.

Myle destaca que a disparidade de investimentos entre startups lideradas por homens e mulheres reflete a desigualdade de gênero no ecossistema de venture capital.

Ela ressalta que mulheres empreendedoras muitas vezes enfrentam questionamentos adicionais durante o processo de captação, incluindo dúvidas sobre sua capacidade de liderança e conhecimento técnico.

Dados de 2020 apontam que o número de startups fundadas exclusivamente por mulheres era de apenas 4,7%, somando as cofundadas com homens (5,1%), apenas 9,8% dos negócios tinham fundadoras mulheres. Segundo o Female Founders Report, do Distrito, em 2020, as mulheres receberam apenas 0,04% do total de capital de risco investido no Brasil.

Diante desses desafios e oportunidades, Myle e a equipe da Beorange estão comprometidos em utilizar o investimento recebido para impulsionar o desenvolvimento da empresa e fortalecer sua posição no mercado de inteligência administrativa.

O apoio da WIM Angels representa não apenas um marco importante para a Beorange, mas também um passo significativo rumo à promoção da diversidade e igualdade de gênero no ecossistema empreendedor brasileiro”, ressalta.

A WIM Angels tem como compromisso a inclusão e o empoderamento das mulheres no universo dos investimentos, ao proporcionar aporte de capital e oferecer orientação estratégica para startups fundadas e geridas por mulheres. A iniciativa busca aumentar a representatividade feminina no cenário empreendedor e promover um ambiente mais diversificado e inclusivo.

Interseccionalidade

De acordo com o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2023, tendo como referência uma base de 14 mil startups em funcionamento no ano passado, a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), em parceria com a consultoria Deloitte, mapeou 2.593 startups para estudo de perfil dos empreendimentos no Brasil.

Sobre as pessoas fundadoras, a pesquisa revelou que 19,7% são mulheres, enquanto que 79,8% são homens cisgêneros. No recorte étnico-racial, enquanto 56% dos brasileiros se autodeclaram negros, segundo dados do IBGE, a pesquisa da Abstartups aponta que 23,7% são pessoas pretas e pardas fundadoras de startups.

Desafios da interseccionalidade

Myle Pontes, como mulher negra e proveniente da classe trabalhadora, enfrenta desafios adicionais em sua jornada empreendedora. Ela destaca a complexidade de romper as barreiras sociais para alcançar o sucesso no mundo dos negócios:

Furar as bolhas sociais para estar onde estou hoje é algo bem desafiador, porque quando você fala de mulheres pretas e pardas que estão empreendendo, a maioria delas é para sobreviver“.

Mas Myle considera que seu principal desafio se refere ao fato de ser single founder, que demanda uma responsabilidade e pressão adicional de tomar decisões sozinha:

É muito mais difícil essa lida de você estar decidindo as coisas sozinha, porque a responsabilidade é sua. Se você não olhar por um ponto de vista, não tem um viés, não conseguir ter uma outra opinião, você acaba decidindo pela tua utopia e aí você pode estar fadado ao fracasso ou ao sucesso. Então essa é o desafio de ser single“, compartilha.

Diante desses obstáculos, Myle Pontes continua a trilhar seu caminho como empreendedora, buscando superar as adversidades e contribuir para a promoção da diversidade e inclusão no ecossistema empreendedor brasileiro.

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