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Projeto do Potencial: o motivo pelo qual liderança feminina é benéfica para os homens

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Quando a OMS decretou a pandemia de Covid-19, em 2020, não imaginávamos que sua duração seria tão longa e, mais ainda, que suas consequências seriam tão prolongadas, a ponto de, até hoje, ter gerado discussões, principalmente sobre o ambiente corporativo. As empresas e os times de RH estão ainda se adaptando ao pós-pandemia, seja pela discussões sobre as vagas remotas, presenciais e híbridas, seja pela urgência do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, que pouco era discutido antes de a saúde mental se tornar um tema tão relevante durante as fases de confinamento.

O mercado para o qual dedico minhas pesquisas, as carreiras femininas, foi um dos mais afetados. De acordo com os dados divulgados por um artigo da Harvard Business Review, 54 milhões de mulheres deixaram seus empregos durante de 2020 – muitas delas permanentemente. A participação feminina no mercado de trabalho diminuiu: enquanto 47% das mulheres, atualmente, trabalham, esse número está em 72% entre os homens.

Além de ser alarmante do ponto de vista da independência financeira feminina, a dimunuição do número de mulheres em cargos corporativos tem impacto muito mais profundo também para os homens. As consequências negativas atingem todos os colaboradores que costumavam ser liderados por mulheres, já que, de acordo com as pesquisas da própria Harvard Business Review, as mulheres são líderes que aumentam o engajamento e a produtividade de todas as pessoas, evitando que as empresas gastem milhões de dólares em recursos para melhorar a performance dos colaboradores.

De acordo com a pesquisa “Global Talent Shortage 2024”, 75% das empresas têm dificuldade para preencher posições em aberto – e o número de demissões voluntárias tem aumentado drasticamente, já que os colaboradores que se sentem desengajados e improdutivos vão buscar novas oportunidades. Por isso, investir na contratação e promoção de mulheres se tornou essencial para que todo o mercado de trabalho continue sustentável.

Os pesquisadores do estudo “Potential Project”, conduzido durante os últimos anos entre líderes e colaboradores de mais de 5 mil empresas em quase 100 países, buscaram entender como as lideranças lidam com dificuldades relacionadas ao dia a dia corporativo e, ainda assim, continuam sendo pessoas empáticas e inspiradoras. A análise foi feita de acordo com dois princípios: sabedoria (a coragem de fazer o que é preciso ser feito, ainda que seja difícil) e compaixão (o cuidado e empatia direcionado às outras pessoas, combinados com a intenção de sar suporte e oferecer ajuda).

Quando ambos os princípios são combinados, a satisfação no ambiente de trabalho é 86% maior, se comparada às empresas cujas lideranças não possuem tais características. No estudo, a diferenciação de gênero apontou que 55% das mulheres apresentam a combinação de tais princípios, enquato apenas 27% dos homens preenchem os requisitos. Além disso, 56% dos homens estudados não apresentavam nenhuma das características, sendo posicionados do quadrante “Indiferença Ineficiente”.

Dois entre três participantes da pesquisa, tanto homens quanto mulheres, afirmaram que líderes femininas são mais capazes de enfrentar situações difíceis, mantendo o nível de empatia e suporte que os colaboradores precisam. Outra descoberta dos pesquisadores é que a combinação de sabedoria e compaixão é o requisito número 1 para as empresas contratarem as lideranças atualmente, principalmente depois das mudanças pós-pandemia. Uma outra pesquisa, conduzida pela McKinsey & Company, mostrou que os colaboradores se sentiram mais seguros e acolhidos quando eram liderados pelas mulheres durante a pandemia e o pós-pandemia.

O “Potential Project” combinou tais dados para chegar à conslusão de que, entre os cenários apresentados, os piores índices de engajamento e produtividade estão quando homens são liderados por homens. Porém, quando as mulheres estão na liderança, o engajamento e produtividade de homens e mulheres é bem maior – e similar. Quando tais dados são traduzidos para cifras, a urgência de aumentar o número de mulheres dentro das empresas fica gritante.

Os dados mostram que um colaborador desengajado gera um custo de 35% a mais para a empresa, em cima do seu salário – já que entrega apenas 65% da produtividade exigida para sua posição. Por isso, a liderança feminina chega a economizar US$ 1,5 milhão para cada mil funcionários de uma companhia. Isso quer dizer que a solução é só ter mulheres líderes nas empresas, tirando as oportunidades de crescimento dos homens? A resposta é: de jeito nenhum!

Os dados mostram que buscar equalizar o número de homens e mulheres em cargos de liderança tem ganhos de curto, médio e longo prazo: no curto prazo, aumenta a satisfação e produtividade dos colaboradores. No médio prazo, as empresas economizam milhões de dólares, que podem ser investidos em diversos outros setores. No longo prazo, os homens em cargos de liderança também aumentarão seu nível de empatia, engajamento e inspiração entre seus times. O ganha-ganha está agora, por meio de mais um estudo, mais do que mostrado – por meio de dados e fatos. O que ainda falta para investirmos mais em trazer mulheres para cargos de liderança dentro das empresas?

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Co-fundadora do Todas Group

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