Por Fabiano Nagamatsu, CEO na Osten Moove.
Sob conceitos semelhantes ao que o próprio Tim Berners-Lee, pai da internet, idealizava nos anos 1990 com a chamada Web Semântica, a Web3 já é uma realidade que promete transformar ainda mais a maneira como interagimos, conduzimos negócios e compartilhamos informações on-line.
Enquanto a Web1 foi marcada por sites estáticos e a Web2 trouxe interatividade e redes sociais, a terceira onda finalmente cede espaço à descentralização, à autonomia e a oportunidades ilimitadas, sustentadas, é claro, pela tecnologia blockchain, que garante transparência, segurança e imutabilidade.
Não é à toa que esse avanço está desencadeando uma revolução global, abraçando diversos setores, que vão da saúde, passam pelo varejo e chegam ao esporte. No entanto, o primeiro mercado a desbravar a Web3 foi o financeiro. O surgimento do Bitcoin, em 2009, marcou o início desse movimento e abriu caminho para uma variedade de criptoativos.
Fato é que de uns anos para cá, o potencial disruptivo dos NFTs, tokens e da própria blockchain vêm criando modelos de negócios inovadores e abrindo novas frentes de atuação e fontes de receitas.
Saúde
Abrangendo desde a segurança de registros eletrônicos até a viabilização da telemedicina, a Web3 foca numa abordagem mais centrada no paciente. Plataformas descentralizadas permitem que os usuários controlem seus próprios dados médicos, promovendo maior transparência e proteção.
Varejo de moda
Este certamente é um dos setores que estão liderando os maiores projetos da Web3, focando na personalização e autenticidade da experiência do cliente. O agregador de dados CoinGecko publicou um relatório recentemente apontando que 21 das 50 maiores marcas da indústria da moda utilizam ou já utilizaram tokens não-fungíveis (NFTs).
A Adidas exibe o maior índice de adoção à blockchain, com 12 coleções utilizando NFTs disponibilizadas entre 2021 e 2024. A Nike vem na sequência, com nove lançamentos, e a Puma completa o terceiro lugar do pódio, com seis coleções.
Inclusive, a Nike é um dos nomes que mais se destacam dentro dos projetos de Web3. A empresa fundou há aproximadamente dois anos a Nikeland, espaço no metaverso dentro do Roblox, e ainda criou a sua própria plataforma, a Swoosh, com o objetivo de construir uma comunidade e cocriar produtos com seus consumidores. Além das marcas esportivas, outras de renome também aparecem no ranking, como Prada, Louis Vuitton e Gucci.
Rastreabilidade e sustentabilidade
A preocupação crescente com a origem de itens para consumo e a sustentabilidade levou à integração da Web3 até mesmo à cadeia de suprimentos alimentares. Empresas já utilizam a blockchain para rastrear a procedência dos produtos, proporcionando aos consumidores informações transparentes e confiáveis sobre a produção de alimentos.
Mídia e entretenimento
No Brasil, atuações na área devem se acentuar num futuro próximo. A Netflix, por exemplo, gigante do streaming, em parceria com o Decentraland, um dos maiores metaversos da atualidade, chegou a criar experiências imersivas do filme The Gray Man (Agente Oculto), lançado em 2022, com estrelas de Hollywood. Marvel, DC e Warner Bros também prometem investir cada vez mais em ações na Web3. A indústria da música, por sua vez, também se beneficia da blockchain com soluções para questões como propriedade intelectual e direitos autorais.
Esporte
A Web3 ainda segue transformando o universo dos esportes ao proporcionar novas formas de engajamento e financiamento. A tokenização de atletas, como o projeto NBA Top Shot, permite que os fãs possuam momentos esportivos únicos, criando oportunidades de receita e interação entre profissionais e torcedores.
Estamos, portanto, frente a frente a mais uma revolução digital, e é empolgante testemunhar como ela já está moldando o futuro da internet.