Por Karen Semeone, advogada especialista em Direito Tributário e Tax Manager na Systax.
O ambiente regulatório e as particularidades do mercado brasileiro são dois motivos principais que interferem no cumprimento das regras de Compliance dentro de uma empresa. Tais desafios tendem a comprometer a conformidade do negócio, fazendo com que recursos sejam desperdiçados, equipes de contabilidade e do financeiro tenham retrabalho em suas análises fiscais e, por último, custos sejam cobrados para reparo dos erros, uma despesa que enfraquece a estrutura e a reputação da organização.
Para o alívio do setor, a era digital, mais especificamente a era da tecnologia artificial, vem lendo as necessidades de aprimoramento e agilidade dos processos de análises e cálculos tributários, possibilitando uma verdadeira revolução.
O foco da IA (Inteligência Artificial) dentro da área fiscal converge com as insuficiências do departamento: conformidade, precisão e segurança de informações, e ainda permite que os profissionais tenham posições mais estratégicas e valorizadas dentro das empresas. Sobre isso, o futuro se mostra otimista, como mostra um estudo feito pela IBR (International Business Report) em 2023, reportando o Brasil em 2º lugar entre os países que pretendem investir em TI, uma postura que evidencia a disposição de empresas a tornarem-se modernas e tecnológicas.
O mundo tributário como nunca visto!
A atual realidade fiscal brasileira conta com um alto nível de complexidade de processos, desde as atualizações regulatórias de leis e normas sobre os cumprimentos fiscais, até os processos de execução para a entrega dessas obrigações, que englobam um alto volume de documentos e dados sendo compartilhados e apurados. Por mais que a Reforma Tributária seja um passo para a simplificação do universo fiscal, as medidas só podem ser absorvidas e realmente efetivadas se a modernidade estiver fazendo parte das operações.
Em outras palavras, não há como falar de maturidade tributária sem o acompanhamento da tecnologia. Atualmente, a inovação tecnológica se tornou um símbolo de eficiência inigualável também na área fiscal, desempenhando um papel crucial na identificação de padrões, oportunidades e inconsistências da área.
E por falar em tais habilidades, a IA possibilita que contribuintes se planejem para deixarem de ser uma empresa com atividades repetitivas, demandando tempos exagerados de análises ainda sem total precisão, e com excesso de obrigações.
Com a integração da inovação artificial, processos de cálculos, preparação de declarações e emissões de documentos podem ser automatizados, reduzindo não só o tempo, mas também o risco de erros. Indo ainda mais além, a IA Generativa, a qual cria modelos de dados simulados que se assemelham às informações reais de registros financeiros e contábeis, doa o almejado olhar analítico para a área fiscal. Tal benefício proporciona estruturação de dados, segurança no tratamento das informações, e padrões, estes que se tornam fundamentais para prever oportunidades, analisar riscos e detectar possíveis fraudes.
A IA sabe do que você precisa: eficiência
Não é exagero afirmar que, sim, a IA e o Compliance andam de mãos dadas. A oportunidade de gerir a área tributária com mais consciência e segurança são realidades que a tecnologia proporciona aos profissionais da área e tornam todo o negócio mais valorizado e maduro financeiramente. Isso porque, assim que a prática de Compliance não atinge os requisitos necessários, todo o restante do ecossistema empresarial também adoece.
Visto que grande parte desse impasse vem da mecanicidade de tarefas rotineiras e intensivas, como o processamento de informações para compor declarações fiscais, empregar algoritmos avançados, como a IA, traz de volta a capacidade de sucesso de conformidade.
Insights valiosos e assertivos são os principais ganhos, permitindo a otimização de estratégias fiscais, que podem ter uma melhoria constante assim que se aproximam da tecnologia. Ao minimizar a intervenção manual e erros associados, soluções fiscais baseadas em IA promovem integridade de dados tributários, contando com monitoramentos constantes e em tempo real das atividades, facilitando respostas rápidas e prevendo riscos antes mesmo de acontecerem.
Em resumo, a IA transforma o meio fiscal através da automação e da precisão de dados. Sendo implementada de forma estratégica, com responsabilidade e treinamento de profissionais, cumprir os critérios de Compliance intensifica a sustentabilidade corporativa e evita que contribuintes continuem lidando com medos antigos, como perda de prazos e erros de cálculos. Trata-se de agregar o toque de inovação, competência e transparência que o departamento tanto precisa.