Por Mari Galindo, fundadora da Nice House.
O Dia do Trabalho pode ser um feriado nacional, mas uma parcela da população não está pensando apenas em “dar uma pausa” na semana corporativa. Para a geração Z (Gen Z, iGeneration, zoomer ou centennial, pessoas nascidas entre 1995 e 2021), a data celebrada em 1 de maio também serve como um momento de reflexão sobre os desafios que esses jovens enfrentam no mercado de trabalho, um cenário dinâmico e sempre em evolução.
Boa parte dessa “galerinha”, hoje entre 14 e 29 anos, já está ingressada – ou se preparando para ingressar – no mercado de trabalho de alguma maneira. Além disso, a Gen Z, dentro das empresas e corporações, deve ultrapassar os chamados Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964) ainda em 2024, de acordo com o site Glassdoor.
Por um lado, enquanto a iGeneration traz em sua bagagem várias habilidades importantes para o nosso cenário econômico atual, sobretudo a fluência digital, ambição por experiência e conhecimento e uma espantosa (no bom sentido) capacidade de adaptação, por outro, sua entrada em peso no mercado de trabalho preocupa gestores e recrutadores de empresas.
Diferenças geracionais no mercado de trabalho
Em janeiro deste ano, o Resume Builder, software que usa inteligência artificial para ajudar pessoas a montarem um bom currículo, publicou dados alarmantes. De acordo com a pesquisa, mais de 30% dos recrutadores simplesmente se recusam a contratar zoomers, preferindo candidatos mais velhos; ainda em relação a esse levantamento, 30% dos gestores demitiram seus funcionários Gen Z um mês depois de sua integração à equipe.
Existem motivos e justificativas para isso, que vão de questões comportamentais durante a entrevista às posturas adotadas por esses jovens no ambiente de trabalho. Alguns desses apontamentos podem estar relacionados à mentalidade da geração – tal qual o modo como ela interpreta a carreira profissional e, sobretudo, uma tentativa de quebrar os padrões estabelecidos por gerações passadas, hoje considerados antiquados ou obsoletos.
Ainda, é importante levar em consideração que a pandemia de Covid-19 acabou impactando a Gen Z de maneira mais severa. Aqueles que já procuravam emprego em idos de 2020 já estavam sendo apresentados ao modelo home office (ou semipresencial, dependendo do segmento), o que também moldou as expectativas dos jovens em relação ao mercado de trabalho como um todo.
Em 2021, no auge da pandemia, a plataforma LinkedIn apontou que 70% da iGeneration acreditam que um distanciamento de colegas de trabalho mais velhos e gestores impacta negativamente a carreira, já que é difícil aprender com eles a distância. Além disso, 72% dos entrevistados para esse estudo disseram que o lockdown afetou a capacidade de desenvolver as chamadas soft skills.
No entanto, o ponto importante desse levantamento do LinkedIn é que os zoomers procuram maior flexibilidade em sua carreira, com 38% dizendo que preferem o modelo híbrido de trabalho.
Os jovens de hoje são o futuro de amanhã
A educação que a Gen Z recebeu em casa também é importante para entender por que seu comportamento no mercado de trabalho é tão diferente daquele visto em profissionais mais experientes de gerações passadas. E, mesmo a contragosto de recrutadores e gestores, ignorar esses jovens e o potencial que eles possuem não é o ideal para nenhuma empresa – em alguns anos, os zoomers serão maioria no ambiente corporativo, ultrapassando até mesmo os millennials em números.
Existem meios de contornar as diferenças geracionais, como apostar em mentorias e outros programas de desenvolvimento para melhorar a etiqueta e o desempenho desses jovens e até mesmo usar suas ambições para criar oportunidades de crescimento e inovação. Essas medidas ajudam não apenas a lapidar esse diamante bruto chamado Gen Z, mas também aprender com ela.
De certo modo, investir nesses jovens vai além dos benefícios para as empresas; ele é o fator principal para que tenhamos, hoje e cada vez mais, um mercado de trabalho mais inclusivo, dinâmico e resiliente.