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É hora de buscar a excelência a partir da equidade

Foto: divulgação.

Por Fabiana Ramos, CEO da PinePR, e Anna Guimarães, Presidente do Conselho Consultivo do 30% Club Brazil.

Fomentar o aumento da quantidade de lideranças femininas nas empresas é uma maneira de melhorar resultados e gerar benefícios para a sociedade

Vivemos em um mundo desigual, isso é fato. O que não significa que não possamos tentar trazer mais equilíbrio – especialmente quando essa mudança traz consigo a possibilidade de melhorar o desempenho dos negócios, a empregabilidade das pessoas e contribuir para uma sociedade melhor. No que se refere à equidade de gênero no mercado de trabalho, a pandemia foi um retrocesso significativo em muitos países. 

Segundo o relatório Women in Workplace 2020, desenvolvido pela McKinsey com a ONG LeanIn.org, as mulheres mais sêniores tinham uma probabilidade 50% maior que os homens de frear suas carreiras ou deixar a força de trabalho por causa da Covid-19. No Brasil, apesar disso, houve avanços importantes. Um levantamento realizado pelo Talenses Group e pelo Insper mostra que, entre 2019 e 2022, a participação feminina em cargos de liderança cresceu: no período, passou de 13% a 17% dos CEOs do país. E a expectativa do Insper é claramente ascendente, com uma projeção de ultrapassar os 20% em 2024. Mesmo assim, considerando que cerca de 52% da população brasileira é formada por mulheres, percebe-se que o gap ainda é grande. 

Evidentemente, existem exceções – empresas em que a liderança feminina é bastante proeminente: segundo o Ranking 300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro 2023, da SBVC, marcas como Usaflex (90% de liderança feminina), Vivara (82%) e Pernambucanas (75%) mostram que competência não vê gênero. Ainda assim, somente 32 das 300 empresas líderes têm mais de 50% de mulheres em posições de comando.

Para cada mulher CEO, há dezenas que não tiveram a mesma oportunidade. Com isso, todos saem perdendo. As lideranças femininas não são apenas referências para outras mulheres, que percebem que também podem alcançar essas posições, mas a diversidade de gênero na liderança pode levar a uma tomada de decisão mais equilibrada e eficaz, com menos propensão a comportamentos impulsivos, promovendo a inovação e a resolução criativa de problemas, o que por sua vez impulsiona o desempenho dos negócios no longo prazo.

Uma jornada que leva tempo

Esta jornada é uma ultramaratona, a ser vencida passo a passo. Mais lideranças femininas em todas as áreas, mais mulheres ocupando o cargo de CEO de seus próprios negócios, e mais presença nos Conselhos de Administração das empresas. À medida que percorremos esse caminho, as resistências vão sendo quebradas, e fica cada vez mais evidente que competência não deveria estar vinculada ao gênero.

Acreditamos ser possível alcançar até 2026  a marca de pelo menos 30% de mulheres nos Conselhos de Administração das empresas listadas que compõem o índice IBrX 100 da B3. Atualmente, são poucas as empresas de grande porte de capital aberto que contam com pelo menos uma representante feminina, privando o nível estratégico de uma diversidade de perspectivas valiosas.

É evidente que, para atender a um público cada vez mais diverso, as instituições precisam adotar uma abordagem inclusiva, levando em consideração diferentes perspectivas em suas estratégias de negócios e posicionamento de mercado. Isso requer uma compreensão profunda das necessidades, valores e experiências de diversos grupos e gerações. No entanto, é importante reconhecer que o ser humano, por natureza, possui vieses inconscientes que limitam sua capacidade de entender plenamente as experiências de outros grupos de pessoas, especialmente quando se trata de questões sensíveis como orientação sexual, religião, origem étnica, formação familiar e acadêmica.

O mundo é complexo demais para que as empresas ignorem realidades que não fazem parte do dia a dia de seus executivos. Agregar mulheres competentes aos cargos de liderança e aos Conselhos de Administração é uma forma poderosa de derrubar barreiras, fomentar a inovação e trazer novos olhares sobre a gestão dos negócios. Este é um ciclo que se fortalece continuamente: cada menina ou jovem que vê uma mulher executiva na capa de uma revista encontra inspiração para alcançar o sucesso. Figuras como Michelle Obama, Angela Merkel, Malala e mulheres de negócios bem-sucedidas mostram às novas gerações que esses espaços também podem ser ocupados por elas.

Evidentemente, não se chega a lugar algum sem muito preparo, mas uma sociedade que valoriza e incentiva a participação de todos descobre que pode encontrar muito mais pessoas competentes – e o resultado é uma cultura de excelência que gera mais criatividade, felicidade e prosperidade para toda a sociedade.

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