Por Carolina Gilberti, CEO da Mubius WomenTech Ventures.
Tudo que se mantém no mesmo padrão, com as mesmas pessoas e pensamentos durante muito tempo, acaba se tornando obsoleto e, consequentemente, estagnado e descartável. E nenhuma empresa quer isso. Na verdade, o mundo é exatamente o oposto disso: ele está em constante mudança e transformação — e precisamos estar atentos às suas demandas.
Por isso, quando me perguntam como mulheres em cargos de liderança podem mudar a cultura de uma empresa, eu devolvo com outra pergunta: “como não mudar?”
A partir do momento em que trazemos para a composição dos times pessoas fora do padrão, com pensamentos e experiências de mundo diferentes, além de ideias e percepções inovadoras, automaticamente, estamos implantando uma nova forma de pensar, de tomar decisões e de liderar; estamos mudando a cultura na prática!
Mas vamos lá: a mudança não é apenas boa para a representatividade, ela é necessária para que empresas possam se manter competitivas. Mulheres líderes são boas para os negócios e as pesquisas podem comprovar.
Segundo o relatório Women in Business and Management: The Business Case for Change (em tradução livre, Mulheres nos negócios e na gerência: por que mudar é importante para os negócios), divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão pertencente à ONU, empresas que investem em políticas de igualdade de gênero e diversidade apresentam melhores resultados, inclusive na sua rentabilidade. Foram analisadas mais de 70 mil empresas em 13 diferentes países. A pesquisa trouxe dados que comprovam que, quanto maior o número de mulheres, sobretudo em cargos de liderança, melhores os resultados de uma organização. Os entrevistados relataram ganhos em produtividade, rentabilidade, criatividade e inovação em equipes com maior diversidade de gênero. Além disso, 57% dos pesquisados disseram perceber melhorias na reputação, ou seja, na imagem pública da empresa.
Porém, no Brasil, a pauta da equidade de gênero ainda precisa caminhar muito. Na contramão das pesquisas, a maioria das companhias ainda não conseguiu atingir níveis de igualdade entre homens e mulheres — principalmente no que diz respeito à presença feminina em altos cargos de liderança. Dados da B3 indicam que mais da metade (55%) das organizações com ações negociadas em bolsa no Brasil ainda não possuíam nenhuma mulher em cargos da diretoria estatutária até o ano passado.
Cenários como esse não somente posicionam empresas na retaguarda, como também reforçam um padrão estagnado. E a pergunta que fica é: onde você e sua empresa querem se posicionar?