Por Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria.
Em tempos atuais, com toda essa comunicação digital por meio de e-mails e mensagens instantâneas, pode parecer que a linguagem corporal no ambiente de trabalho ficou no passado.
No entanto, a forma como nos portamos, nossos gestos e expressões continuam sendo fundamentais na comunicação face a face. Mesmo para a Geração Z, que cresceu imersa em tecnologia e mídias sociais, compreender e aplicar efetivamente a linguagem corporal pode ser especialmente desafiador, mas é igualmente importante.
A linguagem corporal é aquela comunicação não verbal realizada por meio de gestos corporais, expressões faciais, posturas e até o uso do espaço pessoal. Esses sinais não verbais complementam a comunicação verbal, podendo reforçar, contradizer ou até substituir as palavras faladas.
No trabalho, essa linguagem é uma ferramenta essencial de comunicação interpessoal, usada para expressar emoções, intenções e reagir ao que os outros estão dizendo, muitas vezes de maneira inconsciente.
O entendimento e aplicação dessa linguagem, além de fortalecer as relações interpessoais, pode aumentar facilitar colaborações e negociações, e promover a adaptação cultural e o desenvolvimento da inteligência emocional, habilidades essenciais na carreira.
Estudos sobre linguagem corporal demonstram que os seres humanos podem fazer julgamentos inconscientes sobre outras pessoas em apenas alguns segundos, baseados unicamente em sinais não verbais.
Pesquisadores como Albert Mehrabian, autor do famoso estudo que conclui que 93% da comunicação é não-verbal (quando se trata de expressar sentimentos e atitudes), enfatizam a importância da congruência entre a comunicação verbal e não verbal.
Outras pesquisas indicam que posturas abertas podem não apenas alterar a percepção dos outros sobre nós, mas também nossos próprios sentimentos de autoconfiança e poder.
Como aplicá-la, afinal, no dia a dia? Com base em reflexões e experiências práticas, tanto como iniciante, que um dia fui, como do outro lado, agora como recrutador, trago cinco passos que considero importantes:
1. Manter postura aberta e convidativa
Evite cruzar braços ou pernas, pois isso pode ser percebido como uma barreira física e emocional. Opte por manter os braços relaxados ao lado do corpo ou usar gestos que indiquem abertura e aceitação. Uma postura ereta, mas não rígida, transmite confiança e receptividade.
2. Usar contato visual de maneira eficaz
É essencial para mostrar atenção e interesse, mas é importante balancear: muito contato visual pode parecer confrontador, enquanto pouco pode ser interpretado como desinteresse ou insegurança. A chave é manter um contato visual natural durante a conversa, desviando o olhar ocasionalmente de forma suave.
3. Observar microexpressões
Microexpressões são breves expressões faciais que trazem emoções verdadeiras e muitas vezes são controladas ou reprimidas inconscientemente. Aprender a reconhecer essas expressões em colegas de trabalho pode fornecer percepções valiosas sobre seus sentimentos verdadeiros e ajudar a ajustar sua própria comunicação em resposta.
4. Espelhar a linguagem corporal de outro com cautela
É uma poderosa técnica de rapport, que cria uma sensação subconsciente de afinidade. Isso pode ser especialmente útil em situações de negociação ou ao lidar com clientes difíceis. No entanto, é preciso bom senso; o espelhamento deve ser sutil e natural para não parecer imitação ou zombaria.
5. Respeitar o espaço pessoal
Cada cultura tem suas normas para o espaço pessoal apropriado. Na dúvida, é prudente manter uma distância respeitosa, especialmente em um ambiente profissional. Invasão de espaço pessoal pode ser percebida como agressão ou falta de respeito.
E você, quais itens acrescentaria nesta importante linguagem?