Por Ana Calçado, CEO e presidente da Wylinka.
Com os avanços tecnológicos e a Inteligência Artificial nas últimas décadas, as Deep Techs, startups baseadas em ciência complexa e tecnologia de fronteira, estão crescendo no Brasil e no mundo, porque geram soluções que mudam a forma como vivemos, nos relacionamos e trabalhamos, além de fortalecer o empreendedorismo e desenvolvimento local.
Para se ter uma ideia, segundo dados do relatório “Deep Tech – The New Wave”, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), há uma estimativa de que os investimentos nas Deep Techs na América Latina cresçam em 20 vezes até o ano de 2032, saltando dos atuais US$ 172 milhões para US$ 3,44 bilhões.
Esses números mostram o quanto os governos, universidades e o setor privado estão olhando para o impacto que essas empresas geram em diversos setores, que vão desde a medicina, agronegócio, meio ambiente, dentre outros. As Deep Techs, que sempre foram conhecidas por estar na vanguarda da transformação tecnológica, passam a ganhar destaque e a atrair mais investimentos.
Os investidores estão enxergando nas Deep Techs um potencial de transformação de realidades e retornos financeiros não somente a curto prazo, mas também para o futuro. Tudo isso é consequência de um trabalho de muitos anos, focado em gerar transformações no ecossistema com inovações para o desenvolvimento econômico, social e sustentável nos países, principalmente o Brasil, que está em segundo lugar na América Latina, atrás apenas da Argentina, segundo o Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab).
Ainda de acordo com o BID Lab, o país movimenta cerca de R$38 bilhões (US$8 bilhões) com potencial de crescimento para os próximos anos. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) anunciou um investimento de mais de R$106,16 bilhões nos próximos quatro anos para impulsionar a economia e liderar a inovação global em políticas estratégicas.
Porém, apesar de todos esses avanços, a meu ver, ainda existem desafios importantes a serem superados, não somente em termos de investimentos. É preciso trabalhar no fortalecimento de redes, considerando as particularidades, demandas e vocações de cada parte do território nacional, assim como a proteção da propriedade intelectual e um trabalho diário na mitigação das desigualdades sociais, de forma a construir coletivamente a conscientização, o aprendizado que contribuam para o desenvolvimento econômico, social e sustentável.