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Representatividade e liderança feminina no setor de telecom: quais são os próximos passos?

Foto: divulgação.

Por Luciana Piva

Historicamente, mulheres foram constantemente limitadas de sua força de trabalho intelectual no mercado, uma mentalidade ultrapassada para os tempos modernos, mas que ainda carregava traços discriminativos ao analisarmos as situações da vida real.

Quando levamos em consideração um cenário amplo de mercado, a 3ª edição da pesquisa Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, do IBGE aponta que a participação feminina no mercado de trabalho é quase 20% menor do que a dos homens. O motivo tem justamente raízes históricas: mulheres dedicam seu tempo para afazeres domésticos e isso impacta suas vidas profissionais.

No setor de telecomunicações, a presença feminina se manteve em 13,3% entre os anos de 2015 e 2021, segundo o estudo do Observatório Softex de 2024 sobre a participação de mulheres no setor de TICs. Ainda que seja uma porcentagem baixa, não podemos desconsiderar o crescimento; no gap desses anos, as profissionais aumentaram de 33.196 para 43.990, um aumento de 32,5% contra 31,6% dos homens atuantes da área.

Ainda assim, o panorama nos abre um alerta: em pleno ano de 2024, ter uma representatividade feminina baixa nos departamentos de telecom é um sinal de que nossas estratégias de inclusão estão funcionando?

A importância das mulheres para o setor de telecom

A representatividade feminina dentro das telecomunicações é essencial para promover não só a diversidade de gênero, mas pelos impactos positivos que esse cenário proporciona: maior inovação, mais experiência e aprimoramento nas tomadas de decisões, além da construção de uma cultura colaborativa e inclusiva.

Tais efeitos de sucesso são destacados também no relatório TheReady – Now Leaders, de 2023, da ONG Conference Board, citando que organizações com pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança têm 12 vezes mais chances de estar entre as 20% melhores no desempenho financeiro.

Mulheres, enquanto protagonistas no ramo profissional das telecoms, conseguem destravar o mercado de tecnologia engessado apenas na força de trabalho masculina, abrindo espaço para a inovação e a criação de novas estratégias. A afirmação a seguir pode ser um espanto para muitas pessoas, mas é verdadeira: mulheres possuem alta capacidade de desenvolver ideias e de analisar situações com uma clareza natural e que tende a ser mais assertiva.

Não estamos falando apenas de instinto e intuição, pois mulheres também sabem se profissionalizar e estudar, enfrentando preconceitos num setor considerado masculino para provarem como podem agregar valor ao setor de telecomunicações. Muitas vezes, elas conseguem preencher uma vaga, mas possuem poucas aberturas e oportunidades internas de crescimento e que as levem a ocupar cargos maiores, como o de gestão.

Como consolidar a presença feminina?

A falta de políticas de equidade de gênero eficazes em muitas empresas contribui para a carência de homogeneidade para a representatividade feminina ser realmente efetiva no setor telecom. A mudança, além de viabilizar a quebra de paradigmas diários e ter a participação dos homens, inclusive, para espalharem essa responsabilidade cultural, também precisa de movimentos práticos.

Aumentar a diversidade ainda é um grande desafio pois envolve a superação de problemas com raízes sociais complexas, exigindo soluções baseadas em políticas que podem ir desde recrutamento e promoções inclusivas até planos de desenvolvimento de carreira e de flexibilidade para o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

A orientação, o apoio e a viabilização de oportunidades são três suportes essenciais para o começo do crescimento da equidade de gênero, estimulando um ambiente diverso não apenas por considerar a pluralidade de corpos, mas por entender que a diversidade contribui e muito para inovação e continuidade de um negócio.

Em outras palavras, consolidar a presença feminina implica em ampliar a gama profissional e o portifólio de uma empresa, que tem muito a aprimorar com diferentes perspectivas e melhorias provindas das mais diferentes experiências. Enriquecer o ambiente de trabalho, por isso, consiste em promover políticas eficazes que sensibilizem a organização para a inclusão e a promoção de mulheres em cargos estratégicos.

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