Por Aciane Marino, diretora de finanças e controladoria da The Sharp Fintech Consultoria.
Há quase 37 anos, o Banco Central do Brasil (Bacen), através da Circular 1.273, de 29/12/1987, instituiu o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif) hoje Padrão Contábil das Instituições Reguladas pelo Banco Central do Brasil.
Ao longo desse tempo, não foi só o nome e a abrangência que sofreram alterações. Novos grupos, subgrupos e rubricas contábeis foram adicionados ao Cosif.
A necessidade de critérios específicos de parametrização contábil, validações de saldos contábeis, validações de documentos regulatórios (Cadocs), harmonização de conceitos, apresentações das demonstrações financeiras, atendimento a novas modalidades de instituições financeiras, e novos produtos e serviços ofertados pelas instituições reguladas pelo Bacen, fizeram com que inúmeras alterações fossem promovidas.
O que temos hoje, é um Cosif que foi sendo ajustado para atendimento dessas demandas. Como muitos dizem, foram feitos puxadinhos e, por vezes, as instituições encontram certas dificuldades no entendimento.
O Cosif é uma ferramenta essencial para a padronização e transparência das operações financeiras no Brasil. Estabelece os critérios e procedimentos contábeis que devem ser seguidos pelas instituições financeiras e demais autorizadas pelo Bacen a operar no país.
O Cosif não só facilita o acompanhamento e a análise das atividades financeiras, mas também promove uma maior consistência e comparabilidade entre as demonstrações financeiras das instituições.
O Cosif é dividido em quatro capítulos principais:
- Normas básicas
- Elenco de contas
- Documentos
- Anexos
Implementar o Cosif significa a conformidade regulatória, dessa forma as instituições asseguram a conformidade com as normas de reconhecimento, mensuração e evidenciação contábeis estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e Bacen.
O futuro (bem) próximo
As principais mudanças recentes no Cosif refletem um esforço contínuo para atualizar e harmonizar as práticas contábeis com padrões internacionais e as necessidades do mercado financeiro brasileiro.
A partir de janeiro de 2025 mudanças significativas entrarão em vigor. Esta atualização trará uma nova estrutura para o plano de contas, visando uma maior clareza e consistência na apresentação das informações financeiras e um alinhamento importante com a implementação da Res. CMN 4.966/2021 e Res. BCB 352/2023.
Dentre as alterações, podemos destacar:
- Nova estrutura do Plano de contas: a reestruturação das contas contábeis tem por objetivo alinhar as práticas nacionais às normas internacionais e facilitar a comparação das demonstrações financeiras.
- Critérios de avaliação de ativos e passivos: serão implementados critérios atualizados para a avaliação de ativos e passivos, refletindo as melhores práticas do mercado e proporcionando uma visão mais precisa da saúde financeira das instituições.
- Reconhecimento de receitas e despesas: haverá uma revisão nos critérios para o reconhecimento de receitas e despesas, garantindo que estes reflitam de forma mais fidedigna as operações das instituições financeiras.
- Provisões e tratamento contábil: as normas relativas ao tratamento de provisões serão atualizadas, o que pode afetar a forma como as instituições preparam suas demonstrações financeiras.
A Res. BCB 92/2021, que dispõe sobre a utilização do Cosif em instituições financeiras e demais autorizadas pelo Bacen, é um exemplo das iniciativas recentes para atualizar o Cosif, da mesma forma que as Instruções Normativas BCB 426 a 433/2023 que entram em vigor em 1º de janeiro de 2025 com as novas estruturas dos grupos e subgrupos de contas.
Principais desafios da transição
Os principais desafios da transição para o novo Cosif envolvem uma série de aspectos técnicos, operacionais e regulatórios que as instituições precisarão navegar para se alinhar às nova exigências contábeis. A transição pode ser complexa, dada a necessidade de adequação às normas atualizadas e a implementação de novas práticas contábeis.
Alguns dos desafios e estratégias mais significativos que as instituições podem enfrentar:
- Atualização de conhecimento
- Adaptação dos sistemas de TI;
- Revisão de políticas internas;
- Planejamento detalhado;
- Gestão de mudanças;
- Comunicação com stakeholders;
- Conformidade regulatória;
- Custo de transição;
- Prazos de implementação;
- Testes rigorosos;
- Controles internos;
- Auditoria e monitoramento;
- Riscos operacionais;
- Atualizações contínuas.
Enfrentar esses desafios e seguir uma abordagem estratégica pode reduzir significativamente os riscos associados à transição para o Novo Cosif e garantir, com um planejamento cuidadoso, uma mudança mais suave e segura para o novo sistema contábil.
A transição para o novo Cosif como oportunidade
É essencial que os profissionais que atuam na área financeira e contábil mantenham-se atualizados com estas mudanças, para garantir a conformidade regulatória e a integridade das informações contábeis. As instituições devem preparar-se para a transição para o novo Cosif, o que exigirá ajustes nos sistemas de informação, processos internos e treinamento de pessoal.
Preparar-se para a transição para o novo Cosif é um processo que envolve várias etapas, desde a atualização de conhecimentos até a implementação de mudanças nos sistemas contábeis. Algumas recomendações para facilitar esse processo:
- Treinamento e desenvolvimento de equipe
- Revisão do plano de contas atual
- Atualização dos sistemas de informação
- Políticas e procedimentos internos
- Utilização de consultoria especializada
- Comunicação com stakeholders
- Monitoramento contínuo
- Plano de implementação
A transição para o novo Cosif é uma oportunidade para as instituições melhorarem suas práticas contábeis e alinharem-se com os padrões internacionais de contabilidade. Embora possa ser um desafio, uma preparação cuidadosa e proativa garantirá que sua instituição esteja pronta para as mudanças vindouras.
Por outro lado, mitigar os riscos operacionais durante a transição é uma preocupação válida para as instituições.
As instituições que começarem a se preparar agora para a transição para o novo Cosif estarão mais bem posicionadas para gerenciar esses desafios de forma eficaz e aproveitar as oportunidades que as novas práticas contábeis podem oferecer.