Por 8 anos, minha carreira se desenrolou em cenários típicos de um emprego presencial. 3 desses anos foram marcados por madrugadas que começavam às 4h30 para que eu pudesse entrar ao vivo na rádio às 6h da manhã.
Uma rotina que me exigia encarar o trânsito caótico de volta para casa, e, em dias mais corridos, esquecia meu almoço e tinha que me contentar com qualquer opção rápida no centro da cidade. Certa vez, numa dessas saídas apressadas para almoçar, fui até assaltada.
Mas então veio a pandemia, e a possibilidade do trabalho remoto transformou minha realidade. Pude apresentar programas ao vivo diretamente de casa, e tudo funcionou perfeitamente bem em termos de trabalho.
Durante esse período, tive a dádiva de estar ao lado de minha tia nos últimos 15 dias de sua batalha contra o câncer, algo impensável na rigidez dos meus dias pré-pandemia.
Com a chegada da vacina e a gradual normalização da vida, tive que retornar ao modelo presencial, mas algo em mim havia mudado.
A experiência do remoto me mostrou ser viável e ainda destacou a qualidade de vida que ele proporciona.
Sempre amei viajar, um traço que compartilhava com minha tia, que, mesmo tendo explorado novos horizontes, não viajou tanto quanto gostaria, porque se foi cedo demais.
Realidade dura, que me fez perceber quão rápido a vida passa e que não podemos esperar pela aposentadoria para realmente começar a viver.
Foi então que decidi buscar uma carreira totalmente remota. Não apenas para honrar o legado de minha tia, mas para abraçar plenamente cada momento, em qualquer lugar do mundo, enquanto faço o que amo.
Liberdade geográfica e flexibilidade
A principal razão pela qual escolhi transformar o mundo em meu escritório é a liberdade geográfica. Não estar “presa” a um único local físico me permite explorar diversas culturas e comunidades.
Cada cidade ou país que visito se torna uma extensão do meu espaço de trabalho, onde cafés, bibliotecas, praias ou mesmo parques podem se transformar em locais de produção de conteúdo.
É sobre liberdade pessoal, mas também sobre enriquecimento do meu trabalho, que passa a contar uma variedade de ângulos e histórias que seriam inacessíveis de um escritório fixo.
Fonte inesgotável de inspiração
Viver e trabalhar em diferentes partes do mundo acaba sendo uma fonte constante de inspiração. Cada novo destino é acompanhado de novas histórias, encontros e descobertas.
O contato direto com variados contextos sociais, políticos e culturais me oferece uma compreensão mais profunda das diferentes realidades que existem por aí.
Quando mais eu conheço, maior o meu repertório… mais ricos e informados são meus conteúdos e mais originais as minhas ideias.
Desafios e crescimento pessoal
Não posso ignorar os desafios que acompanham essa escolha de vida. A incerteza e a necessidade constante de adaptação são, muitas vezes, estressantes. Você já deve ter visto reportagens de pessoas que eram nômades e desistiram.
Eu entendo essas pessoas, porque também já pensei nisso. Mas vejo também que cada desafio é uma oportunidade de crescimento pessoal.
Aprender a navegar por diferentes culturas, a lidar com barreiras linguísticas e encontrar soluções criativas para problemas logísticos são apenas algumas das habilidades que desenvolvi. São experiências que me moldaram não só como profissional, mas também como pessoa.
De tempos em tempos, dou uma pausa em casa para aproveitar a família. É uma forma de desfrutar do conforto de estar em casa, que também tem seu valor.
Escolher o mundo como escritório não é para todos. Exige uma disposição enorme para abraçar a incerteza, muita organização financeira, e um desejo constante de se adaptar e aprender.
Mas para mim, vale muito a pena cada perrengue. Porque é esse estilo de vida que me permite sair da posição tradicional do jornalista, que conta histórias, para vivê-las intensamente.