Por Fernando Schmidt, head de PMO da Diebold Nixdorf no Brasil.
Reconhecido com um dos setores mais inovadores do mundo, o mercado financeiro brasileiro está cada vez mais adotando soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA) para atender melhor seus clientes, oferecer serviços diferenciados e impulsionar novos modelos de negócios e relacionamento.
A capacidade da IA de reproduzir competências semelhantes às humanas, como o raciocínio, aprendizagem, planejamento e criatividade, traz benefícios que elevam a conexão entre pessoas e empresas. Isso inclui a customização da experiência do cliente, o reforço da segurança e a otimização das operações, permitindo que instituições se adaptem e atendam melhor às necessidades do mercado.
Segundo o IBM Institute for Business Value, 78% dos bancos ao redor do mundo já implementam ao menos um projeto de Inteligência Artificial. Na América Latina, as instituições focam em quatro principais objetivos com a IA: aumentar o engajamento dos clientes; fortalecer operações de risco, compliance e segurança; elevar a produtividade em recursos humanos, marketing e compras; e desenvolvimento na área de tecnologia da informação.
Essa animação com a IA, que deve movimentar trilhões de dólares por ano em breve, não ocorre sem motivos. A Inteligência Artificial, especialmente a IA Generativa, representa um marco na capacidade de processamento da enorme quantidade de dados que os bancos já possuem para gerar mais negócios.
Ao utilizar algoritmos avançados, essa tecnologia é capaz de responder questões específicas de negócio, conectando e analisando uma infinidade de dados que não poderiam ser compreendidos por humanos na mesma velocidade, oferecendo insights valiosos.
Com a melhoria contínua de sua precisão graças a treinamentos extensivos e constantes, ela não se limita apenas a interpretar o presente, mas também pode prever eventos e transformações futuras, baseando-se em análise de dados e proporcionando uma visão proativa para a tomada de decisões estratégicas.
Nos bancos, as iniciativas com Inteligência Artificial Generativa estão redefinindo a maneira como as instituições interagem com os clientes e realizam suas próprias operações. Chatbots proporcionam suporte contínuo, resolvendo problemas de maneira eficiente. Um cliente pode tirar dúvidas diretamente na tela de um caixa eletrônico sobre como efetuar transações ou realizar outros serviços disponíveis, de forma altamente interativa e ágil.
Para técnicos responsáveis por solucionar possíveis ocorrências nos equipamentos, a IA também fornece todo o apoio ajudando no diagnóstico e nas medidas necessárias para que a operação volte ao normal.
A segurança cibernética também sai ganhando com o impulso da IA. Com o monitoramento constante das redes bancárias e dos dispositivos conectados, a Inteligência Artificial detecta e mitiga ameaças digitais de maneira proativa, analisando padrões de tráfego e identificando atividades suspeitas antes que possam causar danos. Essa tecnologia fortalece a infraestrutura de segurança do setor financeiro e oferece respostas rápidas e eficientes a incidentes potenciais. A partir dessa tecnologia, os bancos também podem desenvolver protocolos de segurança mais fortes e adaptáveis, garantindo que estejam sempre um passo à frente em um cenário de ameaças em constante evolução.
A detecção de fraudes está sendo levada a um novo patamar com a IA. Desafio constante para as instituições financeiras, as fraudes encontram nos métodos baseados em Inteligência Artificial novas barreiras que impedem seu sucesso. Um dos principais recursos para a prevenção está na capacidade da IA de identificar padrões suspeitos de comportamento, como transações não usuais ou atividades fora do perfil de um cliente, bloqueando a ação.
Ainda, por meio de reconhecimento facial, a IA está permitindo que saques realizados em caixas eletrônicos sejam feitos com muito mais segurança e com a certeza de que a transação está sendo feita pelo correntista. A habilidade de aprendizado em tempo real e por meio do histórico de uso torna a IA altamente responsiva e adaptativa às novas formas de fraude que surgem constantemente.
Esse mesmo aprendizado rápido, unido ao amplo processamento de dados, também torna a IA o alicerce ideal para avaliar o potencial de pagamento e o risco real de fornecer empréstimos a um determinado cliente, diminuindo as chances de prejuízos com dívidas não pagas. Com a integração de Automação Robótica de Processos (RPA) com IA, essa avaliação é ainda mais rápida.
Enquanto o RPA coleta e verifica dados de múltiplas fontes, a IA avalia o risco de crédito, resultando em uma análise mais rápida e precisa. A IA também possibilita a previsão de tendências de mercado e comportamentos dos consumidores, fornecendo informações estratégicas que permitem a personalização mais precisa dos serviços para cada perfil de cliente. Isso possibilita, por exemplo, a indicação dos melhores investimentos para carteira, tornando as decisões mais acertadas e personalizadas.
Nos próximos anos, a integração da Inteligência Artificial com tecnologias como blockchain, Internet das Coisas (IoT) e Open Finance seguirá impulsionando este mercado. A combinação de IA e blockchain já está aumentando a segurança e a transparência das transações financeiras, enquanto a integração de Inteligência Artificial com IoT apoia na personalização dos serviços, ajustando produtos e ofertas em tempo real com base nos dados dos clientes. Essa convergência tecnológica promete melhorar cada vez mais a eficiência operacional, reduzir custos e oferecer experiências superiores aos clientes.
À medida que a IA se torna mais integrada no setor financeiro, surgem desafios éticos e de privacidade que não podem ser ignorados. É crucial que as instituições financeiras implementem políticas robustas para garantir o uso responsável da IA protegendo os dados dos clientes e assegurando a transparência nos processos automatizados. Essa preocupação já está no centro da adoção da IA no setor.
À medida que continuamos a avançar na digitalização, a integração da IA no setor financeiro se torna indispensável, consolidando ainda mais a inovação e a confiança como pilares fundamentais para um mercado financeiro mais moderno e resiliente, impulsionando novos patamares de excelência.