Por Isabella Stulp, CEO da Realize.
Em junho deste ano, nos deparamos com a notícia de que o Ministério da Educação (MEC) suspendeu até 10 de março de 2025 a criação de novos cursos de graduação, vagas e polos de Ensino a Distância (EAD). A decisão no caso tem como objetivo garantir a sustentabilidade e a qualidade dos cursos de graduação oferecidos nessa modalidade. Mas a pergunta que fica é: eliminar o EAD é a solução?
A resposta é não! O EAD tem sido uma ferramenta crucial para democratizar o acesso ao ensino no Brasil e no mundo. Em um país de dimensões continentais como o nosso, onde muitas regiões ainda carecem de infraestrutura educacional adequada, a educação à distância surge como uma solução prática e eficiente. Dados do Censo da Educação Superior divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) mostram que o número de cursos na modalidade EAD ofertados no país aumentou 700% nos últimos dez anos, saindo de 1.148 em 2012 para 9.186 em 2022.
Além da flexibilidade que o EAD proporciona, permitindo com que os alunos gerenciem seu próprio tempo, equilibrando estudos com outras responsabilidades, como trabalho e família. Essa modalidade incentiva a autonomia dos estudantes, desenvolvendo habilidades essenciais como disciplina, gestão do tempo e autossuficiência. Esses são atributos valiosos no mercado de trabalho moderno, onde a capacidade de aprender de forma independente é altamente valorizada.
E não podemos esquecer que o avanço tecnológico tem sido um aliado poderoso para a educação, permitindo a criação de plataformas de aprendizado cada vez mais interativas e eficientes. Ferramentas como videoconferências, fóruns de discussão, e laboratórios virtuais estão constantemente melhorando a experiência do aluno. Ao invés de eliminar o EAD, deveríamos investir mais em tecnologia e inovação para tornar a educação a distância ainda mais eficaz e engajante.
Outro ponto importante é que o mercado de trabalho está em constante evolução, com um aumento na demanda por habilidades digitais e a capacidade de trabalhar remotamente. O EAD prepara os alunos para essa realidade, familiarizando-os com o uso de tecnologias e práticas de trabalho remoto que são cada vez mais comuns.
Eliminar a Educação a Distância não é a solução. Ao invés disso, precisamos reconhecer seus benefícios e trabalhar para superar seus desafios. Investir em tecnologia, garantir a qualidade dos cursos e promover a inclusão são passos essenciais para fortalecer esta modalidade de ensino. O EAD não é apenas uma alternativa em tempos de crise, mas uma necessidade permanente para um sistema educacional mais acessível, flexível e adaptado às exigências do século XXI. Eliminar ela seria um retrocesso em um mundo que se move rapidamente em direção à digitalização.